5 de dezembro de 2024

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Luciano Martins Costa: A chaga do fascismo

A mídia hegemônica induz os protagonistas das redes sociais a comprar a ideia de que há uma luz no fim do túnel, sinalizado por pesquisas de intenção de voto que apontam a derrota do atual presidente nas eleições deste ano.

Mas, mesmo que isso ocorra, estaremos muito longe de uma restauração da ordem democrática e de um avanço real na pauta das urgências sociais, econômicas, políticas e culturais.

Por Luciano Martins Costa

Em quatro anos de desgoverno, a milícia fascista respaldada por parte das Forças Armadas terá deixado o Estado em petição de miséria e a sociedade envenenada.

O fascismo não pode ser tratado como um incidente histórico e esse tem sido o erro principal das forças progressistas, que em graus variados se aproximam dos ideais civilizatórios.

O fascismo, em sua versão histórica ou contemporânea, é sempre resultado de uma obra planejada, cujas raízes, recursos e energia brotam de um projeto econômico.

No fascismo histórico, tratava-se de preservar ou restaurar os interesses das oligarquias.

Por trás do fascismo contemporâneo campeia o plano neoliberal de assaltar o Estado para dar ao capital excessivamente líquido novos objetos de exploração.

Isso não quer dizer que tudo deva girar em torno do Estado, e esse também tem sido um ponto de discórdia entre as correntes progressistas.

O que há a se fazer é interromper esse círculo perverso pelo qual o chefe do governo distrai a atenção pública enquanto seus parceiros depredam o patrimônio público.

Mas, e depois das urnas?

Aqueles que celebram estatísticas que supostamente apontam para um ponto final desse governo nas eleições deste ano esquecem ou ignoram o que há por trás dessa máquina de demolição.

O fascismo é uma infecção que se vale da fragilidade do sistema imunológico da democracia para atacá-la de dentro e, no interior do organismo, destruir seus fundamentos, alterar suas características genéticas.

O fascismo não é liberal, apesar de servir a esse aglomerado de platitudes que alguns colunistas espalham pela imprensa hegemônica, mas muitas das chamadas forças liberais aproveitam para ganhar o quanto se possa.

A perspectiva de uma vitória eleitoral de uma chapa antifascista em outubro e as celebrações prometidas nas redes sociais não devem ocultar o fato de que em quatro anos de desgoverno tem sido possível minar profundamente não apenas as instituições públicas, mas o etos nacional.

O fascismo feriu gravemente a sociedade brasileira com o veneno das mentiras travestidas de meias verdades dogmáticas.

O fascismo contamina o organismo social com os demônios da violência e da intolerância. O Brasil vai provavelmente precisar de mais de uma década para recuperar suas instituições, a economia, as normas legais e a própria Constituição.

Mas a principal tarefa, depois de extraído esse tumor do governo, será limpar da sociedade o espírito maléfico que por aqui se instalou.