Os protestos pelo “Fora Bolsonaro” neste sábado (29) repercutiram na imprensa estrangeira. Segundo balanço parcial das entidades organizadoras, ocorreram atos em 213 cidades brasileiras e em 14 no exterior – que reuniram cerca de 420 mil pessoas. Todas as principais agências internacionais de notícias cobriram as manifestações, principalmente as das capitais.
Por Altamiro Borges
O jornal britânico The Guardian, um dos mais prestigiados do mundo, foi um dos que deu maior destaque aos protestos. “Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas das maiores cidades do Brasil para exigir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro por sua resposta catastrófica a uma pandemia de coronavírus que ceifou quase meio milhão de vidas de brasileiros”, afirma um dos trechos da reportagem.
Em outro trecho, o jornal avalia que “as manifestações de sábado – que aconteceram nas principais cidades, incluindo São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, bem como em dezenas de cidades menores – ocorrem com Bolsonaro em sua pior fase desde que assumiu o cargo em janeiro de 2019”.
“As pesquisas sugerem uma raiva crescente com a forma como o populista de direita está lidando com a Covid, com 57% da população agora apoiando seu impeachment. Um inquérito do Congresso está atualmente dissecando a calamitosa resposta de Bolsonaro à crise de saúde pública”.
O The Guardian conclui afirmando que “Jair Bolsonaro parece particularmente abalado com o ressurgimento de seu rival político Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente de esquerda que parece prestes a desafiá-lo na eleição do próximo ano”. A imagem do “capetão” genocida afunda – no Brasil e no exterior!
TVs, Estadão e O Globo
Sua situação só não é mais dramática em decorrência da postura esquizofrênica da mídia nativa. Mesmo os veículos que criticam o neofascista Jair Bolsonaro por seu autoritarismo na política e seu obscurantismo nos “costumes” – mas apoiam a agenda econômica ultraneoliberal do serviçal Paulo Guedes – evitaram dar destaque aos protestos de sábado.
As emissoras de televisão – que são concessões públicas – não deram chamadas aos atos e reservaram poucos minutos em seus telejornais. O SBT do mercenário Silvio Santos e a Record do “bispo” Edir Macedo foram os mais descarados na cobertura manipulada – mas Globo e Band também pisaram feio na bola.
Já os veículos impressos foram ainda mais patéticos. O oligárquico Estadão preferiu dar capa às “cidades turísticas que se reinventam para atrair home-office” e o jornal O Globo plantou um “PIB reaquecido” para sabotar os protestos na sua manchete. Historicamente, os dois jornalões preferem dar destaque às manifestações da extrema-direita – como nas “marchas com Deus” do golpe militar de 1964 ou nas cavalgadas contra Dilma Rousseff em 2015/2016. Eles odeiam protestos populares!