Com apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, do Centro de Estudos de Mídias Alternativas Barão de Itararé e da Biblioteca Milton Belintani, a jornalista Tereza Cruvinel lançará, no dia 22 de outubro, a partir das 19 horas, seu livro “Memória de um Desafio – A guerra da TV pública e a criação do sistema EBC” (Editora Tagore). O evento contará com a participação de Guilherme Strozi e Laurindo Leal Filho, e será transmitido ao vivo pelo YouTube do Sindicato dos Jornalistas. O lançamento ocorrerá na Rua Rego Freitas, 530 – República.
Por Redação/SJSP
Trata-se de um livro que combina memória, depoimento e reflexões sobre mídia, democracia e comunicação pública. Em 2007, a proposta de criação de uma TV pública nacional, lançada pelo então ministro da Cultura, Gilberto Gil, agitou a mídia e o meio político, gerando o movimento social que realizou o Fórum da TV Pública. O presidente Lula comprometeu-se com a criação da emissora, defendida por cineastas, produtores audiovisuais, personalidades da cultura, da academia e de entidades defensoras da democratização das comunicações.
Lula encarregou da implantação do projeto o jornalista Franklin Martins, então ministro-chefe da Secom. A convite dele e de Lula, Tereza aceitou o desafio de implantar a EBC como sua primeira presidente e de criar a TV pública, a TV Brasil. Ela coordenou também as articulações para aprovar no Congresso a lei autorizativa, enfrentando dura obstrução dos partidos que se opunham a Lula e ao projeto. Representando Gil, o cineasta Orlando Senna foi o primeiro diretor-geral, mas ficou pouco tempo no cargo.
Tereza e Franklin haviam tido carreiras vitoriosas no setor privado, mas discordavam do “jornalismo de guerra” que passou a ser praticado pelos grandes veículos a partir da posse de Lula. No grupo Globo, ele foi diretor regional em Brasília e comentarista do Jornal Nacional. Ela escreveu por 22 anos a influente coluna Panorama Político no jornal O Globo e era comentarista da Globonews.
A iniciativa enfrentou também a hostilidade de quase toda a mídia (o que Tereza chama de bullying midiático), dos partidos de direita e da extrema direita em ascensão, além das dificuldades técnicas para implantar uma TV pública que chegava tarde em relação às emissoras privadas já estabelecidas há décadas.
No livro, ela conta a história da EBC e da TV Brasil, da criação aos dias de hoje, passando pelo desmonte sob Temer e pelo aparelhamento sob Bolsonaro. Lula acaba de nomear um novo presidente da EBC, o jornalista André Basbaum, que vem da TV Record.
Tereza o faz com seu traquejo de colunista política. Junta na moldura elementos da conjuntura da época, revela bastidores e comenta os conflitos internos em sua gestão, escancara as disputas com o Conselho Curador e aponta os colegas de profissão que mais atacaram o projeto. Escreve na primeira pessoa, mas reconhece o tempo todo a natureza coletiva do trabalho e o papel de Franklin e outros envolvidos no processo.
O livro de Tereza traz subsídios importantes para os que se interessam pelo tema, como jornalistas, acadêmicos e estudantes de comunicação, e será, com certeza, uma boa contribuição para a história da radiodifusão pública no Brasil.