Representantes de diversas organizações do movimento social e de partidos políticos participaram ontem, (1), do ato “50 anos do Golpe Militar – Ditadura Nunca Mais”, em Manaus. Cerca de 500 pessoas concentraram-se no Largo São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas e participaram da caminhada pelo centro de Manaus e realizaram apresentações culturais na Praça Heliodoro Balbi. O comitê estadual do FNDC, coordenado pelo Barão de Itararé, e a Coalizão dos Movimentos pela Reforma Política convocaram a atividade no Amazonas.
Por Anderson Bahia, de Manaus
Além de refutar a possibilidade de um regime ditatorial no país, o ato político chamou a atenção para a necessidade de fortalecer a democracia brasileira. Para isso, enfatizaram a campanha de mobilização e coleta de assinaturas de dois Projetos de Lei de Iniciativa Popular: o da Mídia Democrática e o da Reforma Política, com financiamento exclusivamente público de campanhas.
Duas outras bandeiras também foram ressaltadas na atividade. A troca de nomes de espaços públicos que homenageiam ditadores, assassinos e torturados do período da Ditadura e a desmilitarização da polícia. A última para condenar as ações de um Estado que ainda cerceia as manifestações pacíficas e democráticas.
De acordo com o vice-presidente da OAB seccional Amazonas, Marco Aurélio Choy, atividades como o ato que foi realizado destaca a construção permanente da democracia. “Participamos da Coalizão pela Reforma Política e também estamos inseridos, junto com todos os movimentos aqui presentes, nos processos que tendem a aperfeiçoar a democracia no nosso país”, destacou.
Os manifestantes saíram em passeata por algumas das principais avenidas do centro da capital do Amazonas. As pessoas que passavam pelas avenidas 10 de julho, Getúlio Vargas e 7 de setembro acompanharam o evento. Moradores de edifícios residenciais situados na avenida Getúlio Vargas jogaram papéis picados de seus apartamentos em solidariedade à atividade.
Guerrilha do Araguaia em frente ao prédio que abriu presos políticos
As apresentações culturais foram reservadas para a Praça Heliodoro Balbi, mais conhecida como Praça da Policia, ponto de chegada da passeata. No local há o Palacete Provincial que até meados de 2007 abrigava o comando da Polícia Militar. Durante a Ditadura, era o endereço mais conhecido pelos presos políticos da cidade, que ali tinham uma cela específica.
Nesse espaço, 20 ativistas dramatizaram a encenação da Guerrilha do Araguaia, um dos episódios mais grotescos dos anos de chumbo, no qual pouco mais de 60 militantes foram perseguidos por 25 mil militares. A encenação foi coordenada pelo ator e compositor Bosco das Letras e pelo compositor, poeta e coreógrafo Marcos Moura. O poema de Marcos, “Gente de Ferro e Flor – Aos Guerrilheiros do Araguaia” serviu de texto para conduzir parte da dramatização.
O combate à pedofilia: uma necessidade democrática
Na manhã de ontem (1), o movimento de mulheres, liderados pelo Fórum Permanente de Mulheres de Manaus (FPMM), realizaram um protesto na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) sobre as constantes denúncias de pedofilia que levam o estado para as TV´s de todo país. A última, veiculada no Fantástico da Rede Globo no último domingo, envolve também o deputado estadual.
Tanto na ALE-AM, como no ato da passagem dos 50 anos do Golpe Militar, as mulheres chamaram a atenção para a pauta. No estado, várias redes de prostituição infantil que beneficiam empresários e políticos já foram denunciadas. Na contramão da indignação popular, os deputados aprovaram uma CPI cujos trabalhos iniciarão apenas em novembro, numa clara tentativa de inibir impactos eleitorais nos pré-candidatos denunciados por esse tipo de crime.