21 de novembro de 2024

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João Pedro Stedile: “Se governo não investir nas mídias populares, vai se arrepender”

Dirigente e um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile concedeu entrevista coletiva às mídias alternativas nesta segunda-feira, 28 de agosto, ao vivo no canal do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Além de aprofundar temas como os reais interesses da CPI do MST e os rumos da reforma agrária no país, Stedile teve a oportunidade de opinar a comunicação no governo Lula 3.

Citando o problema do chamado “deserto de notícias”, Stedile mostrou-se preocupado com o dado divulgado pelo estudo Atlas da Notícia, do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor): 2.712 cidades brasileiras (com ao menos 26,7 milhões de habitantes) não contam com noticiário de imprensa local. “Isso deveria ser resolvido com rádios comunitárias, com acesso à Internet de qualidade para que os cidadãos acompanhem as mídias populares”, sugere.

O dirigente do maior movimento social da América Latina criticou a divulgação do governo sobre seus programas neste primeiro ano de mandato: “O povo precisa estar informado sobre o que é necessário, inclusive as políticas públicas”, diz. “Não adianta ter bons programas de governo se ninguém sabe que existem ou como participar”. “O governo”, em sua avaliação, “precisa ser mais ousado, [precisa de] uma política de comunicação que faça frente ao poder da Globo!”.

Em relação à distribuição da publicidade oficial, amplamente concentrada pela mídia hegemônica e, em especial, nas mãos da Globo, Stedile ironiza: “dar dinheiro para a Globo é como lavar um porco com xampu. Não dura 15 minutos!”.  “Se não colocar recursos na mídia popular, irão se arrepender, especialmente quando chegarem as eleições!”

Luta de ideias, mídia e a classe dominante

Suscistando o pensamento de Karl Marx, Stedile avalia ser crucial, para qualquer processo de transformação da realidade social, o empenho na batalha das ideias. “As classes dominantes são dominantes porque dominam as ideias, seja através das escolas, seja através dos meios de comunicação. Ela usa os meios de comunicação para legitimar seu projeto de dominação, de concentração e de exclusão”, sentencia. “O papel da Globo e de toda a mídia comercial é esse: legitimar, para os pobres e excluídos, as ideias da burguesia”.

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