11 de dezembro de 2024

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“EUA não invade Cuba porque sabe que não se trata de derrotar um governo, mas um povo heróico”, diz Frei Betto

Solidariedade a Cuba foi o tema de debate organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé que reuniu, na noite da quarta-feira (30), Frei Betto, frade dominicano, jornalista e escritor; Alcides García, diretor da Videos Crisol e integrante da Rede de Educadoras e Educadores Populares da Associação Centro Martin Luther King; Benigno Pérez Fernandéz, cônsul-geral de Cuba em São Paulo; e Ana Prestes, analista internacional.

Por Érika Ceconi / Barão de Itararé 

A ilha caribenha vive uma grave crise energética devido a vários fatores, entre eles a passagem do Furacão Oscar no mês de outubro, causando estragos no país. Além disso, o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos há mais de 60 anos, impossibilita o povo cubano de ter acesso a insumos e tomar medidas para conter as perdas e garantir a retomada da energia elétrica.

Direto de Havana, Alcides García enfatizou a importância da solidariedade internacional com o povo cubano neste momento. “O furacão que passou por Cuba foi noticiado pela mídia dominante e pelo imperialismo como o fim da Revolução. Na verdade, o que recebemos foi um furacão de solidariedade. Estamos feridos, mas seguimos em pé”, declarou o comunicador cubano.

Na mesma quarta-feira, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a trigésima segunda resolução apresentada por Cuba pedindo o fim do embargo. 187 países foram a favor do somente dois foram contra: Estados Unidos e Israel.

Confira aqui a íntegra do debate:

Neste sentido, Frei Betto, lembrou como o embargo prejudica o povo cubano. “O bloqueio contra Cuba afeta a saúde, a educação, o esporte e a cultura. Há escassez de material, há veto de transações financeiras. É preciso ter um olhar humano sobre Cuba. Só EUA e Israel votam contra o fim do embargo, como vimos hoje”, destacou.

Por sua vez, o cônsul-geral de Cuba em São Paulo fez um histórico de como os Estados Unidos tentam, sem sucesso, conter a Revolução Cubana. Além do embargo, aquele país foi responsável por incluir Cuba na listas nações “patrocinadoras do terrorismo”. “Os EUA sabem muito bem que Cuba não pratica e nem financia terrorismo. Cuba, sim, é vítima de terrorismo. E de terrismo ‘made in USA'”, enfatizou.

Em sua fala, a analista internacional Ana Prestes lembrou de ações para a integração regional e a importância da formação de blocos como a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). Ela também recordou da solidariedade que Cuba presta aos países vizinhos – um exemplo foi o envio de médicos cubanos ao Brasil, durante a realização do programa Mais Médicos.

“Cuba luta há décadas por um processo de integração latino-americana e caribenha. O país é referência de altivez, soberania e dignidade, mas também coloca a mão na massa na construção da integração, dos elos entre povos e nações da região”, informou a analista internacional.

Por fim, Frei Betto destacou a resistência do povo cubano, que mesmo com o bloqueio e diversas sanções com o objetivo de prejudicar a economia do país, a Revolução Cubana continua fortalecida. “EUA não invade Cuba porque sabe que não se trata de derrotar um governo, mas todo um povo, famoso por sua heroica resistência. Por isso aposta em sangrar o país com medidas draconianas de sanções e bloqueio”, disse.