Fake news viram arma da estratégia do “lawfare”, cada vez mais utilizada pela direita para retomar o poder na América Latina; cenário pós-eleitoral é de ruptura nas relações de cooperação com os vizinhos e a volta da subserviência às grandes potências, a despeito do verniz nacionalista do novo presidente
Cartunista KAL, do estadunidense The Economist, alerta: figura messiânica esconde sérios perigos para seu próprio eleitorado
O espanto internacional com o triunfo eleitoral de um projeto que remete a um passado obscuro no Brasil está estampado nos jornais e portais do mundo todo. Referido como uma espécie de “Donald Trump dos trópicos” e porta-voz de um ideário caricaturado como “nazismo bananeiro”, o capitão reformado (e deputado por 28 anos) Jair Bolsonaro amealhou quase 58 milhões de votos e aguarda a virada do ano para tomar posse no Palácio do Planalto.
Por Felipe Bianchi
Mais que afetar diretamente a vida do povo brasileiro, a vitória de uma candidatura da extrema-direita, casando um plano econômico neoliberal com uma agenda ultraconservadora nos costumes e grosseira retórica neomacartista, interfere diretamente no xadrez geopolítico global, a começar pelos nossos vizinhos, que devem ser “escanteados” em prol de negociações bilaterais com grandes potências, passando até por países do Oriente Médio – o Egito cancelou, recentemente, compromisso com o chanceler brasileiro Aloysio Nunes após Bolsonaro anunciar que deve mudar a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.
Além do papel que o Brasil joga no continente e no mundo, há outro componente a ser levado em conta: Bolsonaro tornou-se símbolo, quase uma hipérbole, do conceito de guerra híbrida. A avalanche de fake news exaltando o capitão reformado e destruindo a reputação, desmoralizando e demonizando seus adversários se deu em escala massiva, graças ao uso de dados vazados de forma ilegal, conforme relatou a emblemática reportagem assinada por Patrícia Campos Mello na Folha de S. Paulo. De acordo com a matéria, a usina de mentiras foi financiada com rios de dinheiro não declarado pela campanha, o que configura o crime de caixa 2.
Para entender a perspectiva internacional sobre a trajetória controversa e os significados da vitória de Bolsonaro, o Barão de Itararé conversou com especialistas e estudiosos de diversos países para registrar as suas impressões sobre como se deu o processo eleitoral e quais impactos seu governo deve ter fora do Brasil.
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Marina Urrizola, argentina, docente, psicóloga social e integrante do Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (CEELA) e do Observatório Eleitoral da Conferência Permanente dos Partidos Políticos (COPPAL). Já participou de mais de 30 missões como observadora eleitoral internacional
O papel do Judiciário na eleição de Bolsonaro
“É com tremendo assombro que assistimos aos resultados do primeiro turno das eleições no Brasil. Primeiro, claro, pelo fato da proibição de Lula concorrer à presidência, candidato com maior adesão no eleitorado brasileiro segundo todas as pesquisas. Apesar do espanto, isso não surpreende quem vem acompanhando o desenvolvimento deste tipo de estratégia, enquadrada no conceito de lawfare, uma forma de distorção em função da Justiça, tanto em processos quanto em condenações judiciais, algo que vem atingindo toda a América Latina e cujo caso mais emblemático é o brasileiro.
Se você me pergunta se creio que houve uma postura institucional passiva ou permissiva por parte do Tribunal Superior Eleitoral ou do Supremo Tribunal Federal? À luz de todos os acontecimentos, eu afirmo que, sob nenhum ponto de vista, existiram tais posturas, pois todas as instâncias judiciais atuaram de forma orquestrada para levar a cabo a condenação de Lula e sua inabilitação como presidenciável. Mas não cansamos de nos surpreender, já que dias depois o inflamável chefe de Estado da principal nação sul-americana oferece o Ministério da Justiça a ninguém mais, ninguém menos que o juiz Sergio Moro, o mesmo que condenou Lula à prisão.”
Fake news como estratégia eleitoral
“Entendo que as fake news, ou notícias falsas, têm sido objeto de estudo em vários processos eleitorais na região, mas com essa magnitude como a do caso do Brasil, é a primeira vez. Entendo que a estratégia tem sido uma engrenagem fundamental de uma nova forma de ‘chegar ao poder’, utilizada, principalmente, pelas direitas internacionais, as quais, no geral, seguem o mesmo esquema em toda a América Latina. Primeiramente, empunham a bandeira da transparência, apropriando-se de valores que jamais lhes pertenceram. Ao mesmo tempo, judicializam, de uma ou outra forma, os processos eleitorais, utilizando fake news com uma clara intencionalidade política, receita que, condimentada com um financiamento significativo, tem gerado bons resultados na maiorias das eleições.
No que concerne ao Brasil, eu devolvo a pergunta: como é possível que, apesar do acordo firmado pelo TSE com o Google e o Facebook (operador do Whatsapp) no mês de junho, para justamente combater esse preocupante fenômeno, tenha sido justamente através desta plataforma que 120 milhões de brasileiros e brasileiras receberam mensagens falsas e convites para votar em Bolsonaro? Como se arquitetou e quem financiou tal engenharia? Por isso afirmo que é muito pouco falarmos em posturas permissivas.
As declarações da OEA, que classificou o caso brasileiro como o primeiro onde a disseminação em massa de fake news interferiu no resultado eleitoral, contam com peso próprio e, desde já, torna o Brasil referência neste debate. É importante, porém, que esta discussão aconteça dentro do campo popular, com a maior profundidade possível, a fim de gerar mecanismos de defesa necessários para combater e punir este tipo de estratégia. Mas, vale insistir, vejo a questão das fake news como parte de uma estratégia mais ampla, na qual a judicialização dos processos eleitoral é o eixo principal, que também incluem fatos não determinados, prisões preventivas, buscando um efeito mais midiático que judicial.”
Ameaças de Bolsonaro à mídia e instituições
“Lamentavelmente, é impossível comentar o discurso ameaçador de Bolsonaro a respeito de certas instituições e dos meios de comunicação sem remeter ao meu próprio país. A Argentina mostra que é possível calar praticamente todas as vozes opositoras. Aqui estamos vivendo até casos de prisões preventivas de donos de meios de comunicação, numa tentativa de calar as vozes mais importantes deste campo É aí onde deve atuar a resistência de quem tem compromisso em difundir a realidade, reforçando a notável relevância dos meios independentes e alternativos.”
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Aline Piva, brasileira, socióloga e analista internacional, colaboradora do blog Nocaute, professora de Direito Internacional na Universidad Bolivariana da Venezuela. Ex-vice-diretora e editora-chefe da unidade de estudos sobre Brasil do Council on Hemispheric Affairs, em Washington DC
Repercussão nos EUA e na mídia internacional
“Acredito que a mídia internacional tem feito uma crítica mais honesta e sensata do momento histórico em que vivemos, se comparada à mídia tradicional brasileira. Com algumas notáveis exceções (o Wall Street Journal, por exemplo, fez um editorial endossando a candidatura de Bolsonaro), o tom na mídia internacional tem sido de perplexidade e de denúncia das características mais fascistas de Bolsonaro. A perplexidade vem no sentido de tentar entender como um país do porte do Brasil, e com um passado ditatorial tão recente, pode apoiar uma pessoa que representa os piores aspectos do autoritarismo. Por outro lado, ao mesmo tempo em que fazem a denúncia de seu caráter fascista, também colocam a possibilidade de que esse seja um governo ‘bom para os negócios’, o que traz certa ambiguidade à denúncia. O fato é que, em resumo, apesar de estarem assustados com o que vem acontecendo em nosso país, os interesses econômicos prevalecem – o que reforça a percepção de que esse será um governo profundamente alinhado com os interesses das elites financeiras nacionais e internacionais, em um momento em que a crise do neoliberalismo leva essas elites a adotarem soluções cada vez mais violentas para manter seus privilégios e ganhos.”
O futuro da diplomacia brasileira e o fator Israel
“Desde o golpe contra Dilma Rousseff, o Brasil vem perdendo relevância no cenário internacional. Passamos de ser um ator global com poder de pautar as discussões internacionais para um mero coadjuvante na disputa geopolítica que vem sendo travada entre Estados Unidos, Rússia e China. E esse é um cenário que tende a se agravar, uma vez que agora entraremos em uma fase distinta do golpe de Estado e da dissolução das instituições republicanas. Essa é uma fase em que a preocupação com a manutenção do verniz democrático (uma constante desde 2016) já não é um tema central, abrindo espaço para políticas cada vez mais entreguistas, o que deve contaminar até mesmo as instituições mais tradicionais, como o Itamaraty. Nesse sentido, creio que podemos esperar um alinhamento incondicional com a agenda de Washington, especialmente em temas relacionados à região.
Israel, por sua vez, joga um papel distinto, mas complementar, uma vez que é uma espécie de ‘garantia simbólica’ desse verniz nacionalista de Bolsonaro. Essa é uma tendência que observamos com cada vez mais força em movimentos de ultradireita em diversas partes do mundo, que usam a bandeira de Israel para justificar políticas xenófobas e racistas do ponto de vista interno, enquanto no cenário internacional adotam práticas ultraneoliberais – uma contradição que muitas vezes escapa à percepção pública.”
Relações com a Venezuela e os demais países vizinhos
“A eleição de Bolsonaro certamente muda o balanço de forças na região, que já vinha se configurando em um cenário desfavorável para a Venezuela. Até o momento, o que estávamos vendo era um aumento da retórica contra a Venezuela, mas que não necessariamente se refletia em ações práticas – veja, por exemplo, a recusa do Brasil em assinar a última declaração do Grupo de Lima contra a Venezuela, que pedia uma intervenção mais direta no país vizinho. Isso demonstra que, em certa medida, o Itamaraty seguia fiel aos princípios basilares de nossa política externa. O cenário agora é outro, e coloca em evidência as implicações geopolíticas da eleição de Bolsonaro. E aqui há dois desdobramentos: do ponto de vista interno, ou seja, da nossa diplomacia, é possível que comecemos a ver um afastamento desses princípios basilares de não-intervenção e de relações cordiais com nossos vizinhos para uma política mais agressiva.
Do ponto de vista internacional, já observamos um movimento de trazer para a América Latina a lógica que move as ações dos Estados Unidos no Oriente Médio. Temos, por exemplo, Tom Shannon afirmando, em entrevista à BBC Brasil, que o Brasil deveria entrar para a OTAN (assim como Colômbia já o está fazendo). Temos John Bolton, assessor de segurança nacional de Trump, afirmando que os Estados Unidos não irão mais tolerar a ‘Troika da Tirania’ Venezuela, Cuba e Nicarágua) na região – uma clara referência ao ‘Eixo do Mal’ de George W. Bush, que jogou o Oriente Médio em uma guerra que já dura quase duas décadas.
Em resumo, acredito que dificilmente as alas mais moderadas do Itamaraty conseguirão frear esse processo, e o Brasil deixará de ser o garantidor da paz regional para ser uma peça fundamental no processo de asfixiamento da Venezuela. Ainda que, historicamente, a guerra não é recurso utilizado por nossa diplomacia, acredito que essa não é possibilidade a ser descartada. Mas também acho importante termos sempre em conta que a região está em um processo de guerra híbrida, e isso quer dizer que os ataques vindos do Brasil não necessariamente necessitarão de tanques mobilizados nas ruas para acontecerem. É preciso estar muito atento aos movimentos mais sutis que certamente ocorrerão.”
Mercosul, o xadrez da geopolítica global e um projeto de mundo multipolar
“Eu vejo a posição de Paulo Guedes sobre o Mercosul como um reflexo das posições adotadas por Trump no cenário internacional, e que tendem a ser replicadas com especial ênfase por governos títeres, mais interessados em seguir à risca a agenda do Washington do que em atender aos interesses nacionais, como vem sendo o governo de Temer e será o governo de Jair Bolsonaro. Desde que assumiu o governo, Trump vem adotando uma posição de deixar de lado os foros de concertação multilateral e privilegiar as relações e negociações bilaterais. Essa é um cálculo político que vem do entendimento de que, em negociações bilaterais, é muito mais fácil exercer o poder coercitivo do que em negociações multilaterais. Agora, a diferença é que o balanço de poder real e simbólico dos Estados Unidos permitem que essa seja uma equação positiva para eles. O que não é o caso do Brasil e outros países da região, que ficarão à mercê dos interesses do vizinho do norte.
O processo de fortalecimento de foros de integração regional vinha justamente nesse sentido, do entendimento de que, individualmente, os países da região não teriam força suficiente para contrapor os interesses hegemônicos dos Estados Unidos. A ascensão de Mauricio Macri na Argentina, o golpe no Brasil, e tantos outros governos neoliberais na região colocam em xeque esse processo de integração, e jogam um papel fundamental na consolidação dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos na região.
Do ponto de vista econômico, o posicionamento dos jornais internacionais é bastante revelador: o Brasil está aberto a negócios. E não hesitará em desmantelar os foros de concertação regional que coloquem qualquer empecilho para a execução de uma política econômica ultraneoliberal.”
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Andrés Thomas Conteris, estadunidense, fundador do Democracy Now! en Español, jornalista e escritor
Steve Bannon e a avalanche de fake news nas eleições
“A eleição brasileira escancarou que propaganda falsa e enganosa continua sendo usada no hemisfério para cometer fraude eleitoral. O apoio dado a Bolsonaro por pessoas como Steve Bannon revelam que o extremismo é o maior vencedor, e não a vontade do povo brasileiro. Pessoas como Bolsonaro etiquetam o jornalismo que não lhes convém como fake media (mídia fake) e, ao mesmo tempo, se engajam em práticas ilegais que encoraja a mídia de direita a espalhar conteúdos falsos. A falta de transparência na declaração de fontes de volumosas quantias no apoio à campanha de Bolsonaro é outro exemplo de como o presidente eleito no Brasil se engajou e, certamente, seguirá se engajando em comportamentos ilícitos.”
Bolsonaro na mídia norte-americana e as relações com Trump
“Há uma variada gama da cobertura da eleição de Bolsonaro pela imprensa nos Estados Unidos. A mídia dominante, a bem dizer, praticamente ignorou a eleição. Muitos dos cidadãos estadunidenses sequer sabem que Bolsonaro foi eleito. A mídia independente e veículos progressistas, por outro lado, têm se empenhado em tornar conhecida a figura de Bolsonaro como um apoiador ativo do fascismo. Como Trump também mostra tendências fascistas, espera-se que ele e Bolsonaro tenham uma relação bastante próxima.”
O que representa a vitória de Bolsonaro e como ficam as relações internacionais
“O sentido da vitória de Bolsonaro mostra que o medo segue sendo uma arma muito poderosa. O suficiente para, pelo menos, balançar milhões de pessoas, como aconteceu na última eleição no Brasil. O medo perpetrado pela campanha foi algo esmagador e pode, sim, ser comparado com a forma que Trump vem agindo nos Estados Unidos. A ascensão de Bolsonaro ao poder certamente criará um buraco imenso na questão da integração e da cooperação regional na América Latina. O nacionalismo como princípio-guia provavelmente substituirá a democracia autêntica.”
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Javier Tolcachier, argentino, pesquisador do Centro Mundial de Estudos Humanistas, produtor na Agência Internacional de Notícias Pressenza e integrante do Fórum de Comunicação para a Integração de Nossa América (FCINA)
Integração regional, cooperação e Mercosul
“O governo de extrema direita acentuará o processo de decomposição dos mecanismos de integração soberanos, como Unasul e Celac. Também vai colaborar com o reposicionamento da OEA (Organização dos Estados Americanos), principal braço de ação da diplomacia estadunidense na América Latina e no Caribe.
Em relação ao Mercosul, o novo governo, à imagem ou caricatura do governo Trump, imitará a tentativa de impor novas condições aos aspectos que lhe sejam favoráveis, incluindo a ameaça de denunciar o tratado se não for liberado estabelecer negociações unilaterais, como rezam as atuais cláusulas do órgão. No caso argentino, haverá pressão de alguns setores brasileiros, já que a Argentina representa aproximadamente 7% do comércio exterior, sendo o terceiro maior destino de exportações e a quarta maior origem de importações brasileiras.
É provável, também, que o Brasil busque um relacionamento mais íntimo com os países integrantes da Aliança do Pacífico e intensifique, através do Grupo de Lima, o fortalecimento de um eixo militarista com o presidente colombiano e uribista Ivan Duque, além da pressão e das ameaças contra a Venezuela, Bolívia e outros países.”
Perpsectivas para a retomada de projetos democráticos e populares na região
“O pior que podemos fazer é olhar para trás com nostalgia. O que foi construído na chamada ‘década ganha’ (década ganada) foi feito, de uma forma geral, em um contexto que já não existe. As forças da crueldade não toleram compartilhar o lucro e estão saindo com tudo para recuperar o que consideram ser deles por ‘direito divino’.
É preciso haver unidade para a proteção mútua dos ataques das barbáries. Mas também é fundamental pensar e atuar de forma mais estratégica e menos reativa. Retomar e aprofundar a conscientização da transformação social nas bases, ao invés de seguir com a ilusão de que o crescimento do bem-estar social e do consumo garantiriam, por si só, a continuidade dessas políticas e o apoio aos governos progressistas.”
Guerra híbrida e as fake news de Bolsonaro
“Trata-se de uma réplica do que vem sendo feito em outros lugares. Foi assim na Grã-Bretanha, na ocasião do plebiscito sobre o Brexit; na campanha de Barack Obama e de Donald Trump, e que tem sido utilizado em maior ou menor medida em todas as campanhas políticas no mundo. São correntes supostamente espontâneas, que se aproveitam do sistema de segmentação e venda de dados pessoais. É a manipulação das redes sociais, que causam um certo deslocamento da centralidade dos meios de comunicação tradicionais, sobretudo nas novas gerações.”
Violência, autoritarismo e a omissão das instituições
“Cada Estado tem sua particularidade, mas a interconexão planetária homogeniza, em certo grau, os fenômenos. A onda nacionalista é, em parte, reação a essa tentativa de uniformização da globalização e da asfixia econômica e cultural que ela gera. Paradoxalmente, a matriz replicada em todas as partes do mundo é a mesma. Muitos países mostram o mesmo tipo de regime autoritário e a mesma decadência nas práticas democráticas, algo que o poder aproveita para eliminar a política e o Estado como catalisadores de possíveis mudanças em favor das maiorias. As grandes corporações criam a desordem social, ecológica, política e econômica, mas se negam a assumir suas responsabilidades. Em vez de ceder seu poder, tão concentrado, favorecem modelos autoritários para pretensamente impor ‘ordem’ ao caos que eles mesmo geram. Esse é o modelo atual do sistema.”
O poder da comunicação e a importância da batalha de ideias
“É necessário articular a diversidade para ganhar potência na comunicação. Em conjunto, podemos construir bastante coisa. Por outro lado, é preciso continuar o processo de alfabetização midiática da população, mostrando o modo nos quais operam os meios hegemônicos e o interesse antipopular que os impulsiona. “Os meios de comunicação são o ópio do povo” seria um aforismo adequado.
Temos que incluir nesse sistema de adormecimento midiático as redes sociais e as plataformas cinematográficas, que ajudam a semear veneno cotidianamente, fertilizando o terreno da manipulação. Ao mesmo tempo, temos de fortalecer iniciativas de comunicação próprias. Sem democracia na mídia e nas redes, também monopolizadas a nível mundial, é impossível falar em democracia real e plena. A batalha cultural é lenta e larga, mas é a única que garante mudanças sociais profundas e verdadeiras.”