19 de fevereiro de 2025

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Renato Luque: a geopolítica e o futebol

Foto: Jim Watson/AFP

Dentre os ditados populares, um deles se destaca nestas poucas linhas. “Política, futebol e religião não se discutem”. Quem nunca ouviu esta máxima? É justamente a partir deste dito que é preciso começar a pensar e, talvez, quebrar tal regra para discuti-los.

Por Renato Luque*/ Rádio Peão Brasil 

Tirando a questão religiosa da coisa, aprofundemo-nos mais na política e no futebol. O esporte da grande massa é um dos mais populares do mundo, símbolo de paixão e devoção por times e seleções nacionais. Já a política é tudo aquilo que dita os rumos de uma cidade, um estado, um país e, com o mundo digital global cada vez mais potente, também todos os rumos de continentes e de todo o Planeta.

Estes dois tópicos precisam ser debatidos. Não que a política esteja ditando os rumos do futebol ou vice-versa. Até existem questões em que a política se faz necessária dentro do universo do futebol. Mas, neste caso, ela geralmente fica em segundo plano.

A Copa do Mundo de 2026 terá uma grande inovação. Três países foram anunciados como sede: Estados Unidos, Canadá e México. Na ocasião, eles irão abrigar, pela primeira vez na história, um torneio com 48 equipes de todos os continentes da Terra.

O evento, que será grandioso como sempre foi desde sua primeira realização, em 1930, no Uruguai, receberá torcedores do mundo inteiro. A expectativa é de um crescimento gigantesco com turismo nos três países. Mas será que a Copa ocorrerá sem intercorrências? Difícil imaginar.

As recentes notícias vindas da Casa Branca, que o mundo todo acompanha com certa perplexidade, podem abalar as relações entre os países sede e também na presença das torcidas.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, não promove muita coisa diferente de seu antecessor, Joe Biden. A única diferença está justamente no enrijecimento da aplicação da lei do país quando trata-se de imigração.

Um adendo é a relação estremecida entre os três países norte americanos. Trump já chegou a sugerir anexar o Canadá como território dos Estados Unidos, bem como a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, chegou a dar uma resposta à altura sugerindo que os Estados Unidos fossem anexados ao México.

Não bastasse tal desavença, Donald Trump impôs tarifas de 25% para importações do México e do Canadá, no chamado tarifaço. O Canadá decidiu retaliar e impor as mesmas condições para os Estados Unidos, enquanto México estuda adotar medidas tarifárias.

Toda essa briga política pode prejudicar o grande espetáculo futebol no ano que vem. Prosseguindo desta maneira, será que o mundo acompanhará uma Copa sediada nos três países?

Mesmo que os representantes políticos cheguem a um acordo de “cessar-fogo”, ainda há uma pedra no sapato, que é o enrijecimento da política migratória estadunidense.

A população dos quatro cantos do mundo quer acompanhar o evento, ingressos são vendidos sem que alguém sequer saiba quais são as seleções classificadas. Além disso, vale lembrar que é necessário toda uma documentação para turistas entrarem nos três países.

Diante deste cenário, surgem algumas dúvidas: as torcidas conseguirão vistos para a Copa do Mundo? O livre trânsito entre Estados Unidos, Canadá e México será permitido? A geopolítica permitirá que o grande evento esportivo aconteça?

A FIFA, que dita as regras e organiza os eventos futebolísticos, talvez deva recorrer a um Plano B, para que aconteça a Copa do Mundo 2026. Encerremos este artigo com outro ditado popular: “Quem viver, verá”.

*Renato Luque é jornalista e assessor de entidades sindicais