1 de fevereiro de 2025

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Contrastes de janeiro: tirania nos Estados Unidos, esperança em Caracas

Janeiro de 2025 foi um mês de agudos contrastes políticos nas Américas, a partir da carga reacionária da posse do Donald Trump nos EUA e, na outra ponta, da posse de Nicolás Maduro, em 10 de janeiro, na Venezuela, para seu terceiro mandato, ecoando esperanças e defendendo o protagonismo dos povos.

Enquanto os meios de comunicação oligopólicos endeusaram, uma vez mais, os valores do presidente norte-americano e suas ameaças imperiais contra a democracia e os povos independentes, a posse de Maduro, escondida ou com cobertura manipulada pela mídia, veio carregada de valores anti-imperialistas, de aposta na emancipação dos povos e de resistência contra a onda fascista que cresce em várias regiões do mundo.

Beto Almeida para o Barão de Itararé*

Assim, não foi casual a coincidência da posse de Maduro – em si uma nova derrota do imperialismo – com a realização do Festival Cultural contra o Fascismo. Na ocasião, cerca de 1200 delegados vindos de 120 países distintos realizaram, em Caracas, mais uma plenária da Internacional Antifascista, com o compromisso de construir um mundo multilateral, cooperativo e com agenda de enfrentamento às políticas neocolonialistas impostas por países que se disfarçam atrás de um discurso pseudodemocrático para avançar na concentração de renda e riqueza, como se verificou também em 2024, registrando trágica expansão da miséria.

Na realidade, essa combativa atividade em Caracas foi uma resposta dos movimentos progressistas do mundo diante da frustrada tentativa do império e de alguns governos conservadores, através de sofisticada manipulação midiática, de construir a falsa noção de descrédito da democracia bolivariana e da própria posse de Maduro, que ocorreu em paz e sustentada por amplas manifestações populares, com o reconhecimento das forças progressistas de todo o mundo.

Enquanto Trump quer impor uma era de mentiras – com o apoio dos magnatas das Big Techs – e aplicar políticas de rapina e de coerção contra países como México, Venezuela, Cuba e China, a Revolução Bolivariana reafirma seu enraizamento nos movimentos populares e vai recuperando-se, pouco a pouco, da agressão movida pela Guerra de Quarta Geração lançada pelos EUA (ainda durante o Governo Obama) , e registra agora um crescimento de 8% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Desde 2015, a Venezuela passou a ser agredida por 937 sanções destinadas à destruição de sua economia, por meio da proibição da comercialização de petróleo. Há sanções, ainda vigentes, em que os EUA proíbem a Venezuela de comprar remédios quimioterápicos e de importar insulina! Apesar de todas essas rigorosas coerções, a Venezuela conseguiu alcançar a soberania alimentar. Ou seja, tudo o que é consumido no país hoje é produzido internamente, eliminando a dependência externa.

No momento em que Trump arrota ameaças contra a soberania dos povos e nações, é cada vez mais essencial que o Programa da Internacional Antifascista seja difundido por todos os povos, incluindo a decisão de realizar, no maior número de países do mundo, a comemoração sobre o 80º Aniversário da Vitória contra o Fascismo, aprovada por unanimidade na atividade realizada em na capital venezuelana. Além disso, os delegados da Assembleia da Internacional em Caracas também reforçaram as políticas de apoio ao Brics, à luta contra o novo colonialismo e pela unidade dos povos na luta contra o imperialismo, o que inclui a revisão do veto brasileiro ao ingresso da Venezuela no Brics e a defesa da Revolução Cubana, alvo de renovadas ameaças por parte da Administração Donald Trump.

*Beto Almeida é jornalista, diretor da teleSUR e conselheiro do Barão de Itararé e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

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Somos América é uma coluna periódica do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé dedicada à publicação de análises sobre comunicação, política e integração regional. A coluna traz textos exclusivos de autores e autoras diversos que estão conectados à rede do Barão de Itararé. O conteúdo dos artigos não expressam, necessariamente, a visão da organização.