10 de outubro de 2024

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Macri demite jornalista e declara guerra à liberdade de expressão

Por Felipe Bianchi, com informações da Radio del Sur e TeleSur

Após assinar decreto declarando o desmonte da Lei de Meios e iniciar uma onda de demissões no setor público na Argentina, o presidente Mauricio Macri desfere mais um duro golpe à democracia e à liberdade de expressão. Na manhã desta segunda-feira (11), o consagrado jornalista Victor Hugo Morales foi demitido da rádio Continental, onde trabalhava há 30 anos. O fato gerou revolta nas redes sociais e o próprio jornalista publicou declarações fortes contra o novo mandatário e sua ligação com o monopólio midiático.

“Macri nada mais é que a máscara do verdadeiro poder na Argentina, que é o grupo Clarín“, disparou Morales em sua conta no Twitter. Segundo ele, a democracia está em xeque à medida em que o poder das corporações avança contra a liberdade de expressão. “É isto o que necessita a direita: silenciar vozes”.

Famoso por suas posições progressistas e seu trabalho no jornalismo esportivo, Morales denuncia a perseguição desatada pela gestão Macri aos comunicadores populares e comunitários no país. “A liberdade de expressão é exclusiva das grandes empresas, nunca dos jornalistas (…). Eu pude me safar dessa armadilha moral de estar alinhado às empresas. Não sei como consegui, mas hoje estou pagando o preço”. Conforme escreveu em suas redes sociais, “querem disciplinar o jornalismo perseguindo a quem os incomoda”.

Uruguaio, Morales prevê tempos sombrios para o jornalismo argentino. O tema do financiamento, segundo ele, será crucial, já que a tendência é a retomada da concentração de investimentos e, portanto, do monopólio. “Quem define a distribuição de verbas oficiais, agora, é a ‘troika’ formada por Clarín, Cambiemos (coalizão política que elegeu Macri) e Poder Judiciário, e não há meio que sobreviva sem dinheiro. O que está por vir é um jornalismo alinhado aos interesses do governo”.

A posição dos grandes conglomerados midiáticos em toda a América Latina, inclusive no Brasil, tem sido unânime. Macri é pintado como uma espécie de redentor, de exemplo do que os grandes empresários da comunicação e os setores conservadores sonham para manter seus privilégios no continente. “É mentira que a direita seja democrática. Ela só é quando ganha. Quando não ganha, há ditadura e há fraude. São uns mentirosos”, criticou Morales.

“Pedimos à América, e sobretudo à América do Norte, que tanto se mete em nossas vidas, que prestem atenção no que se passa na Argentina. Estou disposto a ir aonde seja para advogar contra o momento desgraçado que se impõe sobre o jornalismo no país”, disparou. “O balanço que se faz do início da gestão Macri é nefasto para a democracia e para a liberdade de expressão”, sacramentou Morales.

A demissão do proeminente jornalista é apenas mais um capítulo do desastroso mês vivido pelo povo irmão. Macri iniciou sua gestão apontando armas para a Lei de Meios, aprovada em 2009 e que proíbe o monopólio midiático no país. O presidente também anunciou o fim do programa 678, referência no campo da crítica da mídia. Por fim, as demissões massivas no campo público escancaram o ranço de Macri em relação ao protagonismo do Estado na vida pública. E foram só 30 dias…