7 de dezembro de 2024

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Maduro assume legado de Chávez: ’14 de abril será o dia da ressurreição’

Em debate internacional, o candidato, fala sobre o luto por Chávez, critica a mídia e assume o compromisso de tornar irreversíveis as conquistas do povo venezuelano.
 
Felipe Bianchi, de Caracas, para o ComunicaSul
 
Teve início nesta segunda-feira (25), em Caracas, o X Encontro Internacional “Plano da Pátria: pensamento e ação de Hugo Chávez Frías”. O evento contou com a participação de Nicolás Maduro, presidente em exercício desde o falecimento de Chávez e candidato à eleição de 14 de abril, além de diversas personalidades políticas, intelectuais e artísticas.  Álvaro García Linera, vice-presidente da Bolívia, também marcou presença.

Foto: Vinicius Mansur/ComunicaSul
Maduro comandou o Diálogo Bolivariano – uma roda de debate sobre o legado de Chávez e os rumos da Venezuela. De acordo com ele, o Plano da Pátria (programa de governo bolivariano) é “o testamento político do Comandante Hugo Chávez e o projeto mais importante da história do país, pois aponta todos os caminhos, os anseios e as lutas que unem os partidos e coletivos que apoiam o processo revolucionário”.
 
Maduro abriu a discussão com uma reflexão sobre a herança política que Chávez deixou à Venezuela: “O primeiro grande símbolo do legado de Chávez é sua rebeldia contra os poderes dominantes. Ele foi um comandante de rebelião permanente contra a dominação capitalista e imperialista”.
 
O Comandante, afirma Maduro, logrou resgatar o pensamento original, puro e transparente de Simon Bolívar. “Chávez o tirou do Panteón (onde descansam seus restos mortais) e o converteu em um homem e uma mulher das ruas. Ele também recuperou o conceito de união da nossa América, que vai além da integração, pois recria e refunda o continente. Desde o Chávez cristão, reivindicador de raíz indígena, admirador dos libertadores do continente, começou a se desenhar um projeto para o socialismo do século XXI. Este é seu legado”.
 
Foto: Felipe Bianchi/ComunicaSul
Na avaliação de Maduro, Chávez agregou, ao longo de sua trajetória, “o melhor e o mais avançado” da esquerda mundial. “Foi um patriota, um nacionalista, um humanista e militante do pensamento revolucionário de nosso século. Mais que isso, Chávez é um profundo democratizador da vida política venezuelana: trouxe o debate à sociedade de forma a criar poder popular, sob um modelo de democracia participativa na qual o povo é protagonista”.
 
O candidato faz questão de ressaltar o caráter anti-imperialista da Revolução Bolivariana. “Este é um processo democrático, popular e pacífico, mas essencialmente anti-imperialista. A Venezuela vai se separando cada vez mais dos mecanismos de dominação e é inevitável que levantemos a bandeira do anti-imperialismo em nosso continente e em defesa da soberania dos povos”.
 
Quanto aos rumos da Revolução Bolivariana, Maduro argumenta que é necessário seguir em frente e, de acordo com os próprios pontos estabelecidos no programa de governo, tornar os avanços irreversíveis. “Penso que chegou o momento de levantarmos, ainda mais alto, a bandeira do socialismo, que é a única forma de triunfarmos. Temos que aprofundar a superação do capitalismo e garantir que as conquistas de nosso povo sejam consolidadas, para que as transformações sejam irreversíveis”.
 
Mídia e o luto por Chávez
 
Maduro definiu a perda de Chávez como um “golpe demolidor à vida da Venezuela e na alma de toda a gente”. Ele destacou as manifestações solidárias de todos os governos e grupos políticos que enfrentaram, ao lado do povo venezuelano, os difíceis dias de luto, mas mandou um recado à oposição, em especial aos grandes meios de comunicação do país: “A agressiva oposição midiática, que acusa a Revolução Bolivariana de estar dividida e desesperada, prova sua decadência moral ao desrespeitar a batalha de Chávez pela vida”.
 
Na opinião de Maduro, os grandes grupos midiáticos promovem uma “guerra ideológica” contra Hugo Chávez e o processo revolucionário do país. “Estão furiosos porque não conseguiram detê-lo. Não derrotaram sua bandeira de independência, do socialismo do século XXI. O que interessa, no entanto, é que nós, defensores da humanidade e da paz, continuamos leais uns aos outros e aos ideais do Comandante”.
 
Maduro ainda faz um alerta aos que conspiram contra o processo venezuelano. “Muitos creem que a revolução chegou ao seu fim e está em uma fase de desespero. Nós dizemos, aos inimigos de nossa pátria, especialmente à elite estadunidense: nosso povo não vai abandonar jamais essa revolução. Nem que nos custe radicalizar nossos métodos, frente às ofensivas do império, na busca incessante pelo respeito à soberania de nossos povos”.
 
 
O vice-presidente boliviano Álvaro García Linera lembrou que, durante a Revolução Bolivariana, seu país acompanhou a Venezuela nos bons e maus momentos. “Chávez inaugurou uma nova era no continente. Os pobres de todo o mundo, e não apenas da Venezuela, choraram sua morte. Chávez é quem irradia os primeiros raios de sol que anunciam o fim da longa noite neoliberal a qual nosso continente foi submetido”.
 
Linera ainda reforçou o apoio boliviano à continuidade do processo inaugurado por Chávez. “Não há revolução que se sustente se não avança. As forças conservadoras e dominantes sempre se adaptam à nova realidade para retomar sua posição, então não podemos nos deter. O que Chávez nos ensinou é que, em tempos de guerra e, principalmente, de gestão, temos que ter audácia e seguir sempre em frente”.
 
Chamado ao 14 de abril
 
Foto: Felipe Bianchi/ComunicaSul
Em relação às eleições de 14 de abril, que definirá os rumos da Revolução Bolivariana, Maduro reafirmou a importância de um processo acima de tudo democrático. “Em nosso país todos têm espaço na política, seja nas prefeituras, nos ministérios, no governo. Mas não queiram tomar o poder de outra forma, porque iremos defender nossas conquistas com a Constituição democrática e pacífica debaixo dos braços. Não tomem um caminho sem volta”, avisa.
 
Por fim, o candidato convida todos os amigos da Venezuela para o “dia de batalha e vitória” no qual se elegerá o primeiro presidente do país após o falecimento de Chávez. “Este 14 de abril para nós, é o dia da ressurreição. 11 anos atrás, em 14 de abril de 2002, Chávez retornou de helicóptero ao Palácio Presidencial de Miraflores, após derrotar os golpistas. 11 anos depois, nosso povo escreverá mais uma página bonita desta história. Não falharemos com nosso Comandante”, disse.
 
Os cinco objetivos do Plan de la Patria
 
O X Encontro Internacional, que vai até a terça-feira (26), é promovido pela Rede de Intelectuais, Artistas e Lutadores Em Defesa da Humanidade, com a proposta de debater os horizontes da Venezuela segundo o programa de governo bolivariano.
 
O evento conta com cinco grupos de trabalho, formados por diversos pensadores internacionais a partir dos cinco objetivos do Plano da Pátria para a gestão Bolivariana 2013-2019. São eles: Defender e consolidar a independência; Continuar a construção do socialismo do século 21; Converter a Venezuela em potência latinoamericana e caribenha; Nova Geopolítica internacional que conduza a um mundo multicêntrico e pluripolar; e Contribuir com a preservação da vida no planeta e à salvação da espécie humana. No segundo dia de encontro acontece a plenária final e a cerimonia de encerramento do debate.