22 de novembro de 2024

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Em Cuiabá, ativistas digitais discutem crise, mídia e democracia

Da Página do Enock

Um encontro pela resistência democrática. Foram assim os dois dias de debate que aconteceram no Centro Cultural da UFMT, neste final de semana, nos dias 28 e 29 de setembro de 2017, reunindo os juristas Gustavo Teixeira e Vilson Nery, um pequeno grupo de militantes de esquerda de Mato Grosso, notadamente do PT e do PC do B, estudantes do curso de Direito da UFMT e os convidados especiais Eduardo Guimarães, blogueiro do Movimento dos Sem Mídia, Laura Capriglione, do coletivo Jornalistas Livres e Cido Araújo Lima, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Gostei do que vi. Principalmente da contextualização amiga que os palestrantes convidados fizeram, quando ficou patente que o evento não contaria com um grande público. A conjuntura, em todo o Brasil, segundo eles, é de uma grande perplexidade, com as pessoas, os movimentos e mesmo os partidos de esquerda, procurando rumos que sejam consequentes para o enfrentamento da crise que se abateu sobre o País, depois do golpe midiático, jurídico e parlamentar contra a presidente Dilma.

Eram muitos petistas e simpatizantes do PT na plenária. Bateu-se muito no atual bloco de poder, capitaneado pelo golpista Temer. O comprometimento da alta cúpula do Judiciário com o ataque à esquerda também foi muito comentado, tal como o engajamento da grande mídia na derrota dos governos populares de Lula e Dilma. Só que não se calaram as críticas aos erros de método que marcam a trajetória do PT, não só durante suas gestões em Brasília, como também nesse período mais recente.

A jornalista Laura Capriglione, por exemplo, historiou o grave momento de covardia política que foi o apoio do prefeito Fernando Haddad ao governador Geraldo Alckmin no episódio da ocupação das escolas públicas em São Paulo. “Não adianta a gente fazer um balanço pela metade. O PT não soube dar um tratamento cidadão às organizações populares que se manifestavam em São Paulo”. Quando à utilização de redes sociais como o Facebook e o Youtube para a veiculação de uma informação alternativa, ela justificou. “Vai ser assim até que a gente assumir o poder. Se a gente for esperar os meios de produção estarem na nossa mão, não haveria um único jornal operário. A nossa vida de lutadores sociais é essa, de hackear as frestas do capitalismo”.

Do encontro, ficou o desafio para que experiências como a que aconteceram, neste final de semana, se multipliquem em Mato Grosso, notadamente visando sustentar o discurso contra-hegemônico, seja no campo da política, seja no campo da informação. Um dos desdobramentos apontados foi o futuro desenvolvimento de oficinas para a capacitação de novos Jornalistas Livres em Mato Grosso.