Por João Sette Whitaker, no blog Cidades para quem
Na semana passada foi empossado, para o segundo mandato desde sua criação, o Conselho da Cidade de São Paulo. Diferentemente dos demais conselhos participativos da gestão municipal, neste, seus membros são diretamente convidados pelo prefeito e sua equipe, e não eleitos. Há gente que reclame do fato, mas a lógica do conselho é um pouco diferente dos demais: trata-se de uma caixa de ressonância criada pelo prefeito – a exemplo do que Lula criou no âmbito federal – para ouvir críticas e sugestões sobre suas ações. O objetivo da prefeitura é que ele tenha uma composição a mais ampla e plural possível, pois um conselho só “de amigos” não serviria para nada. O prefeito o criou para ouvir sem constrangimentos as críticas que possam emanar da sociedade, e não para isolar-se dela. Tive a honra de ser convidado a participar novamente do mesmo, convite que aceitei prontamente. O Conselho incorpora entre seus membros representantes dos mais diversos setores que compõem a vida paulistana, de políticos a sindicalistas, estudantes, professores, artistas, representantes de todas as minorias, comerciantes, empresários, ativistas, e assim por diante (clique aqui para conhecer todos os membros).
Esta primeira sessão iniciou-se sob a marca da participação. Serviu para o prefeito assinar a lei, proposta pelo vereador Orlando Silva, que estabelece a obrigatoriedade de no mínimo 50% de mulheres nos conselhos participativos da cidade. Em seguida, o prefeito fez um discurso de boas-vindas ao novo conselho. E demonstrou a sua virtude como homem público. A principal delas é a de governar antes de tudo para a cidade, sem abalar-se com o tratamento que recebe por parte da imprensa, neste momento de polarização política. E não é fácil, diga-se, quando se é vítima de um dos maiores boicotes midiáticos já sofridos por algum prefeito em São Paulo (talvez a Erundina?).
Quando os principais jornais do país se empenham em demonizar o governo Dilma e o PT, não seria racional esperar que fossem honestos na cobertura da gestão Haddad. Afinal, não pegaria bem ter que admitir o quanto esta cidade está se transformando, pelas mãos de um prefeito petista, desde que saiu do desastre em que tinha se metido. É simplesmente impressionante ouvir o prefeito e comparar sua fala ao que se fala dele na grande mídia. E perceber o quanto vem realizando, não obstante a crise orçamentária e a complexidade inerente à gestão de uma cidade como São Paulo, ainda mais em um sistema político cuja lógica de “governabilidade” sabemos ser perversa.
É claro que se perguntarmos a cada um dos cerca de onze milhões de paulistanos se ele tem queixas contra a prefeitura, sempre haverá algo a dizer. Do taxista ao funcionário público, da dona de casa ao estudante, quase todo mundo reclama. Muitos com razão, outros sem muito conhecimento. Poucos imaginam a complexidade que é governar uma cidade como esta. Independentemente de todas as reclamações, que nunca se esgotarão, o fato é que muita coisa vem sendo feita, mas quase nada chega aos paulistanos.
As notícias que se lê na mídia deixam entender que a única coisa que Haddad faz são as faixas de ônibus e as ciclovias, na verdade uma verdadeira revolução que até agora nenhum prefeito ousou fazer: a da mudança do paradigma de mobilidade da cidade, do automóvel para os transportes públicos e não poluentes. Mas o que se lê sobre essa fantástica mudança é que ela é feita “sem planejamento”, é custosa demais, que usa tinta vermelha como o PT ou outras imbecilidades do tipo. Se Haddad se esforça em suas declarações para fazer entender a importância de se separar as questões da cidade da polarização partidária, a grande mídia, ela, faz exatamente o contrário. O objetivo é confundir e desinformar, a tal ponto que o paulistano não saiba mais reconhecer quem deve o que. Uma pesquisa recente indicou, por exemplo, que mais da metade da população acredita serem Haddad e Dilma os culpados pela falta d’água na cidade (clique aqui). A confusão e a desinformação só tem um objetivo: impedir que Haddad se reeleja, o que seria uma chancela incômoda a uma gestão petista em pleno esforço de demonização do partido.
Haddad fez para o conselho um rápido resumo do que vem fazendo, em meio a inúmeras dificuldades. A pergunta é, caro leitor, a seguinte: de quantas delas você ouviu falar? Quais dos fatos abaixo descritos, pinçados entre muitos, você viu com algum destaque em alguma manchete da Folha, do Estadão, da Veja ou do JN? Algumas saíram em notas, poucas receberam atenção. Muito menos, por exemplo, do que a ação estabanada e inconsistente de uma promotora que resolveu paralisar por conta própria a revolução cicloviária que Haddad vem promovendo. Do trabalho efetivo, nada, ou muito pouco além de notas nas mídias eletrônicas desses jornalões.
Por exemplo, você viu alguma coisa sobre as duas usinas de triagem de lixo, as maiores da América Latina, que foram construídas do nada pois até agora a cidade simplesmente não tinha nenhuma? Você reparou que hoje há caminhões de coleta seletiva circulando pela cidade, outra novidade desta gestão? Você leu algo sobre o fato de que São Paulo terá capacidade para reciclar mais de 10% do lixo que produz? Você sabia que nunca foram tantos e tão ativos os conselhos participativos da cidade, sejam eles setoriais ou regionais, que haviam sido praticamente desmontados na última gestão? Você ouviu falar em algum lugar que o prefeito tomou a decisão de manter a gleba do Ceagesp, que deve mudar de local (eu pessoalmente sou contra a ideia, mas essa é outra discussão), pública, para uso público, ao invés de vendê-la?
Você leu em algum lugar que as mais de 60 mil lâmpadas da cidade estão sendo trocadas por tecnologia de LED, que gerará uma economia tamanha que permitiu que o serviço seja feito antecipadamente de graça pela concessionária? Você percebeu que aos poucos, graças a ações dispersas como a autorização de food-trucks, de parklets ou a instalação de equipamentos de lazer em praças públicas como no Largo S. Francisco, as ruas e espaços públicos da cidade vêm ganhando nova vida? Você soube que Haddad fez a demarcação definitiva das terras indígenas ainda existentes no município? Você sabia que a prefeitura licitou 11 obras de drenagem na cidade (o que tem a ver com as enchentes, a crise hídrica e a impermeabilização do solo), 3 das quais já estão em andamento, em investimentos federais do PAC da ordem de 8 bilhões de Reais? Que essas obras sozinhas ultrapassam a soma de tudo que já foi realizado em drenagem na cidade até hoje?
Você soube que, na negociação da dívida paulistana com o Governo Federal, que vem gerando tensão entre Dilma e os prefeitos das maiores cidades, em especial o Rio e São Paulo (e pela qual o prefeito se posicionou antes como paulistano do que como petista), Haddad conseguiu negociar com o ministro Levy uma solução que trará à cidade a bagatela de 24 bilhões de Reais já no ano que vem? Mas você caro paulistano, certamente não soube disso já que os dois principais jornais da cidade eram, por incrível que pareça, contra a renegociação dívida da sua própria cidade, que vem há anos drenando uma soma fabulosa de seu orçamento!
Por tudo isso, quando ler por ai nesses jornalões que as ciclofaixas não têm planejamento, que custam caro (a Veja manipulou os custos, como você pode ler aqui), que a “tinta” usada na sua construção está sendo desperdiçada (quando nem tinta se usa, mas cimento pigmentado) ou outras tantas mentiras, dê-se o direito de duvidar. Saia às ruas e sinta uma cidade em plena ebulição positiva. Quando se deparar com a campanha “Sou cidadão paulistano” (clique aqui para conhecer), lançada pelo Conselho da Cidade, entre nela com entusiasmo. E faça críticas, muitas, mas de forma consistente e, sobretudo, construtiva. Ao contrário da mídia, estará ajudando o prefeito, a cidade, e a transformação de seu próprio dia a dia.