Editorial dos Jornalistas Livres
Essa notícia do sigilo de 50 anos sobre os boletins de ocorrência é gravíssima!
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por intermédio de seus dois braços (civil e militar) terá o o monopólio total das informações sobre a violência.
Está claro que os programas policialescos (os Marcelos Rezendes, os Datenas et caterva) continuarão recebendo os vazamentos das notícias que interessam à tropa e aos agentes.
Quem, entretanto, quiser desafinar o coro dos linchadores, terá grande dificuldade de ação.
Em muitas chacinas, a ação de milícias e de grupos de extermínio só pôde ser investigada porque repórteres dedicados foram ouvir o lado da família das vítimas. E esse tipo de informação (nome, endereço) consta do B.O., que era um documento público.
Era.
Agora, isso não será mais possível.
Só Alckmin e sua polícia vão saber onde se encontram os aterrorizados e traumatizados parentes das vítimas.
É um escândalo!
O caráter público do B.O. é uma garantia de defesa contra uma polícia que tem fé pública, mas frequentemente usa suas armas e a capacidade de intimidação para “fabricar” suas verdades, montar cenas de crimes etc.
Sem saber onde moram as vítimas, sem informações sobre o endereço da ocorrência, sobre o batalhão da PM envolvido, dificulta-se sobremaneira a denúncia dos abusos policiais, das ações de caráter racista e de discriminação social cometidas por agentes públicos aos quais caberia proteger a população.
Fora o fato de que todas as estatísticas de criminologia vão ficar à mercê do que a polícia centralizadamente queira divulgar.
Contra o sigilo. Transparência!
Para acabar com os maus policiais e a corrupção na corporação, a luz do sol é o melhor desinfetante!