A Folha informa que a “Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Jair Bolsonaro apagou tuíte publicado na quinta-feira (21) em que dizia que a “cloroquina/hidroxicloroquina é o tratamento mais eficaz contra o coronavírus atualmente disponível”. Fábio Wajngarten, o olavete que chefia a Secom e já está todo enrolado na Justiça, pelo jeito ficou com medo de ser processado também criminalmente.
Por Altamiro Borges*
Apesar dos riscos de efeitos colaterais, a mensagem agora apagada pela Secom afirmava: “O Brasil ganhou mais uma esperança no tratamento do coronavírus. O Ministério da Saúde adotou novo protocolo para receita da cloroquina/hidroxicloroquina. O medicamento é considerado o mais promissor no combate à Covid-19”. Mais uma fake news irresponsável de Fábio Wajngarten.
O uso da cloroquina/hidroxicloroquina ainda não tem eficácia comprovada no tratamento do coronavírus. Vários estudos científicos no mundo alertam que seu uso pode estar relacionado com o aumento de mortes por problemas cardíacos, como arritmia. A Secom do fascistinha poderia ser responsabilizada criminalmente no futuro. Daí a retirada agora das falsas mensagens publicitárias.
Mas o olavete Fábio Wajngarten, famoso miliciano da internet, só recuou devido à gritaria das redes sociais. Como relata a Folha, “no Twitter, centenas de usuários relataram ter denunciado a publicação como ‘incitação ao suicídio’, na tentativa de que a plataforma excluísse o conteúdo. No entanto, antes que o Twitter tomasse qualquer decisão, a Secom presidencial apagou a mensagem”.
Prefeituras também se rebelam
O novo protocolo do Ministério da Saúde propagandeado pela Secom tem gerado revolta em vários setores. Na sexta-feira (22), as prefeituras de Rio de Janeiro, Porto Alegre e Florianópolis divulgaram nota técnica conjunta instruindo seus agentes da Atenção Primária à Saúde (APS) a não receitarem cloroquina a pacientes com coronavírus. “Ressaltamos o risco que a prescrição de medicamentos e exposição a seus efeitos colaterais pode trazer. Inclui-se a incidência de arritmias cardíacas”, afirma a nota.
No mesmo rumo, secretários estaduais de Saúde de governos com distintas filiações partidárias têm se rebelado contra o novo protocolo do laranjal bolsonariano. “Precisamos de medicina baseada em evidências, com foco na segurança do paciente, não precisamos de medicina baseada na política”, argumenta o médico Nésio Fernandes, secretário do Espírito Santo.
“Políticos não devem opinar sobre conduta médica, assim como médicos não podem usar sua posição política para balizar a conduta clínica”, reforça Carlos Lula, secretário do Maranhão. “O presidente não cursou Medicina, creio, e não tem a noção correta dos malefícios que a cloroquina pode causar”, complementa Geraldo Resende, secretário do Mato Grosso do Sul.
Drauzio Varella
Ainda sobre o tema, vale registrar a angústia do renomado médio Drauzio Varella:
“Duas trocas de ministros numa fase crucial da disseminação da epidemia mantêm o Ministério da Saúde de mãos atadas há mais de um mês, enquanto o presidente faz o diabo para acabar com o isolamento social e impor um medicamento inútil, com efeitos colaterais eventualmente graves. Por que essa obstinação? Para dar a ilusão de que existe cura para quem contrair a doença nas ruas? A situação em que estamos, não poderia ser imaginada nem sequer no mais terrível pesadelo”.
*Altamiro Borges é presidente do Barão de Itararé