21 de novembro de 2024

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Barão sedia lançamento de livro sobre Audálio Dantas e sua vida como parlamentar

Na quinta-feira (26), o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé sedia o lançamento do livro Audálio, deputado (João Scortecci Ed.), de autoria de Antonio Barbosa Filho. Haverá coquetel e o livro poderá ser adquirido, durante o evento, pelo valor de R$ 39. A atividade tem início às 19h e ocorre na sede da entidade, situada na Rua Rego Freitas, 454, 8º andar, no centro de São Paulo, próximo à estação Repúblico do metrô.

Sobre a obra

Audálio Dantas ficou nacionalmente conhecido como líder sindical dos Jornalistas, repórter e escritor, mas muitos se esquecem que ele teve uma breve passagem pela política parlamentar, exercendo um mandato de deputado federal entre 1979 e 1983. 

No sindicalismo, o que marcou Audálio foi sua conduta corajosa a frente do Sindicato dos Jornalistas de S. Paulo no momento do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975. Junto com sua diretoria e com Dom Paulo Evaristo Arns e o rabino Henri Sobel, ele foi um dos responsáveis pelo histórico Ato Ecumênico na Catedral da Sé, em memória de Vlado, episódio que abalou a ditadura militar vigente. Mais tarde, Audálio seria eleito também presidente da Federação Nacional dos Jornalistas.

Antes disso ele já se destacara como um dos melhores repórteres brasileiros, autor da célebre matéria sobre a escritora-favelada Maria Carolina de Jesus, cujos diários ele editou no livro “Quarto de Despejo”, um best-seller no Brasil, logo traduzido em 13 idiomas. De sua própria autoria, Audálio teve vários livros publicados, com destaque para “As Duas Guerras de Vlado”, vencedor dos dois mais importantes prêmios da Literatura Brasileira, o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e o Troféus Juca Pato, da União Brasileira de Escritores, em 2013. 

Convidado pelo então líder do MDB – Movimento Democrático Brasileiro (único partido de oposição legal ao regime militar, no bipartidarismo), Freitas Nobre, Audálio disputou uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de novembro de 1978, e apesar da total falta de recursos e de não ter nenhuma base partidária, elegeu-se com mais de 50 mil votos. 

Os quatro anos que passou na Câmara foram dedicados a defesa dos Direitos Humanos e dos Trabalhadores, numa fase em que o Brasil tinha dezenas de presos políticos, lutava-se (e conquistou-se) a Anistia para os exilados, e aconteceu a reforma partidária que extinguiu o MDB e a Arena e deu lugar ao pluripartidarismo. Nesse período, setores dos militares dividiam-se entre os que apoiavam a política de “abertura”  democrática anunciada por Geisel e Figueiredo, os dois últimos presidentes do regime, e os generais da linha-dura, que pretendiam prolongar o regime e para tanto chegavam a promover atos de terrorismo. Bombas explodiam jornais alternativos, bancas de jornais e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, matando uma secretária.

Audálio envolvia-se em todos esses temas polêmicos, assim como estava fisicamente presente nas portas de fábricas do ABC paulista quando das histórias greves de 1978, 79 e 80. Ali nascia um novo sindicalismo e logo o PT, sob a liderança de Luis Inácio da Silva, o Lula que tanto marcaria a História do Brasil nas décadas seguintes. Em 81, ao receber o prêmio Kenneth Kaunda de Direitos Humanos da ONU, em Nova Iorque (tendo como parceiros de honraria o ex-presidente estadunidense Jimmy Carter e a atriz sueca Liv Ülmann), Audálio fez a primeira defesa internacional de Lula, que já era perseguido pelos órgãos de segurança da ditadura.

Tudo isso está narrado no livro “Audálio, deputado”, um registro sobre a importância da atuação parlamentar numa fase de transição democrática, em muito semelhante a quem o Brasil terá que viver novamente, quando superar o atual estado de anomalia institucional – que, se não pode ser taxado de ditadura, tampouco é uma plena Democracia.

O autor

Antonio Barbosa Filho é jornalista, nascido em Taubaté-SP. Trabalhou na Rede Globo de Televisão, Tribuna da Bahia, rádios e jornais da região do Vale do Paraíba paulista, onde foi por vários anos corresponde das rádios CBN e Jovem Pan. 

Foi secretário de Gabinete Parlamentar de Audálio Dantas durante a maior parte do seu mandato e manteve-se amigo próximo por cerca de 40 anos. Antonio Barbosa Filho é coordenador regional do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé no Vale do Paraíba e tem quatro livros publicados: “Cartas da Holanda” (2006); “A Bolívia de Evo Morales”, prefaciado por José Dirceu, (2008); “A Imprensa versus Lula” (2009); e “O Brasil na era dos imbecis – o discurso de ódio da Direita” (2011), primeiro livro a tratar da pregação extremista de Olavo de Carvalho. 

“Audálio, deputado”  é publicado pela João Scortecci Editora, tem 120 páginas, e prefácio do jornalista Altamiro Borges.

Em São Paulo tem lançamento marcado para o dia 26 de setembro, às 19:00 hs., no Centro Barão de Itararé, Rua Rêgo Freitas, 454 – 8o andar, com coquetel, homenagem a Audálio Dantas e sessão de autógrafos. Parte da renda dos livros irá para o Centro Barão de Itararé.