É impressionante a postura acrítica, quase complacente, da mídia nativa diante do risco Bolsonaro. Para se opor às esquerdas, ao PT e às suas bandeiras – como justiça social, soberania nacional e desenvolvimento –, a chamada grande imprensa tenta naturalizar um fascistoide que lançará o país no caos econômico e na treva política. No mundo inteiro, os veículos de comunicação têm destacado o grave perigo, confirmando que o Brasil pode virar um pária internacional, com maiores dificuldades nas suas relações diplomáticas e comerciais. Nas últimas semanas, o temor foi motivo de várias reportagens e capas de jornais e revistas.
Por Altamiro Borges, presidente do Barão de Itararé
Vale conferir algumas delas:
Estados Unidos
– The New York Times: “Brasil flerta com um retorno aos dias sombrios”;
– Financial Times: “O ‘trágico destino’ brasileiro de uma rebelião antidemocrática surge novamente”;
– Huffington Post: “Jair Bolsonaro e o violento caos das eleições presidenciais no Brasil”;
– Revista Time: “Jair Bolsonaro ama Trump, odeia gays e admira autocratas. Ele pode ser o próximo presidente do Brasil”;
Alemanha
– Deutsche Welle: “Analistas alemães veem democracia no Brasil em risco”;
– Zeit: “Um fascista se apresentando como homem honesto”;
Reino Unido
– The Economist (capa): “A mais nova ameaça na América Latina”;
– The Economist: “O perigo representado por Jair Bolsonaro”;
– The Times: “Jair Bolsonaro, populista ‘perigoso’ promete tornar o Brasil seguro”;
– The Guardian: “Trump dos trópicos: o perigoso candidato que lidera a corrida presidencial do Brasil”;
Austrália
– The Australian: “Conheça o candidato que é um risco à democracia”;
– The Sydney Sunday Herald: “Por que alguns no Brasil estão se virando para um explosivo candidato de extrema-direita para presidente?”;
Portugal
– O Público: “Bolsonaro, o jagunço à porta do Planalto”;
– Diário de Notícias: “Jair Bolsonaro é perigo real no Brasil e segue passos de Adolf Hitler”;
França
– Le Figaro: “Brasil nas garras da tentação autoritária”;
– Liberation: “No Brasil, um ex-soldado para liquidar a democracia”;
– Le Monde: “Trump tropical, homofóbico e machista”;
Espanha
– El País: “Bolsonaro é um Pinochet institucional para o Brasil”;
– El Mundo: Líder polêmico. Bolsonaro: o candidato racista, homofóbico e machista do Brasil”;
Itália
– Corriende della Sierra: “Um pesadelo chamado Bolsonaro”;
– La Republica: “Bolsonaro, líder xenófobo e antigay que dá o assalto à Presidência do Brasil”;
Suíça
– Neuen Zürcher Zeitung: “O faxineiro racista do Brasil”;
Chile
– El Mercurio: “Bolsonaro assusta com soluções simplistas e autoritárias”;
Argentina
– La Nacion: “Linha dura e messianismo: Bolsonaro, o candidato mais temido, se lança para a presidência”;
– El Clarín: “Jair Bolsonaro: militarista, xenófobo e favorito para a eleição brasileira”.
Já no Brasil…
Já no Brasil, a mídia ainda discute se Jair Bolsonaro é de extrema-direita. É patético e poderá cobrar um alto preço no futuro próximo. Até a ombudsman da Folha criticou a cumplicidade do jornal em que trabalha. Paula Cesarino Costa questionou com razão:
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Os principais jornais do mundo, de inegável qualidade, usam variações do conceito de extrema direita (far right, ultraderecha, extrême droite) para definir a candidatura de Bolsonaro. São eles: The Economist, Financial Times, The Guardian, El País, The New York Times, The Washington Post, Le Monde, Clarín e La Nacion, entre outros… A candidatura do PSL representa corrente política militarista com demonstrações explícitas de defesa da violação dos direitos humanos, de questionamento dos direitos das minorias, que nega a ditadura militar e a ocorrência comprovada de torturas e que mantém reiterados flertes à quebra da normalidade democrática.
Esses pontos factuais somados parecem mais do que suficientes para definir uma candidatura como sendo de extrema direita, aquela que opta por estratégia extrema, além do eixo construído no consenso democrático por direita e esquerda. Órgãos de imprensa do mundo todo – dos economicamente liberais de direita aos abertamente progressistas de esquerda – concordaram com essa apreciação. A meu ver, a Folha e os principais órgãos da imprensa brasileira se equivocam em não fazê-lo e não parecem preocupados com a dimensão histórica desse entendimento”.
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