Por Flaviana Serafim, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Foto: Agência Brasil
Os jornalistas e radialistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) aprovaram estado de greve com indicativo de paralisação no próximo 28 de abril, dia em que ocorre a greve geral nacional contra a retirada de direitos trabalhistas e a reforma da Previdência Social.
A decisão foi tomada na tarde desta sexta-feira (31), Dia Nacional de Mobilização, em assembleia nacional com trabalhadores e trabalhadoras nas quatro praças da EBC – Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão. Em São Paulo, foram 25 votos a favor e duas abstenções.
As categorias estarão em luta contra a terceirização ilimitada, aprovada no último 22 de março pela Câmara dos Deputados, contra as reformas trabalhista e da Previdência. O Plano de Cargos e Remuneração (PCR) na EBC também está na pauta de reivindicações.
Na assembleia, os jornalistas e radialistas aprovaram, ainda, uma Carta Aberta denunciando a censura interna que atinge os veículos da EBC, numa prática envolvendo assédio aos trabalhadores, proibição do uso de imagens e até demissões.
Confira a íntegra do documento:
Carta Aberta dos trabalhadores da EBC
A assembleia nacional dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) vêm a público denunciar a prática de censura interna nos veículos da empresa.
Temos enfrentado, de forma cotidiana e generalizada, ingerência no trabalho jornalístico. Um exemplo simbólico aconteceu no dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações contra a reforma da previdência e trabalhista, no qual, diferente da tradição estabelecida na EBC, os jornalistas receberam a ordem de focar sua cobertura nas consequências sobre o trânsito. É a linha adotada na cobertura de outras manifestações dos movimentos sociais, o que limita o direito à informação do cidadão brasileiro.
A nova prática de censura dentro da EBC envolve o assédio a jornalistas e radialistas, proibição aos cinegrafistas e editores de imagem de usar determinadas imagens, e chegou inclusive a envolver demissão. São vários os casos denunciados à Comissão de Empregados e aos Sindicatos nos últimos meses.
Sabemos que tudo isso tem um motivo político principal, o de impedir a cobertura de manifestações da sociedade contrárias ao governo, dessa forma desrespeitando a própria razão de ser da EBC, expressa na sua criação, com o princípio de “autonomia em relação ao Governo Federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão”. Este fato tem relação com a Medida Provisória (MP) do governo Temer que retirou dispositivos que garantiam esta autonomia.
Nesta assembleia, em que os radialistas e jornalistas reafirmam sua posição contrária à retirada de direitos por parte do governo federal e indicam a participação na Greve Geral, também vimos a público dizer que temos a disposição de enfrentar a censura dentro da EBC e exercer plenamente a liberdade de imprensa dentro da comunicação pública.