7 de dezembro de 2024

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Associação policial tenta intimidar chargistas por críticas à violência da PM

A Folha de S. Paulo noticiou, neste domingo (14/6), que a Associação dos Oficiais Militares de São Paulo em Defesa da Polícia Militar (Defenda PM) está pedindo explicações de cinco chargistas e do próprio jornal por charges críticas à violência policial.

 

As charges foram publicadas em dezembro de 2019, ainda no contexto da violenta ação policial que resultou na morte de nove pessoas num baile funk na madrugada do dia 1º, em Paraisópolis. De acordo com o jornal, a Defenda PM “considera as charges ‘constrangedoras’ a ela e a seus cerca de 2 mil associados”.
 
Por FNDC

 

A reação da entidade, embora tardia (cerca de seis meses após a publicação das charges), configura mais um ataque de grupos autoritários à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa no Brasil. É evidente que as charges só constrangem àqueles que querem anular a realidade brutal que alimentam com corporativismo, autoritarismo e com o total menosprezo aos mínimos princípios democráticos.
 
Ao interpelar judicialmente os chargistas e o jornal, a Defenda PM está, na realidade, ameaçando-os com a possibilidade de ação penal. Os questionamentos da entidade extrapolam qualquer limite do mais simplório bom senso:
 
1) se os desenhos se referem a algum episódio específico,
2) se houve intenção de desqualificar profissionalmente integrantes das forças policiais
3) e sobre haver algum tipo de arrependimento por parte de seus autores sobre as obras.

 

Pedimos licença às vítimas de Paraisópolis e às outras vítimas da brutalidade policial, que somente no primeiro trimestre deste ano matou 255 pessoas em São Paulo, para rechaçar não apenas o cinismo violento desses questionamentos, mas a própria existência de uma entidade que existe para defender seus membros com um corporativismo tacanho e negacionista.