Em entrevista ao site Metrópoles nesta semana, o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, anunciou uma nova medida para desbolsonarizar a estatal. Ele afirmou que a EBC não comprará mais novelas da TV Record e que está em busca de produções internacionais na dramaturgia.
“A Globo não vende novelas… Da Record, não queremos comprar. São aquelas novelas bíblicas. A Band vende caro e não tem nada bom. Então estamos fazendo uma prospecção no exterior. Estamos avaliando produções da BBC, Deutsche Welle, produções mexicanas e argentinas”, explicou.
Por Altamiro Borges/Blog do Miro
Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
Retrocessos nas trevas bolsonarianas
Durante as trevas do “capetão” Jair Bolsonaro, a EBC foi desmontada, virou um antro de militares e teve a sua programação deteriorada. Entre outros retrocessos, como aponta o site, “ela abriu os cofres para a TV Record, emissora de Edir Macedo, bispo da Igreja Universal e apoiador do então presidente. Comprou a obra bíblica ‘Os dez mandamentos’ por R$ 3,2 milhões”, além da novela ‘Escrava Isaura’”.
Agora, no governo Lula, a EBC tenta se reerguer. Ainda enfrenta inúmeros problemas e forte tensão interna. Na entrevista, Hélio Doyle elencou suas prioridades. “Na TV aberta, temos a quinta audiência do país, estamos na frente da RedeTV. Mas é pouco, não estamos satisfeitos. Queremos uma novela que cause impacto, vamos fazer promoção, estamos atrás de esportes, vamos voltar com o Sem Censura de tarde”.
O novo presidente da EBC também explicitou que ainda esbarra em muitas incompreensões sobre o papel da empresa. “Afirmou que parte do governo Lula não entende a missão da estatal de fazer comunicação pública, e não propaganda do governo. E disse que, ao contrário do governo Bolsonaro, a empresa não terá uma lista de assuntos proibidos, e que atuará com liberdade”.
Separar comunicação pública e estatal
“Quando você mistura a comunicação pública com a governamental, você acaba muitas vezes usando a EBC para fazer propaganda de governo”, afirmou. Questionado sobre a lista de termos censurados na empresa durante governo fascista de Jair Bolsonaro, “quando a EBC era comandada por generais, Doyle disse que os jornalistas da casa terão liberdade para trabalhar”.
“Não vamos vetar nada, não vai ter nada proibido. Mas o editor tem o direito de fazer sua escolha, não quer dizer que é censura. Edição não é censura. Queremos fazer o jornalismo correto, ouvir os dois lados, checar a informação”.