Entre 4 e 7 de novembro, a Universidade Federal de Goiás sedia, em Goiânia, o VIII Fórum da Internet no Brasil. Principal espaço de debates sobre temas relacionados à governança da Internet e promovido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o Fórum chega pela primeira vez à região Centro-Oeste. A atividade faz parte da preparação para o Fórum de Governança da Internet (IGF), que ocorre em Paris, entre 12 e 14 de novembro deste ano. A parir do Fórum da Internet no Brasil, o CGI.br busca incentivar representantes dos setores que o compõem a acompanharem e opinarem sobre as questões mais relevantes para a consolidação e expansão de uma Internet cada vez mais diversa, universal e inovadora no Brasil.
A programação conta com diversos workshops promovidos pela comunidade brasileira que atua no setor. A contribuição do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé em parceria com a União Brasileira de Mulheres acontece no dia 7 de novembro, a partir das 9h, com workshop intitulado O uso abusivo de dados pessoais e a falta de transparência de algoritmos na distribuição de “fake news”.
A atividade contará com a participação dos seguintes palestrantes:
– Orlando Silva, deputado federal pelo PCdoB-SP e relator do Projeto de Lei Geral de Dados Pessoais
– Tanara Lauschner, do CGI.br e Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
– Jonice Oliveira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
– Renata Mielli, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
– Laíde Barros, da União Brasileiras de Mulheres (UBM)
– Cristina de Luca, jornalista
Segundo a Secretária-Geral do Barão, Renata Mielli, a proposta do workshop é aprofundar a discussão sobre o uso de dados pessoais e dos algoritmos para o perfilamento dos usuários e direcionamento de fake news. “É um assunto que tem polarizado o debate sobre a circulação de informações na internet. Boatos e desinformação não são uma novidade, mas a internet deu escala e velocidade nunca antes vistas para a disseminação destes conteúdos”, assinala. “O que há de novo é a distribuição de forma quase individualizada, com a construção de perfis políticos e psicológicos dos usuários a partir da coleta e uso massivo de dados pessoais e do uso de algoritmos que determinam o direcionamento destes conteúdos”.
Conforme descrito na apresentação do workshop, “o que se pretende discutir é como a coleta e o tratamento de dados — que são parametrizados por algoritmos que determinam o funcionamento das principais plataformas da internet, como Facebook, Instagram, Twitter, Google — são usados para disseminar as chamadas fake news no ambiente digital, interferindo no processo de decisão sobre políticas públicas, movimentos políticos e até resultados eleitorais. E, também, para determinar perfis de consumo, impulsionando mercados e empresas”.
“Se partirmos da compreensão que o fenômeno da disseminação de desinformação na internet é baseado na coleta e uso de dados pessoais e no funcionamento dos algoritmos utilizados pelas plataformas, a discussão tem uma forte dimensão de mecanismos de governança da internet”, acrescenta Mielli. “A discussão de boas práticas das plataformas, medidas de proteção de dados pessoais, e a discussão de governança de algoritmos tem sido um dos principais temas de debate no campo das organizações que atuam na governança da internet. Sem dizer que muitas das propostas que estão em debate no Congresso Nacional para lidar com o problema impactam em mudanças no Marco Civil da Internet, alterando o artigo 19 para permitir a retirada de conteúdos por Notice and Take Down”.
O tema, complementa a jornalista, tem relação com a defesa da privacidade e dos direitos humanos na rede e, também, com os princípios de governança democrática e colaborativa.
Para informações sobre programação, inscrições e tudo sobre o VIII Fórum da Internet, acesse aqui: https://forumdainternet.cgi.br/