Se o Brasil tivesse ainda um Ministério Público, a reportagem da Folha sobre o fato de que Fábio Wajngarten, chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, continua com seus negócios privados com emissoras e agências de propaganda com as quais trata, em nome do Estado brasileiro, de negócios, além do sujeito ser expelido do cargo, por intolerável desvio ético, o Brasil estaria discutindo agora o inexplicável favoritismo que a Record e a Bandeirantes têm na distribuição da publicidade estatal.
Não há qualquer justificativa técnica ou econômica para a assimetria na distribuição de verba publicitária, ainda mais quando ela é – ou deveria ser – de utilidade pública.
Por Fernando Brito, no Tijolaço
Goste-se ou não da Globo, mostram que ela – embora em processo contínuo de queda, ainda tem pouco mais da metade da audiência.
Custo, em publicidade, mede-se basicamente pelo número de pessoas que visualizam a mensagem. Claro que pode haver variações pelo recorte de público que se quer alcançar mas não, como nos números levantados pela Folha, uma diferença tão grande nas destinações de verba.
Ou mesmo uma política de incentivo a quem se propusesse a fazer televisão sem baixarias e mundo-cão.
Mas não com este nível de distorção.
A participação da emissora do bispo Macedo e a da de Sílvio Santos, proporcionalmente à audiência, é pelo menos o quádruplo da que tem a emissora dos Marinho. A da Band chega a ser, sempre na proporção, seis vezes maior.
Imaginem se metade disso estivesse ocorrendo num governo petista. Estaríamos diante de editoriais furiosos, apresentadores vociferando e, claro, de promotores expeditos exigindo que prevalecesse a “mídia técnica” na programação publicitária do Governo Federal.
Mas com Bolsonaro, vale o “quem quer dinheiro?” o um espírito nada santo que bate palmas para quem põe a mão no bolso.