7 de dezembro de 2024

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Cônsul-Geral de Cuba explica reabertura ao turismo e fala sobre vacina, soberania e desinformação

Uma das principais fontes de receita do país, o turismo será retomado em Cuba após um período de forte crise agravada pela pandemia da Covid-19. No dia 15 de novembro, as fronteiras serão reabertas para visitantes internacionais. A boa notícia foi dada pelo embaixador Pedro Monzón, em conversa com mídias alternativas promovida nesta terça-feira (9), pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Por Felipe Bianchi

De acordo com o Cônsul-Geral de Cuba, a volta do turismo será o carro-chefe de um processo de retomada após o baque causado pelo caos sanitário global. “A pandemia agravou as dificuldades causadas por um bloqueio que já dura seis décadas, afetando duramente a economia e o povo cubano”, explica. Com 90% da população vacinada – com imunizante produzido localmente -, o país prepara um plano para receber os turistas com garantia de conforto e higiene.

Conforme explica Monzón, não será mais necessário o período de quarentena e o teste PCR obrigatórios na chegada dos visitantes ao país. Haverá, entretanto, a exigência do passaporte internacional ou certificado de vacina válida contra a Covid-19. Quem não apresentar o passaporte ou o certificado, terá de apresentar um teste negativo do tipo PCR realizado até 72 horas antes da viagem.

O embaixador esclarece que algumas medidas de restrição seguirão vigentes. “Exigiremos o uso de máscara especialmente em ambientes como aeroportos e hospitais. Também haverá testes aleatórios de testes PCR no aeroporto, com resultado em tempo real”, diz.

O país também se prepara para atender possíveis casos de turistas infectados pelo novo coronavírus: “Se houver algum sinal de sintomas de Covid-19 em visitantes, serão transferidos imediatamente a um hospital ou instalação adequada para testagem. Dispomos de um alto padrão de vigilância epidemiológica em todas as instalações hoteleiras e turísticas. Além disso, teremos médicos e enfermeiros para atender a todos os hotéis e casas de aluguel”.

Melhorias no setor

Destino de mais de 2 milhões de turistas por ano, Cuba recebeu apenas 200 mil visitantes entre janeiro e outubro deste ano. Para a reabertura, o governo de Miguel Díaz-Canel tem dado atenção à infra-estrutura, conforme relata Monzón. “Cuba tem muitos atributos sociais que a distingue. A criminalidade é mínima. Tráfico de drogas não é um problema nacional. Não existe população em situação de rua. A população é amistosa e receptiva, com muito gosto pela cultura. O ambiente social, em geral, é tranquilo e saudável. Isso tudo são atrativos por si só”, diz Monzón.

O embaixador relata que muitas instalações foram recentemente reformadas, otimizando a oferta de estadia. “Há opções de hospedagem para todos os gostos e bolsos. Pode-se fazer turismo de lazer, turismo de praia, turismo de cruzeiro, turismo histórico, turismo gastronômico. Também tivemos muitas melhorias em relação à conectividade à Internet em hotéis e instalações turísticas”.

Turismo para a qualidade de vida do povo

As divisas que Cuba obtêm do turismo, da biotecnologia, de exportações e comércio em geral é revertida em benefício do povo, o que é uma diferença para boa parte dos outros países, de acordo com o embaixador. “Cuba se auto-financia com a receita turística e, com essa verba, inclusive, mantém os seus famosos sistemas de saúde e educação”, sublinha.

A situação da economia cubana é drástica – Donald Trump levou a cabo 293 medidas para asfixiar a ilha e, infelizmente, Joe Biden não revogou nenhuma delas, conforme critica Monzón. Por isso a importância de saídas que amenizem os efeitos das sanções. “Líderes do governo, incluindo o presidente Miguel Díaz-Canel, visitam constantemente todas as comunidades para tratar do desenvolvimento local necessário. As cooperativas agrícolas estão fornecendo alimentação aos hotéis, por exemplo”.

A maioria dos cubanos são revolucionários e estão empenhados em trabalhar não apenas por dinheiro, mas também por vocação, o que ajuda muito na retomada, salienta. Não resistimos para estancar. Resistimos para avançar, para progredir. Apesar das limitações, vamos desenvolver o turismo e quem chegar a Cuba, vai desfrutar ao máximo. Como faremos isso? Como sempre fizemos. Com muito esforço e muita inteligência”.

Vacina, soberania e desinformação

Referência mundial em saúde, Cuba tem um largo histórico de produção vacinal. Mesmo assim, sofre uma campanha agressiva dos grandes conglomerados midiáticos internacionais contra uma grande conquista durante a pandemia: os três imunizantes fabricados na ilha – Abdala, Mambisa e Soberana Plus.

A eficácia das vacinas cubanas são facilmente verificáveis pelos números: o país conta com um índice de mortes por milhão muito abaixo da média da América Latina e de muitos países do dito ‘primeiro mundo’. Para se ter ideia, o Índice de mortes por milhão é quatro vezes menor que no Brasil e três vezes menor que o dos Estados Unidos.

100% das crianças cubanas já estão vacinadas e a cobertura vacinal total da ilha beira os 90%. Mesmo assim, o país enfrenta outro vírus: o da desinformação. “Fomos o primeiro país no mundo a aplicar vacinas em crianças entre dois e dezoito anos. Mas a CNN e outros meios de comunicação hegemônicos resolveram dar este título à Pfizer”, ironiza. O bloqueio informativo é tão virulento quanto o bloqueio econômico, conforme argumenta o diplomata.

As manifestações criminosas de julho, que fracassaram rotundamente em promover o regime change (troca de regime), revelaram o sistema de desinformação que sustenta a histórica campanha de difamação contra Cuba”, diz.

Impulsionados pelos EUA com participação da elite de Miami, que “quer uma Cuba sem cubanos”, os ataques à ilha ocupam todo o noticiário sobre o país, enquanto os avanços na medicina, na saúde, na educação e a própria retomada do turismo são invisibilizadas. “A guerra híbrida está a todo vapor, em Cuba, na Venezuela, na Nicarágua… A política dos EUA é muito agressiva no mundo todo e utilizam todos os recursos possíveis para destruir um sistema, um governo, um país”, critica.

“Nós rompemos a estrutura hegemônica que os EUA construíram para a América Latina e damos mostras de justiça social que não os interessam. Os EUA são um desastre no acesso de sua população à medicina e à saúde. As fraturas na sociedade são desastrosas e a pobreza é enorme. Um país socialmente muito problemático, mas que não pensa duas vezes em empenhar todos os esforços contra Cuba. Na Colômbia, há recordes constantes de assassinatos de líderes comunitários, mas fazem vista grossa. Em Cuba, se alguém escorrega numa casca de banana e se machuca, vira manchete mundial”.

Por isso, o apelo que o Cônsul-Geral faz é de que as mídias alternativas não só do Brasil, mas de toda a América Latina, contribuam para dar visibilidade às medidas que Cuba leva a cabo para seguir sua luta heroica contra o bloqueio e, mais recentemente, contra a pandemia – algo fundamental para a Cuba, mas também para o futuro da América Latina.

Assista à coletiva na íntegra: