22 de novembro de 2024

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Impune no caso Cachoeira, Demóstenes Torres é protegido pela mídia

Por Altamiro Borges*, em seu blog

Na semana passada, o ministro Sebastião Reis Júnior, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu suspender a ação penal contra o ex-senador Demóstenes Torres que tramitava em Goiás. Neste processo, o ex-demo era acusado de corrupção passiva e de advocacia em favor do mafioso Carlinhos Cachoeira. A mídia venal, que adora promover a escandalização da política, quase não noticiou mais este caso grotesco de impunidade. Afinal, Demóstenes Torres sempre gozou da proteção da velha imprensa. A asquerosa “Veja” chegou a elegê-lo como “mosqueteiro da ética”. Em uma singela notinha, o site da revista Época ainda relatou a “emoção” do ex-senador com a sua estranha absolvição:

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Decisão do STJ emociona Demóstenes Torres

Por Flávia Tavares – 04/11/2014

O ministro Sebastião Reis Júnior, do Superior Tribunal de Justiça, suspendeu ontem a ação penal contra o ex-senador Demóstenes Torres no Tribunal de Justiça de Goiás… ‘Ele está feliz, emocionado’, disse o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, Kakay, que recebeu mensagem de Demóstenes. A defesa sustentou o velho argumento de que a polícia precisava de autorização do Supremo Tribunal Federal, e não apenas da primeira instância da Justiça federal, para a investigação que pegou Demóstenes em contatos com Cachoeira.

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As provas da ligação do ex-demo com o mafioso Carlinhos Cachoeira foram abundantes, conforme denúncias feitas na época pela Polícia Federal. Elas inclusive resultaram na cassação do mandato de Demóstenes Torres pelo plenário do Senado em 2012. Ele foi acusado de usar o cargo de senador para ajudar os negócios ilícitos do bicheiro. Apesar disto, o ministro do STF “viu indícios de ilegalidade nas interceptações telefônicas que deram fundamento à acusação contra Demóstenes”, relata o portal G1. “Sebastião Reis Júnior explicou que suspendeu a ação por ‘prudência’, já que o caso está próximo de ser julgado pelo Tribunal de Justiça de Goiás”.

Caso as escutas telefônicas das duas operações da Polícia Federal – Vegas e Monte Carlo – sejam anuladas, o ex-demo ficará totalmente livre do processo. Seus advogados de defesa também já solicitaram que sejam revogadas outras decisões relacionadas ao escândalo, como a que afastou Demóstenes Torres do cargo de procurador de Justiça do Ministério Público Estadual de Goiás. No Conselho Nacional do Ministério Público, uma ação administrativa também impedia o “mosqueteiro da ética” de atuar como procurador, mas no mês passado uma liminar do ministro Gilmar Mendes – sempre ele – cassou essa decisão. E ainda há gente que acredita na imparcialidade do Judiciário e na neutralidade da mídia venal!

*Altamiro Borges é presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé