Lideranças políticas de diversos países rechaçaram nesta segunda-feira (13/01) as ameaças contra a emissora multiestatal latino-americana teleSur feitas pelo deputado opositor e autoproclamado presidente interino da Venezuela Juan Guaidó, que anunciou a intenção de impor um “processo de reorganização” dentro da rede.
No domingo (12/01), Guaidó disse pela sua conta no Twitter que havia tomado uma decisão de realizar uma “substituição” de “sinal” dentro da teleSur. Sem apresentar provas, o autoproclamado presidente interino afirmou que a emissora “promove uma desestabilização” na região e prometeu que a reestruturação serviria para “colocá-la à serviço da verdade e da pluralidade”.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, repudiou o ataque de Guaidó contra a emissora e disse que o povo cubano é contra as “ameaças aos que resistem ao imperialismo”. O mandatário ainda afirmou que a ilha rechaça todos os que tentam calar a “voz” dos que lutam. “Rechaçamos fortemente ameças contra a voz e a imagem dos povos que lutam e resistem à investida imperial, desde a nossa América e o mundo”. afirmou.
Rechazamos enérgicamente amenazas contra la voz y la imagen de los pueblos que luchan y resisten la embestida imperial. Desde Nuestra América y el mundo: #VivaTeleSUR. https://t.co/pleXj9fVXU
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) January 13, 2020
A presidente da teleSur, Patricia Villegas Marin, se pronunciou sobre as declarações do deputado e afirmou que o opositor “fala o que não sabe” e do que “não entende”. Segundo Marin, a emissora seguirá com seu trabalho, que é “merecedor de amplo reconhecimento mundial”.
Villegas Marin ainda comentou sobre a ligação de Guaidó com o grupo paramilitar narcotraficante da Colômbia Los Rastrojos e ironizou a tentativa do deputado de pular a grade do prédio da Assembleia Nacional no dia da votação que o derrotou na disputa para a presidência do órgão legislativo do país.
“O deputado fala do que não sabe e do que claramente não entende. [Você entende] de fotos na fronteira com Los Rastrojos e de como pular portões. Nós seguimos”, disse.
“Ameaças nas redes sociais para um meio de comunicação, curiosamente daqueles que se gabam de defender a liberdade de expressão. Jornalistas, corporações, instituições e Estados tomem nota. A teleSur continuará com seu trabalho merecedor de reconhecimento mundial”, disse Villegas Marin.
El diputado habla de lo que no sabe y claramente no entiende. Lo suyo son las fotos en la frontera con los Rastrojos y como salta verjas. Nosotros, seguimos! #VivateleSUR pic.twitter.com/gOEjmb4j5K
— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) January 13, 2020
Amenazas en redes sociales a un medio de comunicación, curiosamente de quienes se ufanan de defender la libertad de Expresión. Periodistas, gremios, instituciones, Estados, toman nota. @teleSURtv seguirá con su labor, merecedora de amplio reconocimiento mundial. #VivateleSUR
— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) January 13, 2020
O ex-mandatário da Bolívia Evo Morales afirmou que os “golpistas” da Venezuela querem “roubar” o sinal da emissora, que, segundo Morales, é a “voz dos humildes” da América Latina e Caribe.
“Os golpistas venezuelanos agora anunciam o roubo do sinal da teleSur, a voz dos humildes latino-americanos e caribenhos. Querem impor uma única voz ao mundo, que fale apenas por eles e para eles. Eles querem apagar a memória da luta e da história. Não poderão”, disse.
El golpe a #Bolivia no fue un hecho aislado en América Latina. Todos los que nos oponemos a las políticas supremacistas de #EEUU y el gran capital, estamos bajo amenaza permanente. Venezuela, Brasil, Ecuador, Cuba, Nicaragua, Argentina. Todos somos víctimas de las mismas élites
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) January 13, 2020
Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, manifestou apoio à emissora e afirmou que Guaidó não “conseguirá” destruir o que “Hugo Chávez fundou”. Cabello ainda afirmou que a teleSur é referência no “equilíbrio informativo” do que acontece na América.
“Desde sua criação, a teleSur se tornou a referência obrigatória para o equilíbrio informacional do que está acontecendo na América. Aqueles que jamais construíram nada, hoje querem destruí-la e eles não conseguiram e nem podem o que o grande Hugo Chávez fundou. Nós venceremos”, disse.
#VivaTeleSUR desde su creación TeleSUR se ha convertido en la referencia obligatoria del equilibrio informativo de lo que pasa en América, quienes jamás han construido nada hoy quieren destruirla, no han podido ni podrán, que grande Hugo Chávez al fundarla. Nosotros Venceremos!
— Diosdado Cabello R (@dcabellor) January 13, 2020
O sociólogo argentino Atilio Boron também se posicionou contra o deputado opositor e afirmou que Guaidó, um “lambe-botas” de Donald Trump, será “esmagado” pelo povo venezuelano nas próximas eleições no país.
“Guaidó, o maior lambe-botas de Trump, quer tirar teleSur da grade de canais da América Latina em nome da liberdade de imprensa. Um déspota em potencial! Mas o povo venezuelano vai esmagá-lo com uma avalanche de votos”, disse.
Guaidó, el lamebotas mayor de Trump, quiere sacar a #vivaTeleSUR de la grilla de canales en toda Latinoamérica en nombre de la libertad de prensa. ¡un déspota en potencia! pero el pueblo venezolano lo aplastará con una avalancha de votos. @pvillegas_tlSUR @tatianateleSUR
— Atilio Boron (@atilioboron) January 13, 2020
A ex-deputada colombiana Piedade Córdoba também utilizou seu perfil no Twitter para repudiar as ameaças do autoproclamado presidente. Córdoba apoiou o movimento com a hashtag #VivateleSur para afirmar que a rede é o “canal das causas justas”.
O ministro da Cultura da Venezuela, Ernesto Villegas, rechaçou as declarações de Guaidó e disse que os opositores falam de pluralidade, mas “lutam pelo monopólio da informação”.
“Não é Juan Guaidó quem fala, mas os Estados Unidos através de sua triste marionete. Eles estão irritados com a contribuição modesta, mas incisiva da teleSur ao direito à informação de nossos povos. Eles falam de ‘pluralidade’, mas lutam pelo monopólio da informação das empresas. Vade retro”, disse.
A emissora teleSur é uma multiestatal para a América Latina com sede em Caracas, capital da Venezuela, e foi fundada em 2005 por iniciativa do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, com apoio de Cuba, à época governada por Fidel Castro, de Néstor Kirchner, à época presidente da Argentina, e Bolívia, com Eduardo Rodríguez.
Hoje, a teleSur possui correspondentes em diversas cidades do mundo e é financiada pelos governos da Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia e Uruguai.