O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad considera que a votação da Presidenta Dilma Rousseff na capital paulista foi prejudicada pela última edição da revista Veja, que trouxe denúncias sobre suposta corrupção na Petrobras. O petista condenou a forma como a publicação foi distribuída em pleno processo eleitoral.
“A última semana foi muito atípica. Nós tranquilamente superaríamos os 40% na cidade de São Paulo. A edição da revista Veja, a distribuição gratuita nos metrôs, trens e terminais, o rumor, que vamos apurar e punir, de que a Prefeitura tirava as revistas das bancas e, por fim, o boato da morte por envenenamento do doleiro delator”, denunciou Haddad nesta terça-feira (28) em entrevista a Paulo Henrique Amorim na TV Afiada.
E continuou: “Nosso tracking diário apontava algo em torno de 40 e 41%. Comparado com os 46% de 2010, não teria revelado nenhum problema. A cidade foi tomada por uma comoção nos últimos quatro dias antes da eleição”, declarou o prefeito.
Ainda nesta terça, ao SBT Brasil, a Presidenta Dilma defendeu uma regularização econômica dos meios de comunicação no Brasil ao afirmar que o “direito de resposta é democrático e deve ser regularizado.
Abaixo, trechos da entrevista de Haddad ao Conversa Afiada:
ELEIÇÃO DE 2014 E VOTAÇÃO DA DILMA EM SÃO PAULO:
A última semana foi muito atípica. Nós tranquilamente superaríamos os 40% na cidade de São Paulo.
Nosso tracking diário apontava algo em torno de 40 e 41%. Comparado com os 46% de 2010, não teria revelado nenhum problema.
Na última semana, sobretudo a partir de quinta, três ou quatro episódios dramáticos para a cidade.
A edição da revista Veja, a distribuição gratuita nos metrôs, trens e terminais, o rumor, que vamos apurar e punir, de que a Prefeitura tirava as revistas das bancas e, por fim, o boato da morte por envenenamento do doleiro delator.
Cidade foi tomada por uma comoção nos últimos quatro dias antes da eleição.
Em quatro dias,é natural termos caído de 40% para 36% na capital. Mesmo assim, tivemos o mesmo percentual de Belo Horizonte.
Afetou o humor da cidade.
IMPRENSA:
Vi hoje várias reportagens e vi um cartaz muito significativo: ‘eu quero que a imprensa fale, mas não quero que ela me cale’
O problema não é o que a imprensa diz, é o que ela não publica.
CONSTRUÇÃO DE CAMINHO PELA ESQUERDA EM SÃO PAULO:
Temos que reafirmar nossa agenda, de uma cidade para todos
Já há uma compreensão, sobretudo da juventude, que é a reapropriarão dos espaços públicos. Isso tem a ver com as praças WiFi, a iluminação LED, tem a ver com a coleta seletiva.
Tem uma agenda progressista que a juventude se apropria.
A cidade não pode cair de novo de optar pelo retrocesso.
CRISE DA ÁGUA NO ESTADO:
Ela (a crise) tem elementos desconhecidos da população e dos gestores.
Se desde 2011 há essa ameaça e a imprensa não divulgou?
Um relatório só foi divulgado na segunda-feira depois do primeiro turno, com o (Geraldo) Alckmin já reeleito (para governador)
Eu acho que a condução pela Sabesp e pela agência estadual reguladora Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia) merece criticas.
Causa estranheza ninguém saber o nome do presidente dessa agência reguladora.
Todos os prefeitos da região metropolitana buscam informações.
Já há desabastecimento que a imprensa tem noticiado
Reuniões da Sabesp com a prefeitura foram marcadas e remarcadas
Todos exigem transparência. Queremos saber sobre o planejamento da Sabesp
Queremos manter o assunto na grande política, mas dando uma resposta satisfatória à população
REELEIÇÃO DE DILMA E RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA:
A Dilma fez muito por São Paulo com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como obras de drenagem, mobilidade urbana, Minha Casa Minha Vida. Estamos com um cardápio de obras muito importante. Um pacote de R$ 14 bilhões.
Mas isso nada valerá sem a aprovação da renegociacao da dívida. Precisamos aprovar no Senado o PL (Projeto de Lei) de troca do indexador da dívida de São Paulo perante a União.
Agora é a hora de promover a redenção da cidade de São Paulo.
São 176 cidades na mesma situação e alguns Estados
O resultado da eleição no Rio Grande do Sul tem a ver com isso.
A renegociacao da divida não é questão partidária, é federativa.
A União não pode receber dos entes federados um juro superior ao que ela paga para rolar a dívida que ela assumiu de Estados e municípios.
No fundo, estamos financiando a União.
A Presidenta é a favor do projeto de lei que muda, que está na mão de Renan Calheiros (PMDB – Presidente do Senado)
PT NACIONAL:
O PT é cada vez menos paulista.
Somos partidos nacionais, como o PMDB
Temos um aprendizado de sete eleições presidenciais
Tem que elogiar a campanha do PSDB que assumiu o legado do Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente pelo PSDB. Foi um avanço
DIVISÃO DO BRASIL:
Não existe essa divisão.
A Dilma foi eleita com 56% dos votos em 2010. Agora, beirou os 52%.
Sempre haverá o contraditório.
Obama ganhou no laço, Hollande também.
Natural da democracia é ter uma disputa acirrada em torno de projetos e visões de mundo.