21 de novembro de 2024

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Democratizar a mídia é fundamental para dar visibilidade à luta das mulheres, avaliam lideranças sindicais

A representação feminina na mídia reflete as contrações da sociedade e reproduz o machismo enfrentado por elas diariamente. Este foi um dos temas abordados durante conversa promovida pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé com líderes sindicais que contaram suas experiências e percepções ao estarem em um espaço ainda dominado pelos homens.

Por Érika Ceconi/Barão de Itararé 

A coordenadora do Barão Rita Casaro apresentou live, na quinta-feira (21), com a participação de Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Neiva Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Vânia Marques Pinto, secretária de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG).

Na oportunidade, que marca o mês internacional de luta das mulheres, as sindicalistas contaram sobre suas trajetórias e os desafios enfrentados por elas, além de refletirem sobre a importância da diversidade e pluralidade na mídia como maneira de desconstruir estereótipos que colocam a mulher em posição de subalternidade.

“Essa mídia que aí está reproduz aquilo que a gente vive na sociedade, a reprodução do machismo através das novelas, jornais […] se for fazer um recorte para além da questão de gênero é muito pior para nós mulheres negras”, destacou Vânia. Ela também alertou, em sua fala, sobre a invisibilização da mídia hegemônica sobre a agricultura familiar.

“A gente não tem uma única agricultura, não temos somente o agronegócio, como a mídia tenta dizer. Temos a agricultura familiar, que é um lugar de vida. A mídia constrói uma narrativa que é inexistente. Como vamos construir saúde envenenando os alimentos?”, questionou.

Confira a íntegra do debate sobre a luta das mulheres e a mídia 

Por sua vez, Neiva lembrou da falta de mulheres no setor financeiro.”Temos hoje no Brasil apenas uma mulher presidente de banco. A ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, foi muito atacada pela mídia e sofreu misoginia por parte de seus adversários políticos”, alertou.

Segundo ela, os meios de comunicação em massa reforçam a visão do patriarcado que coloca a mulher numa posição de subserviência em relação aos homens. “É um desafio muito grande para nós mulheres estarmos nesses espaços de liderança que são dominados pelos homens. É uma luta dura que a gente faz com o sistema financeiro para colocar mais mulheres nestes locais”, disse.

A primeira mulher presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, contou sobre a misoginia que enfrenta, inclusive com ameaças à sua vida. “Tem testes a que somos submetidas por sermos mulheres que os homens não são. Por ser a presidenta do sindicato e estar à frente das greves e mobilizações já recebi ameaças de morte e nenhum presidente homem no sindicato tinha passado por essa situação”, declarou.

Camila também falou sobre o machismo dentro do movimento sindical. “Existem categorias que são majoritariamente femininas, mas os dirigentes sindicais são homens. Nossa tarefa acaba sendo um desafio maior”, destacou.

A live foi transmitida pelo Canal do Barão no YouTube e no perfil da entidade na rede X (antigo Twitter), além de canais parceiros. Gosta do trabalho do Barão? Siga a organização nas plataformas e compartilhe nossos conteúdos!