Por Altamiro Borges*
Enquanto as sete famílias que dominam e manipulam a mídia brasileira – Marinho/Globo, Abravanel/SBT, Saad/Band, Macedo/Record, Mesquita/Estadão, Frias/Folha e Civita/Veja – seguem em plena cavalgada para derrubar a presidenta Dilma, a imprensa internacional demonstra maior imparcialidade e já denuncia o golpe das elites no país. Nos últimos dias, Der Spiegel (Alemanha), El País (Espanha), Público (Portugal), The Guardian (Inglaterra), Página 12 (Argentina) e as redes de televisão BBC e Al-Jazeera, entre outros veículos, denunciaram as ameaças contra a democracia e criticaram a mídia monopolista e manipuladora do Brasil.
A alemã Der Spiegel chegou a estampar no título: “A crise institucional no Brasil: Um golpe frio”. A reportagem acusou a TV Globo de “estimular uma verdadeira caça às bruxas que tem como alvo o ex-presidente Lula”. Já a BBC de Londres trouxe longa entrevista com o jornalista Gleen Greenwald, que ficou famoso por denunciar a espionagem mundial dos EUA. Ele afirmou que os protestos contra o governo Dilma são “incitados pela mídia corporativa intensamente concentrada, homogeneizada e poderosa… As maiores redes são controladas por um pequeno número de famílias, todas veementemente opostas ao PT e cujos veículos de comunicação se uniram para alimentar esses protestos”.
O respeitado jornal britânico The Guardian alertou para o risco dos protestos “saírem do controle e degenerarem em violência desenfreada e na intervenção das Forças Armadas”. Já o jornal espanhol El País criticou Sergio Moro e os “juízes justiceiros que sonham com Watergate”. E o jornal argentino Página 12 entrevistou intelectuais brasileiros e internacionais que denunciaram a ofensiva golpista do empresariado, tendo à frente a decadente Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Por último, o jornal português Público condenou a “flagrante ilegalidade do vazamento de conversas telefônicas entre Dilma e Lula” e concluiu que o juiz Sergio Moro “avançou até ultrapassar todos os limites”. Ele também criticou a mídia brasileira. “É fundamental não esquecer que um dos problemas da democracia brasileira é a sua imprensa, que não procura ser objetiva e apoiou no passado as conspirações anticonstitucionais contra as forças políticas que se consideram de esquerda – ou seja, contrárias aos interesses da Casa Grande, como se diz no Brasil”.
*Altamiro Borges é presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé