Da redação
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald participa de debate, nesta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro, o papel da mídia brasileira e a conjuntura atual. Greenwald contará com a companhia do jornalista David Miranda e de Nathalie Drumond (Juntos!). A atividade, aberta ao público, ocorre no Galpão da Ação da Cidadania (Rua Barão de Tefé, 75), a partir das 19h.
Com um prêmio Pulitzer de jornalismo no currículo (2014), Greenwald tem sido uma das principais vozes a denunciar para o mundo o processo ilegal de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff. Em suas redes sociais, em artigos e em participações em programas da mídia estrangeira, como a CNN, o jornalista vem não apenas defendendo que ocorre um golpe no país, como também critica ferozmente o papel partidarizado e manipulador dos meios monopolistas.
O trabalho do nova-iorquino rendeu, no dia 29 de maio, um editorial raivoso d’O Estado de S. Paulo, visivelmente irritado por ter de lidar com vozes que rompem o pensamento único ao qual os jornalões comerciais estão acostumados. Para desqualificar a disputa pela narrativa do impeachment, que para Greenwald é golpe, o Estadão deu o título ao editorial de O jogo sujo da informação. Greenwald respondeu em sem Twitter:
O @Estadao tem razão: há um “jogo sujo da desinformação” – pela a grande mídia brasileira, que apoiu o ’64 golpe, contra a sua população
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 30 de maio de 2016
Parece que @Estadao é irritado que eles e Globo não podem mais controlar as informações que brasileiros recebem https://t.co/p8Rqian3cG
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 29 de maio de 2016
David Miranda também protagonizou episódio emblemático da disputa de narrativa com a mídia hegemônica ao escrever artigo para o The Guardian intitulado The real reason Dilma Rousseff’s enemies want her impeached, no dia 21 de abril. Na ocasião, João Roberto Marinho enviou resposta ao Guardian, publicada (de forma constrangedora) na seção de comentários do portal. Miranda publicou sua tréplica a Marinho aqui.
Confira, abaixo, o convite feito pelo próprio David Miranda no evento criado no Facebook:
ATENÇÃO: Amigas e amigos que estão confirmadas/os para o evento de semana que vem para debater a mídia brasileira e a conjuntura política. Adiamos o dia do evento porque na quarta-feira dia 01 de junho será um dia histórico de luta das mulheres contra o machismo e a cultura do estupro em várias cidades do país, inclusive aqui no Rio. Por isso, convoco todas e todos a somarem esforços para este ato. E no dia seguinte, quinta-feira 02 de junho faremos nosso encontro. Não divulgamos a alteração antes porque estávamos fechando o local. Como tem muita gente interessada resolvemos fazer no Galpão da Ação da Cidadania, lugar amplo que cabe todo mundo! Fica ao lado da Pedra do Sal, na Rua Barão de Tefé, 75. Ajudem a espalhar a notícia.
Na quinta-feira, dia 02/06, faremos um bate-papo público na Rua Barão de Tefé, 75, no Galpão da Ação da Cidadania, sobre o papel da mídia na conjuntura política nacional. Receberemos Glenn Greenwald para debater essas questões e novas formas de cobertura e jornalismo colaborativo para enfrentar os tempos de crise e a manipulação dos grandes canais.
O Brasil vive um momento político de grande instabilidade. Desde o início de 2015, partidos políticos de governo e oposição, que agora invertem seus papéis, vem travando uma verdadeira batalha de narrativas e versões acerca das causas e soluções para a crise econômica e política que vive o nosso país.
Essas narrativas vem sendo construídas e disputadas pelas diversas mídias, sejam elas as tradicionais, hegemônicas, como a Rede Globo, seja as de médio porte, independentes ou alternativas, conectadas com os movimentos sociais e outros setores da nossa sociedade.
Nesse período destacaram-se em plano nacional e internacional as contribuições feitas pelo jornalista Glenn Greenwald, com quem pude, através do The Intercept, produzir artigos e trabalhos denunciando os interesses por trás das posições da grande mídia brasileira no processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, que está vindo a público como um pacto pela estagnação das investigações e punições da Operação Lava Jato.