22 de novembro de 2024

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No RN, chargista é ameaçado de morte e tem trabalho adulterado

Publicado no Novo Jornal, onde a charge de Ivan Cabral foi publicada

Depois de ter sua charge “como acabar com um protesto dos coxinhas” adulterada e postada em redes sociais, além de ser compartilhada até por celebridades midiáticas como a jornalista do SBT Rachel Sheherazade, o chargista Ivan Cabral sofreu ameaças de morte via Twitter através do usário @povinhojecarn.

“Como acabar com um protesto de coxinhas” trata com humor irônico uma manifestação de defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), onde a multidão é dispersada depois que um livro de história é arremessado no centro do protesto.

O chargista Ivan Cabral está em dúvida se vai ou não processar o auxiliar administrativo Diego Costa, da CDL de Rezende, no Rio de Janeiro, que adulterou sua charge. E também analisa se vai fazer o mesmo com o autor do perfil do Twitter “@povinhojecarn”, cuja localização é em Parnamirim-Natal, conforme consta na conta.

“Depois que postei a charge original, o usuário do Twitter @povinhojecarn, ontem, postou várias ameaças. Depois que as divulguei nas redes, essas ameaças foram apagadas.

Tudo me parece uma grande bravata, destempero verbal, viabilizado por essa tensão nacional. Acho que esse episódio serve como amostragem da violência, feita por um número crescente de pessoas, contra qualquer um que ouse não defender o impeachment. Como se ser contra o impeachment fizesse de você um corrupto. Essas manifestações violentas começaram nas manifestações mas também envolveram atitudes hostis a membros do governo em restaurantes e locais públicos. E na web não poderia ser diferente”, pondera Ivan Cabral, depois que as ameaças foram feitas na segunda-feira, 21 de março.

Diego Costa, o rapaz que não respeitou os direitos autorais e modificou a charge de Ivan Cabral, usou seu próprio perfil no Facebook para confirmar que fez a alteração no dia 19 de março às 21h55. “Eu fiz essa montagem! Um cartunista de esquerda postou logo depois das manifestações do dia 13. Na versão dele as pessoas estavam de verde e amarelo e o objeto atirado era um livro de história. Na legenda ele dizia algo do tipo: “Como dispersar uma manifestação de coxinhas.” Então, eu baixei a foto, abri no photshop e troquei o amarelo por vermelho e substituí o livro de história pela carteira de trabalho. Mas só pra sacanear resolvi deixar a assinatura dele!” E completou: “ Bacana saber que tomou essa repercusão.”

Em conversa com advogados, Cabral ainda não definiu o que pretende fazer até porque, segundo ele, a situação não colocou em dúvida sua honra ou expôs sua família. “Às vezes as pessoas fazem por serem inconsequentes e nem tem condições de arcar com o que vem depois”, argumentou ele. “Vejo pelo lado mais pacífico e acho melhor pedir para retirar ou fazer alguma retratação pública”, acrescentou. Ele contou que ainda não conversou com o jovem carioca.

Ivan lembrou que esse não foi o primeiro caso do tipo. “A internet é quase um mundo sem lei e muita gente faz esse tipo de coisa”, conta. O episódio mais recente ganhou repercussão no último dia 18, quando o chargista potiguar identificou a alteração da sua arte por meio de uma postagem da jornalista do SBT, Rachel Sheherazade. Foi em meio aos comentários dessa postagem que o autor da modificação foi descoberto.

Na imagem alterada ao invés de um livro de história como na arte original, a montagem tem uma carteira de trabalho a exemplo das cores das roupas dos personagens trocadas do amarelo e verdes, para o vermelho em alusão à cor predominante do PT.

A arte original, contou Ivan, faz referência às manifestações contra o governo Dilma. “E o livro de história retratava a manipulação da mídia e ignorância de quem não conhece a história dos grandes golpes”. Ele garante não ser petista e diz estar “defendendo a legalidade”. Para ele, as pessoas estão enxergando o momento como uma forma de tomar partido para um lado ou outro “quando não é bem por aí”.

“O que está em jogo é que houve uma eleição e as pessoas querem mudar esse resultado a todo custo e estão esquecendo das questões legais, porque não é justo pedir um impeachment por causa de uma má administração”, argumenta. “Em suma, o que se vê é uma partidarização de vários setores e fica toda uma confusão”, definiu Ivan que não publicou a charge em questão no NOVO. Somente em sua página no Facebook, em seu blog. O jornalista Paulo Henrique Amorim também a publicou, a exemplo de outros perfis, depois da repercussão da adulteração.

Atualização

O auxiliar administrativo Diego Costa, da CDL de Rezende, no Rio de Janeiro, autor da adulteração da charge de Ivan Cabral publicou uma retratação sobre o caso. Ele pede desculpas e promete evitar o compartilhamento da polêmica imagem. Veja: