Na tarde do dia 30 de julho aconteceu, durante o IV Curso Nacional de Comunicação do Barão de Itararé, debate sobre as formas de linguagem e organização para dialogar com a juventude. O segundo dia do Curso, realizado na sede do Barão de Itararé, em São Paulo, dedicou-se a pensar o sujeito jovem como impulsionador comunicacional principalmente nas mídias digitais e nas ruas.
Por Mariana Lemos, do Brasil de Fato, para o Barão de Itararé
Fotos por Felipe Bianchi
Participaram da mesa “Como conversar com a juventude?”, Jessy Dayane (Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude e ex-presidenta da UNE), Tiago Morbach (Diretor de Movimento Estudantil da UJS), Ronald Luiz dos Santos, o Sorriso (Secretário Nacional da Juventude do PT) e Germano Johansson (Coordenador da Plataforma TodosComCiro). Os palestrantes contribuíram para uma construção coletiva e uma síntese sobre as dificuldades e potencialidades que existem quando falamos no sujeito jovem, que está majoritariamente imerso em um contexto que cada vez mais apresenta saídas individuais, baseadas na ideia de meritocracia e na fragmentação do olhar o mundo.
Para Jessy Dayane, é necessário construir coletivamente ideias que disputem a hegemonia sobre os corações e as mentes da juventude que ainda não está se mobilizando na defesa do futuro. Porém, ela destaca que “a juventude possui um perfil heterogêneo e diverso no que diz respeito principalmente à linguagem e às referências, fazendo com que seja essencial partir desse nível de consciência para que a esquerda consiga reconquistar a confiança e construir vínculos com os filhos do povo brasileiro”.
Tiago Morbach trouxe a reflexão acerca do mundo do trabalho e das formas de organização, que, segundo ele, vêm se alterando desde 2013. “Precisamos construir uma pauta ampla, diversa e unificada que dialogue com o povo e atue nas contradições do governo Bolsonaro”. Sobre democracia e mídias digitais, o Diretor da União da Juventude Socialista diz que “nós construímos uma ideia de que a internet é democrática, sem intermediários, mas na verdade, cada vez mais temos mais intermediários capitalistas que possuem acesso a todos os nossos dados e que nós nem conhecemos e nem regulamos”.
O Secretário Nacional da Juventude do PT, Ronald Luiz dos Santos, também conhecido como Sorriso, relembrou os principais momentos da história recente em que o Partido dos Trabalhadores teve importantes experiências nas redes sociais, desde as eleições de 2010 com a plataforma “Galera da Dilma” como também em 2014 com o “#MudaMais”. Para Sorriso, “não há uma fórmula mágica para dialogar com a juventude, mas precisamos chamar a juventude para construir junto e muni-la de valores que façam contraponto aos valores individualistas”.
“Ao invés de sairmos de nossas bolhas, acredito que temos que ativá-las, pois hoje elas estão passivas”, foi assim que começou a fala de Germano Johanssonn, que coordenou plataforma de apoio à candidatura presidencial de Ciro Gomes, em 2018. Para ele não há dicotomia entre as ruas e as redes e cada uma tem a sua importância. Germano contribuiu também com diversos dados de uma pesquisa feita com jovens de 15 a 29 anos, que desenhou o perfil do sujeito que a mesa estava tratando, concluindo que vem diminuindo drasticamente a confiança do jovem nas instituições de poder ao passo em que o acesso à tecnologia cresce, resultando em um vácuo de representatividade.
Após as contribuições trazidas ao debate pelos participantes do IV Curso de Comunicação, a grande síntese da mesa foi um poema de Paulo Freire, o qual fala da diferença entre esperar e esperançar, trazido em uma das falas . “Vivemos tempos de desesperança, de desespero, mas é nossa tarefa devolver à juventude o brilho no olho e o direito de sonhar”, finalizou Jessy Dayane.