Não é novidade que o comportamento fanático e agressivo do oligopólio midiático brasileiro quando se trata da cobertura econômica faz os torcedores “ultras” russos e os “hooligans” ingleses parecerem criancinhas indefesas.
Mais um prego no caixão de um país outrora em construção chamado Brasil, a partida da montadora Ford escancara, de novo, o desastre da agenda econômica defendida em uníssono pelos “colonistas” (ou “calunistas”, como preferirem) econômicos de canais tão sofisticados e moderninhos como a GloboNews, se comparados à face grotesca da serpente neopentec-policial-bolsonarista que “cancela CPFs” ao vivo. Sabemos, porém, que as aparências enganam.
Por Felipe Bianchi
Os comentários de figuras como Fernando Gabeira e um dos tanto porta-vozes da emissora que falam em nome do famigerado O Mercado, Valdo Cruz, geram náusea. Ultrapassada a marca de 200 mil mortos pelo comportamento genocida daquele que ocupa a cadeira presidencial, a dupla de “calunistas” (ou “colonistas”… quiçá ambos?) apressaram-se em mostrar as garras em defesa dos interesses que movem o “jornalismo” econômico promovido pela famiglia Marinho: “reforma tributária já!”.
Isso mesmo. Os altos executivos da multinacional, que devem ter passado a pandemia fazendo reuniões virtuais seguros em suas luxuosas moradias, vão embora de um país em frangalhos e deixam cerca de 10 mil desempregados, cuja maioria provavelmente teve de enfrentar transporte coletivo caro e lotado, além de jornadas de trabalho presenciais durante a carnificina pandêmica permitida pelo desgoverno.
E esses 10 mil brasileiros sem emprego, claro, têm a obrigação de pagar os mesmos impostos que os ricaços e mega-empresários por trás dos CNPJs que resistiram “bravamente” à Covid enquanto seu exército de reserva, precarizado, foi à labuta na marra, enfrentando o vírus na unha. Taxar os super-ricos é um pecado que a religião do Deus-Mercado não permite. Uma pauta diabólica para os santinhos da GloboNews!
Claro, a reforma tributária não pode ser um tema tabu. Precisa ser debatida e inclusive, existem ótimos conteúdos produzidos no sentido de promover uma reforma que seja justa, equilibrando os interesses antagônicos entre sociedade e ele, “O Mercado”. Uma boa referência para esta discussão é a Reforma Tributária Solidária, iniciativa da Plataforma Política Social. Ali vemos caminhos para cortar os espinhos do sistema tributário brasileiro, e não tacar fogo na mata que leva esses espinhos encravados na carne.
Mas é pedir demais para os colonistas-calunistas econômicos que agem como terroristas infames, promovendo chantagens impunemente nas ondas de rádio e TV país adentro.
Não basta uma reforminha qualquer, disse Valdo Cruz. Tem de ser a mais agressiva possível, para dar papinha na boquinha de empresas como a Ford ou a Ambev – e não o seu micro ou pequeno negócio, não, caro neoliberal que por ventura ler este texto. Você que lute…
Escrever algumas linhas sobre este assunto é um ato de desespero, pois por mais que o telespectador aperte pra cima e pra baixo no controle remoto, alternando os canais, ele vai encontrar a mesma opinião em todos eles. Nenhuma fonte contrária à reforma tributária que, como a agenda de reformas neoliberais já nos mostrou no passado recente do país, alivia pros donos da grana e os mega-empresários, sentando a chibata no lombo dos trabalhadores.