A receita básica para a missão de difusão de informação e interação com os trabalhadores a ser cumprida pelas entidades sindicais foi dada pelo jornalista João Franzin, convidado da edição de estreia do “Barão Sindical”, programa mensal lançado pelo Barão de Itararé, no sábado, 1º de maio.
Diretor da Agência Sindical há 30 anos e atuando na área “desde o tempo do linotipo”, ele defende que se produza conteúdo útil, transmitido de forma clara e que propicie aproximação com o público “Do mimeógrafo ao Instagram, vale primeiro falar a verdade, que tem mais força que tudo. Um dos desafios é fazer a comunicação depois ou ao mesmo tempo em que se ouve a base, fazer uma comunicação que oriente a base a lhe dar retorno; que não fique só o dirigente falando, dando diretrizes, fazendo pregação. A tecnologia nos trouxe a vantagem para ouvir e estimular o senso crítico.”
Para Franzin, embora a comunicação sindical não deva ser feita tendo a direção sindical como emissora única, as lideranças qualificadas e que compreendem a importância do trabalho profissional são fundamentais para que o esforço seja bem-sucedido. “Quando o dirigente se concentra nos interesses da categoria, a comunicação é muito fácil porque já se tem orientação e segurança no trabalho. Também ajuda muito o dirigente sindical disposto a ouvir quem tem experiência”, ressalta.
Entre os muitos desafios, ele lembra a dificuldade em se atingir o conjunto dos trabalhadores tendo em vista o alto desemprego, a precarização e a pulverização das bases. Levando isso em conta, ele propõe falar primeiro com os núcleos organizados, mas sem se limitar a esse grupo e extrapolar, inclusive, os locais de trabalho, alcançando o universo familiar e até religioso. “Nesse mundo disperso, não dá para falar com todo mundo ao mesmo tempo, mas há algum tipo de organização social e uma delas são as igrejas. Todos elas têm um sentimento agregador, o sindicato também; todas têm um sentimento de proteção, o sindicato também; todas têm uma ideia de respeito ao próximo, o sindicato também”, pondera.
Na entrevista, Franzin reflete ainda sobre o reposicionamento do poder público frente às demandas trazidas pela pandemia do novo coronavírus. “O neoliberalismo é o capitalismo na sua face terrorista, que desrespeita nações, interesses de povos e regiões. Trabalha com a lógica de desorganizar tudo para organizar apenas seus interesses. Há sinais de que começa a haver a retomada de bandeiras históricas em relação ao papel do Estado. A pandemia mostrou que o mercado é um santo de pés de barro; o mercado não resolveu um único problema. Não fosse o SUS, teríamos não 400 mil mortos, mas 700 mil.”
Confira a entrevista no vídeo
Barão Sindical – Após o lançamento em data especial para reforçar a comemoração do 1º de maio, o programa Barão Sindical, que coloca em pauta a nobre comunicação dos trabalhadores, irá ao sempre na segunda sexta-feira de cada mês. A próxima edição estará disponível no Canal do Barão no Youtube e na página da entidade no Facebook no dia 11 de junho.