NaMaria, do blog NaMariaNews
Aécio Neves do PSDB está querendo ser presidente do Brasil na eleição de 2014. Aécio Neves tem uma irmã – poderosíssima a ponto de ser chamada de “primeira irmã da república das Gerais”.
Ela, Andrea Neves da Cunha, jamais brincou em serviço e nos serviços aos quais se presta.
Em seu verbete na Wikipedia (um mimo de texto de dar inveja nas santas dos altares de Mariana) ela aparece assim – grifos meus:
(…) fez parte do Grupo Técnico de Comunicação do Governo de Minas Gerais. Trata-se de um núcleo de trabalho que reúne os responsáveis pelas áreas de comunicação dos órgãos da administração direta e empresas públicas, entre outros, para estabelecer as diretrizes e a execução das políticas de prestação de contas do governo estadual à população. O grupo atua de forma colegiada e tem caráter consultivo e de assessoramento. (…)
No ranking dos mais poderosos do Brasil (IG-2013) , está na posição 42, atrás de José Serra, com 38 pontos.
Injustiça. Ambos deveriam ocupar a posição 45 por direito, afinidade e por fatos, mas Carlos Jereissati está ali, fazer o quê?
Já no texto do IG , bem mais interessante, a Sinhá Andrea do Tiradentes é assim pintada (grifos meus):
Reza o lugar-comum que político sem voto é político sem poder.
Pois bem… A máxima não vale a mínima quando proferida no Palácio Tiradentes, sugestivamente fincado na chamada Cidade Administrativa Tancredo Neves.
Andrea Neves, uma das herdeiras do capital simbólico do ex-presidente, precisou apenas de um eleitor, o irmão Aécio Neves.
O escrutínio em família foi o suficiente para transformá-la em uma das figuras mais poderosas – e temidas – da política mineira nos últimos anos.
Sem voto, mas com mandato fraternalmente concedido, tornou-se uma espécie de Cardeal Richelieu das Alterosas durante os oito anos da dinastia Aécio.
À frente do Grupo Técnico de Comunicação do Governo, Andrea despertou som e fúria, dependendo do gosto e do partido do freguês. Aos olhos da situação, ela teve papel fundamental na construção da imagem de Aécio como gestor competente que saneou as finanças do Estado.
Para a oposição, não passou de um tentáculo do irmão esticado em direção à mídia, que se valeu dos mais variados instrumentos para afagar ou sufocar veículos de comunicação.
Durante o governo de Aécio Neves, Andrea foi acusada de manejar as verbas de publicidade do estado de acordo com os interesses políticos de Aécio e de influir na imprensa mineira, a ponto, inclusive, de provocar a queda de jornalistas pouco simpáticos ao governo. Deputados da oposição chegaram a apresentar denúncias formais contra Andrea, imputando a ela e ao irmão desvio de recursos da área de comunicação do governo. (…)
Uma das primeiras vítimas da mão de ferro de Andrea foi o jornalista Marco Antonio Nascimento, quando ele era figura de alta patente da Globo em Minas Gerais.
Conheço de perto o caso, Vi, pessoalmente. Eu estava em Belo Horizonte, quando Andrea exigiu guilhotina ao pescoço e ao resto do Marco. Só porque ele mandou bala no Jornal Nacional em três matérias que muito desagradaram àquela nobre família Neves.
Uma delas sobre crianças usando crack no bairro de Lagoinha, bem pertinho do Departamento de Investigações do Estado, em BH – junto com isso as consequências sociais e a péssima situação da polícia. Compreende-se: afinal, uso de drogas é assunto privado, correto? Não é tema para o Jornal Nacionalmineiro.
A Richilieu [de saias] das Alterosas, como a chama o IG, “demitiu” o rapaz sem dó nem piedade, como se dona da emissora fosse e, consequentemente, como se não bastasse tirar-lhe o couro, levou também a alma: a Globo, com o rabo entre as pernas, o exilou numa afiliada em Alagoas, a TV Gazeta. Péssimo? Não, de frente para o mar.
Graças ao Marco Nascimento temos o primeiro, senão um dos primeiros, vídeos comprovandopublicamente a índole vingativa dos irmãos Neves.
Foi entrevista concedida a um aluno de jornalismo da UFMG (Marcelo Baêta), feita no quintal do Marco, sob um belo pé de acerola.
Chama-se Liberdade, essa palavra – parte 1 . Na parte 2, Baêta mostra como ficaram favoráveis as notícias sobre o governo Aécio, após os métodos enfáticos da Sra. Andrea.
Porém, vídeos da “juventude do PSDB mineiro” ou simplesmente do PSDB (a autoria é incerta), circulando na internet, tentam desmentir o que Marco Nascimento gravou com o Marcelo Baêta.
Lamento decepcionar a meninada tucana ou os autores da “resposta“. Marco Nascimento falou, sim, tudo o que aparece no Liberdade, essa palavra – parte 1.
O vídeo foi feito para um trabalho escolar, em 2005. Baêta assinou um documento dizendo que o material seria usado apenas no contexto de sala de aula, na conclusão do curso na faculdade. O autor também afirmava não tê-lo postado no YouTube. Então quem foi?
Acontece que o vídeo foi e ficou no YouTube; acabou descoberto, caindo geral na internet, nas caixas de e-mail de meio mundo.
Quando foi originalmente postado (início de 2006), não havia as edições que aparecem atualmente. Era somente o Marco Nascimento falando. Pessoalmente, achava melhor, mais lógico, claro e contundente. Não dava margem a desmentidos, desculpas e desditos.
Mas o que houve com o original? Sumiram com ele do ar. A desculpa: “reivindicação de direitos autorais”, como se a obra não fosse do autor.
Quem viu o filme do Marco Nascimento na íntegra, sem as atuais adições/edições, como foi feito anos atrás, como eu e muitos outros amigos vimos, sabem o que ele falou e como falou.
Fora da câmera, Marco repetiu aquilo tudo e acrescentou mais informações; era conversa em muitos churrascos, almoços e jantares naquele mesmo quintal.
Até mesmo a Folha diz : À Folha Nascimento disse que, de fato, atribui sua demissão a uma decisão da Globo, mas que reiterava tudo o que disse a Baêta. Ou seja, que os Neves estiveram na parada, sim.
Por essas e outras é recomendável assistir aos dois vídeos:
Heloísa Neves que é mencionada pelo Marco Nascimento (na Parte 1) era assessora do governador/Andrea. É ex-mulher do jornalista e publicitário Eduardo Guedes, que por sua vez assessora Aécio Neves – e é um dos réus do mensalão tucano , acusado de desviar R$ 3,5 milhões para a empresa de Marcos Valério.
Agora, muito está sendo dito sobre esses vídeos e sobre um outro, o Gagget Brazil (Brasil Amordaçado), igualmente censurado pelas mesmas mãos de ferro mineiras, várias vezes, mas que nunca mudou a versão.
Então eu proponho um momento de reflexão, na verdade uma homenagem, que serve a todos os envolvidos no caso.
A vocês esta obra de arte de 1975, Mordaça: