Um encontro pela resistência democrática. Foram assim os dois dias de debate que aconteceram no Centro Cultural da UFMT, neste final de semana, nos dias 28 e 29 de setembro de 2017, reunindo os juristas Gustavo Teixeira e Vilson Nery, um pequeno grupo de militantes de esquerda de Mato Grosso, notadamente do PT e do PC do B, estudantes do curso de Direito da UFMT e os convidados especiais Eduardo Guimarães, blogueiro do Movimento dos Sem Mídia, Laura Capriglione, do coletivo Jornalistas Livres e Cido Araújo Lima, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
Gostei do que vi. Principalmente da contextualização amiga que os palestrantes convidados fizeram, quando ficou patente que o evento não contaria com um grande público. A conjuntura, em todo o Brasil, segundo eles, é de uma grande perplexidade, com as pessoas, os movimentos e mesmo os partidos de esquerda, procurando rumos que sejam consequentes para o enfrentamento da crise que se abateu sobre o País, depois do golpe midiático, jurídico e parlamentar contra a presidente Dilma.
Eram muitos petistas e simpatizantes do PT na plenária. Bateu-se muito no atual bloco de poder, capitaneado pelo golpista Temer. O comprometimento da alta cúpula do Judiciário com o ataque à esquerda também foi muito comentado, tal como o engajamento da grande mídia na derrota dos governos populares de Lula e Dilma. Só que não se calaram as críticas aos erros de método que marcam a trajetória do PT, não só durante suas gestões em Brasília, como também nesse período mais recente.
A jornalista Laura Capriglione, por exemplo, historiou o grave momento de covardia política que foi o apoio do prefeito Fernando Haddad ao governador Geraldo Alckmin no episódio da ocupação das escolas públicas em São Paulo. “Não adianta a gente fazer um balanço pela metade. O PT não soube dar um tratamento cidadão às organizações populares que se manifestavam em São Paulo”. Quando à utilização de redes sociais como o Facebook e o Youtube para a veiculação de uma informação alternativa, ela justificou. “Vai ser assim até que a gente assumir o poder. Se a gente for esperar os meios de produção estarem na nossa mão, não haveria um único jornal operário. A nossa vida de lutadores sociais é essa, de hackear as frestas do capitalismo”.
Do encontro, ficou o desafio para que experiências como a que aconteceram, neste final de semana, se multipliquem em Mato Grosso, notadamente visando sustentar o discurso contra-hegemônico, seja no campo da política, seja no campo da informação. Um dos desdobramentos apontados foi o futuro desenvolvimento de oficinas para a capacitação de novos Jornalistas Livres em Mato Grosso.