8 de outubro de 2024

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No TRF4, jornalista celebra cobertura que “acabará levando Lula para trás das grades”

Por CartaCapital

condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, na quarta-feira 24, em Porto Alegre, rendeu uma celebração na sala de imprensa da corte. Horas após a confirmação da pena de 12 anos e 1 mês ao petista, o jornalista Germano Oliveira, editor de política da revista IstoÉ, celebrou a cobertura “que acabará levando Lula para trás das grades”.

Às 20h01, Oliveira divulgou uma foto com Vladimir Neto, da TV Globo; Ricardo Brandt, do jornal O Estado de S.Paulo; André Guilherme, do Valor; e Flávio Ferreira, da Folha de S.Paulo, além dele próprio. Segundo Oliveira, esse grupo inclui “os cinco jornalistas que fizeram a diferença na cobertura da Lava Jato, que acabará levando Lula para trás das grades”.

Ainda de acordo com Oliveira, que está na IstoÉ desde 2016 segundo seu perfil no LinkedIn, estariam faltando na imagem Fausto Macedo, também do Estadão, e Cleide Carvalho, do jornal O Globo. “Ainda dá para confiar na Justiça”, escreveu Oliveira ao lembrar a condenação.

Horas depois da publicação original, às 22h19, Oliveira editou seu post e removeu o trecho fazendo referência à cobertura “que acabará levando Lula para trás das grades”.

Com a condenação por 3 a 0 e com a mesma pena atribuída por todos os desembargadores, o TRF4 impediu que Lula tivesse direito aos chamados embargos infringentes, recurso que arrastaria o andamento do processo por mais alguns meses.

Na semana que vem, o tribunal divulgará o acórdão da decisão e, com base nele, a defesa de Lula deve apresentar embargos de declaração, que servem apenas para esclarecer eventuais pontos obscuros da sentença. Quando esses embargos forem julgados pela mesma 8ª Turma do TRF4, a ação voltará ao juiz Sergio Moro, que poderá decretar a prisão de Lula.

A edição feita por Germano Oliveira (Foto: Reprodução)

Histórico

A revista IstoÉ teve relações amistosas com o PT no fim do segundo governo Lula e início do governo Dilma Rousseff. Durante as eleições de 2010, a publicação foi a primeira a relatar as negociatas de Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”. Ex-diretor do Dersa, empresa controlada pelo governo de São Paulo, Souza era apontado como arrecadador do PSDB. O noticiário sobre ele atrapalhou a campanha do então presidenciável tucano, o hoje senador José Serra (SP).

Nas eleições de 2014, a revista esteve com Aécio Neves (PSDB-MG). Em 11 de outubro daquele ano, durante o segundo turno, a IstoÉ publicou com alarde uma pesquisa do instituto CNT/Sensus que apontava Aécio com 17 pontos de vantagem sobre Dilma Rousseff (PT). Na mesma semana, o Ibope e o Datafolha indicavam empate técnico entre a petista e o tucano.

Em 13 de outubro de 2014, o jornal mineiro O Tempo revelou que a pesquisa tinha uma base de dados que favorecia Aécio. A revista continuou publicando a pesquisa até o segundo turno, sempre com Aécio à frente. Dilma ganhou as eleições.

No segundo governo Dilma, a IstoÉ aderiu ao PMDB. Em 2015, antes da confirmação do impeachment da petista, a revista publicou reportagem de capa afirmando que “sob o comando de Michel Temer e com um programa de governo estruturado, o PMDB pode retomar o protagonismo exercido nos tempos de Ulysses Guimarães”. Segundo a revista, o PMDB era a “nau mais segura” para “recolocar o País nos trilhos”. O programa de governo era a “Ponte para o Futuro“.