21 de novembro de 2024

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Grande imprensa a serviço do rentismo

Foto: Eduardo P via Wikimedia Commons

Um editorial publicado recentemente, com o título “Privatizar Petrobras, Caixa e BB”, no jornal Folha de S.Paulo, mostra, mais uma vez, a grande imprensa a serviço do mercado financeiro. A quem interessa a privatização das três maiores estatais brasileiras, estratégicas, com altos lucros?

Por Neiva Ribeiro, Presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

A Petrobrás, a Caixa e o Banco do Brasil são empresas estatais com a missão de garantir os interesses da coletividade nacional, e não de atender a interesses de grupos privados, que operam em uma lógica de maximização do seu lucro. As estatais brasileiras tiveram lucros somados de R$ 197 bilhões em 2023, dos quais, R$ 49 bilhões foram para a União na forma de dividendos e participações.

O resultado da falta de compromisso dos governos anteriores com os trabalhadores e a população mais pobre foi evidente nos últimos anos.

O governo Temer acirrou a política de desmonte do Estado, com o objetivo de privatizar setores estratégicos do país. Para agradar os acionistas e aumentar seus lucros, em 2016, a direção da Petrobras, que tinha como Presidente Pedro Parente, optou por alinhar os preços domésticos dos derivados de petróleo à flutuação do preço internacional do barril. Com isso, a Petrobras reajustou diversas vezes o preço da gasolina e do diesel nas refinarias. O resultado, na época, para o consumidor final: os preços médios nas bombas de combustíveis subiram de R$ 3,40 para R$ 5,00, no caso do litro de gasolina (crescimento de 47%), e de R$ 2,89 para R$ 4,00, para o litro do óleo diesel (alta de 38,4%). Todas essas mudanças fizeram com que o Brasil ficasse vulnerável à precificação dada ao mercado internacional. Somente em maio deste ano, o governo Lula anunciou uma nova política de preços dos combustíveis e a Petrobras substituiu o regime de paridade com o mercado internacional.

A atuação dos bancos públicos também é fundamental como um dos principais mecanismos de política econômica e monetária, além de ter papel protagonista no desenvolvimento econômico, social e regional, por meio de políticas anticíclicas na concessão de crédito e barateamento de serviços bancários. Seja para a população de baixa renda – negligenciada pelos bancos privados – ou para financiamento do setor produtivo, especialmente, pequenas e médias empresas. Após desmonte nos governos anteriores, no país, os bancos públicos perderam participação no crédito geral, desde meados de 2019 detêm menos de 50% do crédito do Sistema Financeiro Nacional.

Observa-se ainda a redução no contingente de trabalhadores e agências. Em relação aos postos de trabalho, o Banco do Brasil fechou cerca de 30,9 mil postos, já a Caixa encerrou 14,6 mil empregos em 10 anos. A redução de agências aliada ao fechamento de empregos impacta negativamente na função social que estes bancos prestam para a nação.

O movimento sindical reafirma seu compromisso com as empresas públicas. A luta por uma empresa estatal rentável que tenha compromisso com seus trabalhadores e com toda a sociedade é mais que necessária.

É preciso manter a Petrobras cada vez mais forte no desenvolvimento nacional, possibilitando ter uma nação soberana, com controle sob as nossas riquezas naturais e estratégicas. E temos também de voltar a pensar em um sistema financeiro que promova crédito sustentável e barato, que inclua as pessoas que precisam ser bancarizadas, que atenda às peculiaridades regionais e geracionais do país, que ajude a desenvolver áreas prioritárias como habitação, agricultura e educação, que ajude a economia a retomar o crescimento e gerar empregos, que destine recursos para projetos de infraestrutura no país.