O jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept Brasil, foi denunciado por associação criminosa nesta terça-feira (21) pelo Ministério Público Federal (MPF). Ele é acusado pelo procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, que assina a denúncia, de ajudar na invasão de celulares de autoridades brasileiras. Outras seis pessoas também denunciadas.
Ao investigar o mesmo caso, na operação Spoofing, a Polícia Federal concluiu que não haver qualquer participação criminosa do jornalista norte-americano no caso. Nem mesmo as transcrições de conversas que embasaram a denúncia do procurador sustentam a tese de que Greenwald teria dado alguma orientação aos hackers para apagar o material. Ao contrário, a posição do jornalista nas conversas é pela preservação do sigilo da fonte, um direito fundamental protegido pela Constituição brasileira e que garante o pleno exercício da liberdade de imprensa e do exercício do jornalismo.
Por FNDC
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) diz que a denúncia contra Glenn Greenwald é baseada em uma interpretação distorcida das conversas do jornalista com sua fonte. “Tem como único propósito constranger o profissional, como o texto da denúncia deixa ver: por duas vezes, o procurador refere-se a Greenwald com o termo jornalista entre aspas, como se ele não se qualificasse como tal – e como se coubesse a um membro do MPF definir quem é ou não jornalista. É um absurdo que o Ministério Público Federal abuse de suas funções para perseguir um jornalista e, assim, violar o direito dos brasileiros de viver em um país com imprensa livre e capaz de expor desvios de agentes públicos”, diz a entidade.
A campanha Calar Jamais! reforça sua defesa da liberdade de expressão e expressa seu repúdio à denúncia do MPF, que além de ser completamente frágil e abusiva, é mais um perigoso precedente de ataque não apenas à liberdade de imprensa, mas ao próprio exercício da democracia.
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