7 de dezembro de 2024

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Agressões a jornalistas cresceram 23% em 2022

No último ano das trevas bolsonarianas, os ataques aos profissionais da imprensa – pincipalmente às mulheres – cresceram 23% na comparação com 2021, segundo um estudo elaborado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A “família” Bolsonaro foi responsável por 41,6% dos casos de violência.


Por Altamiro Borges

O levantamento foi divulgado na quarta-feira passada (29) durante um debate em São Paulo sobre as emoções à liberdade de expressão. Ele contabiliza agressões verbais e físicas feitas diretamente a profissionais e também os chamados discursos estigmatizantes, que buscam descredibilizar o trabalho jornalístico.

No ano marcado pela encarniçada disputa presidencial, em 2022, foram registrados 557 ataques a jornalistas e meios de comunicação. Em 2021, foram 453. Já no primeiro ano da pesquisa, em 2019, foram computados 130 episódios. A Abraji afirma que 2022 foi o ano mais violento para os comunicadores desde o início do monitoramento.

Ações mais violentas partindo de bolsonaristas

“Os episódios mais frequentes no ano passado (61,2% do total) foram os de discursos estigmatizantes. A média foi de um ataque por dia com a intenção de desmoralizar jornalistas e a imprensa. Em 75,7% das situações, os agressores eram agentes estatais, como políticos e funcionários públicos. A segunda categoria com mais casos (31,2%) foi a de agressões e ataques, que inclui violações físicas, destruição de equipamentos, ameaças e hostilizações. A Abraji considerou o aumento de 102,3% nesse tipo de ocorrência em relação a 2021”, sintetiza a Folha.

As ações mais violentas ocorreram logo após o segundo turno da eleição em ocorrência dos protestos de apoiadores de Jair Bolsonaro contra a vitória de Lula e da organização dos acampamentos golpistas em frente aos quartéis do Exército. O monitoramento também indicou que 41,6% de todos os ataques em 2022 foram protagonizados pelo então presidente e por seus três filhotes com mandatos eletivos – o senador Flávio Rachadinha (PL-RJ), o deputado Dudu Bananinha (PL-SP) e o vereador Carluxo Pitbull (Republicanos-RJ).

“Jair Bolsonaro liderou ainda o ranking de ataques perpetrados por candidatos à Presidência. Dos 51 casos registrados, o então mandatário esteve envolvido em 50,1%. Na sequência vêm os então postulantes Sofia Manzano (PCB), aparecendo em 15,7% dos episódios, e Padre Kelmon (PTB), em 9,8%. De acordo com a Abraji, não foram identificados discursos estigmatizantes publicados durante o período de campanha nos perfis de Lula, Simone Tebet (MDB) e José Maria Eymael (DC)”, relata o jornal.

O monitoramento também fez uma análise específica sobre a violência de gênero sofrida por jornalistas. Foram 145 episódios do tipo, um aumento de 13,1% em relação a 2021. Profissionais mulheres foram 97% das vítimas nesse recorte, na maior parte das vezes por causa da cobertura política. “Para os responsáveis ​​pelo levantamento, os dados mostram a tendência de mulheres serem alvos de ameaças e constrangimentos, com o uso de ofensas pessoais e misóginas”, enfatiza uma reportagem da Folha.

Imagem: Machado /RSF