Obra coletiva, o livro “Expandir o presente, criar o futuro” foi pensado por 16 trabalhadoras de diversas nacionalidades, com diferentes culturas e profissões, para refletir o isolamento social – tão necessário-, defender o seu espaço como mulher e respeitar a vida no planeta.
Para tanto, cada autora escolheu entre março e maio, dias que refletiam seu cotidiano em tempos de pandemia de coronavírus. Surpresa, frustração, insegurança, revolta, descoberta, carinho e busca. O encadeamento entre essas expressões ficou a cabo das professoras Fabíola Notari e Mirlene Simões, e da artista visual Priscila Bellotti.
“A ideia da obra era dar voz ao que estava represado e que foi mais agravado em tempos de pandemia. No caso brasileiro, especificamente, pela ausência de políticas públicas e de direitos, baixos salários, sobrecarga e stress”, explica Mirlene Simões. Na avaliação da doutora em sociologia, “o encontro de mulheres jovens, indígenas, afrodescendentes e de outros países nos permitiu pensar coletivamente e avançar contra a opressão”.
O questionamento aos padrões estabelecidos pela grande mídia sobre a temática feminina também está presente no ebook, acredita, “porque mesmo que tenhamos tido avanços no último período em relação à divulgação e à denúncia de temas como a violência contra as mulheres, a abordagem ainda deixa cada uma por si”. “A questão é que problemas como o machismo estrutural, o feminicídio, a violência e principalmente o aumento de trabalho em casa não são individuais e se aprofundaram com Bolsonaro, necessitando ser enfrentados. Em relação às mulheres dos outros países não sentimos este nível de tensão, elas se manifestam de outras formas”, acrescentou.
Reunindo textos, desenhos, fotografias, filmagens, costuras, remendos, fissuras e bordados, o livro reflete, entre outras vozes, professoras de escolas e universidades, uma poetisa cubana, uma escritora finalista do Jabuti, uma psicanalista, artistas e doutoras.
“A seu modo, cada uma de nós procurou elevar o tom e colorir de vida a crítica ao cinza de dificuldades e opressões de sociedades em que as mulheres ainda não são suficientemente valorizadas”, declarou a professora Monica Fonseca Severo. Na sua avaliação, “infelizmente no nosso país, isso ainda está escancarado nos grandes meios de comunicação, que retroalimentam uma visão extremamente machista, conservadora e alienante, que conduz a um apequenamento das mulheres”. “Acredito que a obra é um grito poético contra isso”, concluiu.
Na obra, Célia Maria Foster Silvestre, pós-doutora em Estudos sobre Democracia afirma que “no Brasil, o vírus repercute a ausência de humanidade presente na boca que escancara a necropolítica e ri das mortes anunciadas”.
ACOMPANHE – O sarau virtual e bate-papo de lançamento acontecerão no próximo dia 27 de junho, sábado, a partir das 15 horas, pelo aplicativo Zoom, https://zoom.us/j/96613874717, ID da reunião: 966 1387 4717
O e-book será vendido a preço popular, a partir do dia 27/06, pela Banca Vermelha https://www.abancavermelha.com/
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