21 de novembro de 2024

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Em live, desembargadora Kenarik Boujikian fala sobre a situação dos direitos humanos no Brasil

A desembargadora aposentada Kenarik Boujikian Felippe será a entrevistada da Live do Canal Amigos ENFF no YouTube no dia 8 de junho, com transmissão simultânea no Canal do Barão, para falar de Direitos Humanos e Justiça no Brasil, no complicado quadro conjuntural atual.

Formada em Direito pela PUC-SP em 1984, Kenarik Boujikian iniciou sua carreira na magistratura em 1989 e a encerrou em 2019, com a aposentadoria após 30 anos de militância profissional pela justiça e cidadania, sendo muito homenageada. Nascida na Síria, neta de refugiados do ‘Genocídio Armênio’, migrou para o Brasil aos 3 anos de idade com seus pais e se tornou brasileira por opção. Foi juíza em diversas cidades do Interior paulista até chegar ao cargo em 2º grau em 2011, e finalmente, desembargadora em 2017.

Colaborou para a fundação e integrou a direção da AJD – Associação Juízes para a Democracia, e da ABJD – Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, mais ampla, e que também é integrada por advogados e advogadas de todo o Brasil. Durante sua vida profissional integrou o grupo de trabalho e estudos sobre Mulheres Encarceradas, produzindo um dossiê sobre violência contra as mulheres nestas condições. Também é conselheira do Fundo Brasil de Direitos Humanos. Por sua forte atuação humanitária, recebeu o Prêmio Franz de Castro Holzwarth de Direitos Humanos, da OAB-SP, em 2002.

Em 2010 Kenarik foi responsável pela condenação do médico Roger Abdelmassih a 278 anos de prisão por múltiplos crimes de estupro e manipulação genética em sua clínica de fertilização, tendo sido a pena mais alta já fixada para esse tipo de crime no país.

Ela crê que o Brasil é, infelizmente, um dos países mais machistas do mundo, onde ocorrem muitos crimes contra mulheres e crianças. Em uma entrevista sobre sua carreira jurídica, comenta: “Quando entrei para o Judiciário, eram somente 29 mulheres. Hoje contamos com cerca de 900 e, para que isso ocorresse, houve muita luta”.

Conhecida por sua luta em defesa dos Direitos Humanos, Kenarik chegou a ser processada no TJ de SP, e no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por mandar soltar réus em longas prisões provisórias sem condenação, mas acabou absolvida pelo CNJ por 10 votos a 1.

Nas eleições de 2018 foi censurada no TJ por ter usado uma camiseta com a estampa #EleNão, em oposição ao candidato Jair Bolsonaro, mas acabou não sofrendo nenhuma sanção a respeito. Agora, aposentada, a juíza pode exercer seu direito de opinião política, sem retaliações de uma instituição conservadora, e por vezes, machista, que ainda é o judiciário brasileiro. Para ela, a luta das mulheres é uma luta pela própria “dignidade humana”.