O homem-bomba do serviço secreto norte-americano, o homem que revelou ao mundo que os EUA espionagem até celulares pessoais de presidentes de nações amigas, que devassava os computadores da nossa Petrobrás à procura de informações vitais à economia brasileira, aceitou dar uma entrevista a blogueiros, tuiteiros e ativistas digitais do Brasil.
Por Miguel do Rosário, n’O Cafezinho
E não é para qualquer blogueiro (o que incluiria Noblat e Reinaldo Azevedo), mas para o campo de esquerda, progressista, que foi quem construiu a entrevista.
A abordagem foi feita através do jornalista Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro, que encaminhará as nossas perguntas.
Você também pode participar, comentando no seguinte espaço, criado por um amigo, Adriano Ribeiro, um baiano residente em Porto Alegre: http://www.noticiasdablogosfera.com.br/
A decisão de Snowden e Glenn Greenwald nasceu da constatação de que um indivíduo como Snowden não pode se comunicar com a sociedade brasileira apenas via Rede Globo, uma empresa que é praticamente um braço dos interesses norte-americanos no país, que se consolidou aqui com dinheiro norte-americano e que recebeu milhões de dólares para dar o golpe de Estado pró-americano de 1964.
Snowden está hoje asilado na Rússia. Recentemente ele deu declarações de que gostaria de receber asilo permanente na Alemanha ou no Brasil.
Por se tratar de uma operação diplomática de alto risco político, é importante que o assunto seja discutido de forma ampla e transparente pela sociedade brasileira.
Há o risco ainda, natural, de que uma ação desse tipo, por causa de suas fortes implicações políticas, possa ser usada eleitoralmente pela oposição, com vistas a desgastar a presidente. O que seria irônico e cínico ao mesmo tempo, visto que seus adversários estão posicionados à direita do espectro ideológico e, portanto, mais próximos dos Estados Unidos. Em caso de vitória da oposição, Snowden, se estivesse no Brasil, sofreria risco de ser deportado para os EUA, com a colaboração – covarde, como sempre – do Supremo Tribunal Federal. Nosso STF, se pensarmos bem, é historicamente covarde. Aceitou a deportação de Olga Prestes, aceitou o golpe de Estado, e agora aceitou o golpe midiático do mensalão.
De qualquer forma, é sempre um prazer falar com alguém tão corajoso e idealista como Edward Snowden, um homem à frente de seu tempo porque pensou antes na humanidade do que em sua segurança pessoal. Vamos ouvir o que ele tem a dizer!
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Esta semana, eu me encontrei com David Miranda, parceiro de Greenwald, num café do Leblon, e trocamos ideias sobre a sua campanha para dar asilo a Snowden no país. Procurei lhe dar um panorama político da situação e alguns conselhos. Miranda vem construindo uma rede de articulações, inclusive internacionais, para ajudar Snowden não apenas a se manter em segurança, mas para ganhar mais liberdade para participar dos debates sobre privacidade, vigilância e a suposta guerra contra o terrorismo.