Por Felipe Bianchi
No dia 29 de agosto, ativistas digitais, blogueiros, artistas e agentes da cultura e da saúde se reuniram em Taguatinga, no Distrito Federal, para discutir a transversalidade da comunicação e a necessidade de democratizar o setor. “Chamamos o encontro de Vozes Dissonantes para valorizar a diversidade de lutas presente na atividade e para rechaçar a inércia do governo em enfretar a pauta da mídia”, explica Fred Vazquez, do núcleo do Barão de Itararé no DF.
Segundo ele, um dos articuladores do encontro que ocorreu em palalelo à Conferência Livre de Cultura e Saúde, é urgente a discussão sobre o papel da concentração dos meios de comunicação na invisibilização e na eliminação de saberes populares e da diversidade cultural. “Geralmente, nossos encontros reunem apenas jornalistas. A ideia, dessa vez, foi dialogar com setores diversos”, acrescenta.
Vazquez também explicou o conceito de “democracia viva”, expresso na carta final do encontro. “A prática do Estado ainda é de subjugar os povos, atendendo aos interesses do capital”, argumenta. “Por isso, é necessário radicalizar a democracia e isso só é possível empoderando as comunidades. Nesse sentido, democratizar a comunicação é fundamental”.
Leia a íntegra do documento final do encontro.
Carta Final – Democratizar a Comunicação é defender a Democracia Viva
Aos 29 dias do mês de Agosto de 2015, artistas, ativistas digitais, blogueiros e agentes de cultura e saúde, se reúnem no Mercado Sul, em Taguatinga, para debater a transversalidade da Comunicação para o fortelecimento da Democracia e garantia efetiva do Direito à Saúde.
- Fortalecer o Comite de Democratizaçao da Comunicação do FNDC-DF com as seguintes bandeiras em destaque: Criação do Conselho de Comunicação Distrital, regulamentar a lei que destina 12% das verbas publicitarias da SECOM-DF para meios de comunicação alternativos e pressionar para a criação do canal da cidaddania;
- Iniciar um processo de formação em Comunicação Popular e mecanismos de empoderamento do debate dos marcos legais;
- Realizar a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, a ocorrer de 12 a 18 de Outubro e no dia 17 com a realizaçao do Dia Nacional da Juventude Comunicadora, levando o debate para diferentes segmentos da sociedade do DF;
- Implementar uma rede de comunicadores populares do DF;
- Criar um portal agregador das diferentes iniciativas populares de comunicação tendo: blogs, noticias, agenda cultural, textos literários, áudios, imagens e conteúdos audiovisuais, articulando e fortalecendo as diferentes iniciativas que constrõem as narrativas contra-hegemônicas.
- Fortalecer os dialogos da Rede Saúde e Cultura;
- Pelo reconhecimento dos espaços culturais como espaços de saúde e de cura. E a consolidação dos espaços de saúde como espaços culturais;
- Incentivo a integração Cultura e Saúde, através de recursos para Pontos de Cultura e Coletivos Culturais;
- Direito à cidade: Mobilidade urbana. Por processos de reconhecimento de espaços de resistência e inovação como as ocupações culturais. Contra o processo de gentrificação dos centros urbanos;
- Conhecimento livre, Software livre e tecnologias alternativas, Tecnologia social. Territorialização digital. Por meios digitais mais seguros;
- Contra a criminalização dos Movimentos Sociais;
- Pelo reconhecimento dos coletivos de Saraus das RA do DF;
- Respeito às liberdades individuais;
- Descriminalização da maconha e dos usuários de drogas;
- Incentivo à produção agroecológica;
- Manutenção da rotulação dos alimentos transgênicos;
- Garantia do direito e do acesso à alimentos orgânicos e agroecológicos, incentivando práticas de consumo consciente;
- Diversidade cultural e musical – Circuito de música independe;
- Resgate dos saberes tradicionais, da ancestralidade e do saber oral, entendendo que as políticas de saúde podem ser mecanismos de colonialismo;
- Reconhecer a educação popular e as rodas de conversa como formas de diálogo em saúde e cultura;
- Saúde e direitos trabalhistas para os trabalhadores da cultura e da arte;
- Mecanismo de reconhecimento dos educadores populares – doutor “honoris causa”;
- Valorizar e garantir a inclusão dos cuidadores populares no SUS;
- Criar cargos específicos multidisciplinares no SUS;
- Acesso a recursos públicos por grupos sociais e sociedade civil, via Marco Regulatorio das Organizaçoes da Sociedade Civil – MROSC;
- Regulação da propaganda e comércio de medicamentos farmacêuticos;
- Constituir uma Plataforma Livre para sistematização das práticas integrativas, tradicionais e populares e formação da Rede de Educadores Populares em Saude;
- Reconhecimento dos Centros de Convivência enquanto equipamentos intersetoriais de educação, cultura e saúde para que possam receber financiamento;
- Inclusão nas diretrizes curriculares nacionais a educação popular em saúde e nos projetos políticos pedagógicos das escolas;
- Reforma agrária e popular;
- Reforma política sem financiamento privado de campanha;
- Reforma educacional;
- Democratização dos meios de comunicação;
- Incentivo as farmácias caseiras e comunitárias;
- Descriminalização das parteiras e dos fitoterápicos;
Assinam,
participantes do Encontro Vozes Dissonantes e da Conferência Livre de Cultura e Saúde