22 de novembro de 2024

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Ford escancara: agenda econômica apoiada pela mídia apaga fogo com gasolina

Não é novidade que o comportamento fanático e agressivo do oligopólio midiático brasileiro quando se trata da cobertura econômica faz os torcedores “ultras” russos e os “hooligans” ingleses parecerem criancinhas indefesas.

Mais um prego no caixão de um país outrora em construção chamado Brasil, a partida da montadora Ford escancara, de novo, o desastre da agenda econômica defendida em uníssono pelos “colonistas” (ou “calunistas”, como preferirem) econômicos de canais tão sofisticados e moderninhos como a GloboNews, se comparados à face grotesca da serpente neopentec-policial-bolsonarista que “cancela CPFs” ao vivo. Sabemos, porém, que as aparências enganam.

Por Felipe Bianchi

Os comentários de figuras como Fernando Gabeira e um dos tanto porta-vozes da emissora que falam em nome do famigerado O Mercado, Valdo Cruz, geram náusea. Ultrapassada a marca de 200 mil mortos pelo comportamento genocida daquele que ocupa a cadeira presidencial, a dupla de “calunistas” (ou “colonistas”… quiçá ambos?) apressaram-se em mostrar as garras em defesa dos interesses que movem o “jornalismo” econômico promovido pela famiglia Marinho: “reforma tributária já!”.

Isso mesmo. Os altos executivos da multinacional, que devem ter passado a pandemia fazendo reuniões virtuais seguros em suas luxuosas moradias, vão embora de um país em frangalhos e deixam cerca de 10 mil desempregados, cuja maioria provavelmente teve de enfrentar transporte coletivo caro e lotado, além de jornadas de trabalho presenciais durante a carnificina pandêmica permitida pelo desgoverno.

E esses 10 mil brasileiros sem emprego, claro, têm a obrigação de pagar os mesmos impostos que os ricaços e mega-empresários por trás dos CNPJs que resistiram “bravamente” à Covid enquanto seu exército de reserva, precarizado, foi à labuta na marra, enfrentando o vírus na unha. Taxar os super-ricos é um pecado que a religião do Deus-Mercado não permite. Uma pauta diabólica para os santinhos da GloboNews!

Claro, a reforma tributária não pode ser um tema tabu. Precisa ser debatida e inclusive, existem ótimos conteúdos produzidos no sentido de promover uma reforma que seja justa, equilibrando os interesses antagônicos entre sociedade e ele, “O Mercado”. Uma boa referência para esta discussão é a Reforma Tributária Solidária, iniciativa da Plataforma Política Social. Ali vemos caminhos para cortar os espinhos do sistema tributário brasileiro, e não tacar fogo na mata que leva esses espinhos encravados na carne.

Mas é pedir demais para os colonistas-calunistas econômicos que agem como terroristas infames, promovendo chantagens impunemente nas ondas de rádio e TV país adentro.

Não basta uma reforminha qualquer, disse Valdo Cruz. Tem de ser a mais agressiva possível, para dar papinha na boquinha de empresas como a Ford ou a Ambev – e não o seu micro ou pequeno negócio, não, caro neoliberal que por ventura ler este texto. Você que lute…

Escrever algumas linhas sobre este assunto é um ato de desespero, pois por mais que o telespectador aperte pra cima e pra baixo no controle remoto, alternando os canais, ele vai encontrar a mesma opinião em todos eles. Nenhuma fonte contrária à reforma tributária que, como a agenda de reformas neoliberais já nos mostrou no passado recente do país, alivia pros donos da grana e os mega-empresários, sentando a chibata no lombo dos trabalhadores.

Claro, caberia cobrar do seu Valdo Cruz, do Gabeira, da Miriam Leitão, do Sardenberg, do Merval e de tantos outros colonistas-calunistas, a passada de pano imperdoável que deram a uma figura abjeta com o pandemônio repulsivo negacionista que nem preciso citar o nome pois todos já sabem de quem se trata, em nome de tocar a qualquer custo a agenda neoliberal do patrão (ele mesmo, O Mercado).
 
Prometeram acabar com o desemprego e retomar a economia, bastava “tirar a Dilma”. Tiraram, mas a promessa não cumpriu. Tudo bem, era só aprovar a reforma trabalhista, com editoriais diários em TODOS os jornalões e canais da TV aberta fazendo terrorismo sobre o tema. Continuamos diminuindo… Veio a reforma da Previdência, a grande sacada que teve amplo apoio de parlamentares vendidos, com propagandas obscenas feitas por figuras como o Ratinho em rede nacional (a troco de uma boa graninha pública). Óbvio que não mexeu nos privilégios de milicos e outros habituês na Casa Grande desde 1500 e pouco, mas “menos direitos” resultaria em “mais empregos” imediatamente, rezava o “Posto Ipiranga”. Reverberado em alto e bom som pela mídia privada.
 
Nanicos, reduzidos ao vexame de voltar a ser uma república bananeira vendedora de commodities, uma colônia agropecuária com a indústria destroçada e o desemprego batendo no teto, devolvendo milhares de familias à miséria, a mídia comercial clama por mais reformas neoliberais.
 
Para atingir este objetivo vital, a verdadeira razão de existir dessas grandes corporações, vale tudo! Até dar uma força, em segundo turno de eleição presidencial, a um deputado que passou 27 anos “mamando nas tetas” do Estado, fazendo apologia à tortura e reelegendo-se sem aprovar nenhum projeto de lei – “como será que o miliciano foi tão longe?”, indaga aquele que tem a resposta na pergunta.
 
Será que para eles valeu a pena trocar a dilapidação do Estado, a destruição da economia, a desmoralização total da nação e mais de 200 mil vidas em nome da agenda econômica do Guedes, dos Marinho, dos pastores super-estrelas e dos banqueiros? Deve estar valendo, afinal, eles querem mais. Com ou sem vacina – de preferência disponível pra agora nos consultórios privados, para quem puder pagar furar a fila, como preconizou editorial da Folha, dia desses. Mas pedir autocrítica a esses jornalistas talvez seja um pouco demais. Logo eles…