14 de janeiro de 2025

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Nota de solidariedade: Crime em Tremembé escancara virulência da especulação imobiliária e ódio contra o MST

Dois mortos e cinco feridos. Este é o saldo trágico do ataque sofrido pelo Acampamento Olga Benário do MST em Tremembé, interior de São Paulo, nesta sexta-feira (10). Além de escancarar a virulência da disputa fundiária no Brasil, já que o crime é relacionado à especulação imobiliária na região, também explicita a falta de políticas públicas de segurança para os assentamentos da reforma agrária e o envenenamento da opinião pública contra os trabalhadores rurais sem terra.

Carros e motos invadiram o local por volta das 23h e abriram fogo, disparando de forma indiscriminada contra as pessoas que ali estavam. Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, e Valdir do Nascimento, 52 anos, foram atingidos e morreram na hora. Denis Carvalho, de 29 anos, foi levado para o hospital com um tiro na cabeça e colocado em coma induzido. As demais vítimas foram levadas para o hospital para retirada dos projéteis e, segundo o MST, estão fora de perigo.

“Essa é uma região de alguns assentamentos muito próximo às áreas urbanas e onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais, também com milícia, para adentrar nos nossos territórios e tomar alguns lotes. Esse grupo foi lá para é aniquilar com ele e o nosso povo estava fazendo resistência porque eles estavam querendo entrar num lote”, explicou Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, à reportagem do Brasil de Fato.

O MST local divulgou nota condenando a violência e a “falta de políticas públicas” para os assentamentos de reforma agrária. “Neste momento de profunda dor, o MST se indigna perante a violência e a falta de políticas públicas de segurança nos territórios, que põem a vida de tantos em constante risco. Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas uma vida inteira de luta!”, diz o texto.

O Brasil de Fato também repercutiu a fala do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, sobre o episódio – segundo ele, a área é de interesse do crime organizado, o que representa risco para as famílias assentadas. Leia aqui na íntegra.

O Centro de Estudos da Mídia Alternativa se solidariza com o MST, com as vítimas e todos os trabalhadores rurais sem terra. A repercussão do caso também mostra os resultados da difamação e de desinformação de longo prazo praticados pela mídia dominante contra as lutas do MST no Brasil. Por isso, nós, que nos dedicamos à luta pela democratização da comunicação e da informação no país, com diversidade e pluralidade de opiniões e ideias, instamos ao conjunto das mídias independentes que amplifiquem a denúncia dos interesses por trás do crime bárbaro em Tremembé.