23 de novembro de 2024

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Fernando Morais e Sérgio Mamberti: Não é pelo caule que vive a flor, e sim pelas raízes

Diante do atual governo instalado no Brasil, que traz Jair Bolsonaro como principal representante, o ator e presidente da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) Sérgio Mamberti, somado ao escritor, jornalista e ex- secretário de Cultura e Educação do Estado de São Paulo Fernando Morais, debateram os caminhos que a cultura percorre no país. 

Por Luiza Vilela, do Brasil de Fato, para o Barão de Itararé

Fotos: Felipe Bianchi

O debate encerrou o 4º Curso Nacional de Comunicação, promovido pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, na com o tema “Os desafios políticos e comunicacionais na era Bolsonaro”. 

A mesa, intitulada “Cultura sob o cerco fascista”, relembrou ações da ditadura militar no contexto jornalístico e cultural, bem como a importância da resistência diante do totalitarismo por meio da música, teatro e outras ações culturais. 

Por mais retrógrado que o governo Bolsonaro se mostre ao longo dos meses, com a possibilidade de acabar com a regulação pública no setor audiovisual brasileiro, extinguir o Ministério da Cultura e desmontar a Lei Rouanet, tanto Sérgio quanto Fernando mostraram exemplos de que a fase é importante para o crescimento das práticas culturais.

“Não é possível que um governo como esse permaneça. Na época da ditadura, nós tínhamos censura, pouquíssimos recursos, mas é preciso parar e pensar que quem derrubou os militares foi a cultura”, relata o ator Sérgio Mamberti. “A cultura foi resistência em 1964, e nos dias de hoje ela é ainda mais forte”, completa. 

Atualmente comandando o blog Nocaute, Fernando Morais relembrou que durante a ditadura militar, foi preso junto a colegas como Chico Buarque, após voltar de viagem à Cuba. Desde então, as mudanças aconteceram e rumaram ao fim do regime, o que ele chama de triunfo sob o totalitarismo. “Na época, nós tínhamos os ‘nanicos’, muitos jornais de esquerda alternativos. Quando a censura começou a cair e a imagem do censor nos jornais mudou, eles arrumaram outros meios de fiscalização pela Receita Federal ou Ministério do Trabalho. Eu documentei inúmeras bancas que foram bombardeadas por venderem jornais alternativos”, comenta. 

A mesa foi o marco para discutir a defesa a liberdade de imprensa e à cultura nacional como forma de resistência. O curso teve duração de três dias, de 29 a 31 de julho, com um total de sete mesas de debates na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.