8 de outubro de 2024

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Leandro Fortes e Paulo Moreira Leite condenam manipulações dos monopólios de mídia

Em suas análises de conjuntura na XVII plenária nacional do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), realizada neste sábado, em Brasília, os jornalistas Leandro Fortes e Paulo Moreira Leite somaram forças ao lado da coordenadora do FNDC, Rosane Bertotti, contra as mentiras e manipulações dos monopólios de mídia.

Diante de todos os atropelos midiáticos que estamos vendo torna-se inadiável a construção de políticas públicas, avalia Roseli Gofman, do Conselho Federal de Psicologia, que coordenou a mesa em nome do FNDC. “Num país que se pretende democrático não podemos permitir que a construção de subjetividade, de compreensão e de ideologia se dê pela massificação da informação que se diz jornalismo, que molda comportamentos”, acrescentou Roseli.

Conforme o jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital, os grandes conglomerados privados de comunicação induzem profissionais a terem um “comportamento de manada”. “Não há quartel no mundo com maior hierarquia do que uma redação. Ali os monstrinhos corporativos são criados e treinados para obedecer cegamente ao que vem de cima, para repetir o que é mandado, para serem tarefeiros da notícia”, declarou. “Há uma nobreza e uma maldição na nossa profissão. A nobreza está em poder decodificar o drama humano para entender o mundo em que se está inserido. A maldição é que pode ser um instrumento de poder, de formar ou transformar uma opinião’, acrescentou.

Lembrando o episódio da bolinha de papel que atingiu a cabeça de Serra durante o último pleito presidencial, Leandro Fortes ressaltou que “tudo já estava preparado pela TV Globo, no sentido mais escroto, de montado, de farsa jornalística”, para promover o candidato da direita à vítima de uma agressão e, com isso, turbiná-lo eleitoralmente.

CRIME DE SONEGAÇÃO DA GLOBO

Para fazer frente a este tipo de manipulação, Fortes defendeu que se crie “um ambiente para o bom combate”. Na sua opinião, entre outras ações democratizantes e plurais, isso significa a estruturação de uma ampla rede de comunicação pública e financiamento da mídia alternativa. Desta forma, acredita, crimes milionários como os de sonegação de impostos praticados pela Rede Globo não ficariam impunes pelo receio de governos e parlamentares de enfrentar o poder do monopólio. “Por isso ninguém tocou no assunto da sonegação da Globo, nem o governo nem a polícia”, disse.

Conforme Paulo Moreira Leite, “a lógica estabelecida é de uma situação de vale-tudo em que os monopólios de mídia fazem um esforço para a desmoralização de quem lhes faz contraponto. No Brasil é possível mentir com toda a imprensa, como na questão do chamado ‘mensalão’, porque há um conluio, uma identidade ideológica entre um poder que não é eleito com uma mídia que não presta contas”, sublinhou.

A questão chave que precisa ficar clara para todos, enfatizou Leite, “é que a imprensa é um instrumento de poder” e que se coloca na atualidade em nosso país ao lado de uma pequena elite alinhada pelo retrocesso das conquistas do último período.

É por este alinhamento com o atraso, “pelo conchavo do Ministério das Comunicações com o setor empresarial”, lembrou Rosane Bertotti, que os artigos constitucionais que apontam para a democratização da comunicação não foram regulamentados, “é por isso que as decisões da Confecom viraram letra morta”. Não fosse o caso Snowden ter destampado a ação criminosa e ilegal de escuta feita pelo governo estadunidense, disse Rosane, “propostas como o da neutralidade da rede teriam ido água abaixo”. “Precisamos ter claro que há uma disputa de projeto em que a velha mídia está tentando pautar o debate para o retrocesso neoliberal”, concluiu Rosane.

Fonte: Leonardo Severo, da CUT, para o FNDC