As estratégias para uma efetiva comunicação com a sociedade foi o tema da mesa de abertura do seminário ‘Os desafios da comunicação nas administrações públicas’, que acontece em Salvador, da manhã desta sexta-feira (29/11) até a tarde de sábado (30). O debate se deu a partir do consenso de que há um estado de desinformação no Brasil a ser combatido e de que é preciso elevar o nível de conscientização política do povo brasileiro.
Por Erikson Walla e Nara Maria Santos
Foto: Camila Souza/GOVBA
A atividade é promovida pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, com o apoio da Secretaria de Comunicação do Governo da Bahia. Para discutir as alternativas de diálogo com a sociedade, foram convidados Cynara Menezes, jornalista do blog Socialista Morena; Sérgio Lírio, editor-chefe da revista Carta Capital; e Geórgia Pinheiro, do blog Conversa Afiada.
Cynara Menezes defendeu que o caminho da comunicação progressista não pode ser o mesmo adotado pela extrema direita, como sugerem alguns, porque, embora tenha garantido êxitos eleitorais, contraria princípios e objetivos. “A gente não tem como concorrer com eles, fazendo essa mentirada, porque o que queremos é melhorar a sociedade”.
O editor-chefe da Carta Capital concordou que é preciso encontrar um caminho próprio de se comunicar com a sociedade, afastado da experiência do grupo político liderado pelo presidente Jair Bolsonaro. “Tem gente que acha que se combate desinformação com meme, mas isso não dá resultado”, afirmou. Para Sérgio Lírio, o trabalho deve ser bem mais sério, porque o problema é mais complexo. “Fake news nem sempre alcança ignorantes, pois corrobora com a visão de mundo de cada um”.
A alternativa, na avaliação de Cynara Menezes, está na promoção de conversas reais com a sociedade. “Temos que ter encontros com as pessoas, olhar para elas, fazer uma comunicação horizontalizada”, disse. Além disso, Cynara aposta na inclusão e empoderamento de grupos sociais que são historicamente marginalizados e que já estão organizados, falando com muita gente.
“O termo ‘coletivo’ é bom para isso. Coletivo de mulheres, por exemplo. Vejo necessidade de empretecer, demachizar e deseterossexualizar, pois a comunicação progressista passa por dar voz aos excluídos. […] Eles é que são capazes de transmitir essa consciência política que a gente precisa”, completou a blogueira.
Salto tecnológico
Na ocasião, Geórgia Pinheiro contou sobre a exitosa experiência do ‘Conversa Afiada’, que está entre as mídias alternativas de maior sucesso no Brasil. Segundo ela, o segredo é não perder de vista a necessidade de se garantir qualidade e atualização tecnológicas às produções.“Salto tecnológico é algo que é preciso se observar, e é isso que perseguimos, claro que aliado a conteúdo, a profundidade, a credibilidade”, disse.
Até sábado, o seminário do Barão de Itararé promove outras mesas com discussões sobre comunicação estratégica, cultura para emancipação humana e redes sociais.