Principal expressão da mídia alternativa no projeto de integração latino-americana, a teleSUR estreia, na quinta-feira (25), um novo programa, em português. Dirigido ao público brasileiro, o teleSUR Notícias em Português vai ao ar semanalmente, às quintas-feiras, a partir das 16h (horário de Brasília). O canal, idealizado por Hugo Chávez e fundado em 2005, transmitirá o programa através de sua página no Facebook, em parceria com o Brasil de Fato.
“Essa é uma iniciativa importante por duas razões. É essencial romper com esse discurso único dos meios de comunicação do Brasil. E também porque é importante levar para o público brasileiro noticias da América Latina”, explica Fania Rodrigues, uma das apresentadoras do programa. “Atualmente, a teleSUR é o canal de notícias com o maior número de jornalistas correspondentes no continente. Contar com uma equipe assim para produzir conteúdo em português é um privilégio e uma honra”, acrescenta a jornalista do Brasil de Fato. Além dela, o programa também contará com a apresentadora Michele de Mello e os repórteres Ignacio Lemos, André Vieira e Danay Galletti.
teleSUR le brinda al público de habla portuguesa un noticiero con las presentadoras Fania Rodrigues y Michele de Melo
Exclusivo para dispositivos móviles transmitido a través de Facebook Live este jueves a las 15H00 VEN pic.twitter.com/zkwXg07NLV
— teleSUR TV (@teleSURtv) July 24, 2019
No seu aniversário TeleSUR lança informações em português sobre Brasil, o continente e os povos do mundo. Um pulo nos muros da grande mídia brasileira e uma virada naquele Brasil que tentaram deixar de costas para América Latina. É só chegar no FB da @teleSURtv, amanhã 16h. pic.twitter.com/ljWhq6Y5G1
— Nacho Lemus (@LemusteleSUR) July 24, 2019
Para apresentar a novidade, a teleSUR tem divulgado vídeos e postagens nas redes sociais. Em seu portal, o canal publicou matéria na qual Patricia Villegas, presidenta da teleSUR, reforça a missão de trabalhar, do ponto de vista midiático, a criação e o fortalecimento de uma identidade dos países do sul – “que é geográfico, mas principalmente geopolítico”. De acordo com Villegas, a complexa conjuntura regional é bastante distinta do contexto de fundação da teleSUR. As dificuldades, no entanto, escancaram a importância da existência de iniciativas como o canal, que dá voz aos setores invisibilizados pela mídia hegemônica, denuncia e desmascara as “fake news” dos centros imperialistas, cumprindo o papel de comunicar pela integração regional.
Leia a íntegra da matéria publicada pela teleSUR (tradução de Felipe Bianchi):
14º aniversário da teleSUR: comunicando para a integração, agora em português
Nosso multimeios completa 14 anos com mais um passo rumo à integração: a partir do dia 25 de julho, apresentaremos um noticiário em português dirigido, principalmente, ao Brasil. Há 14 anos, a América Latina e o Caribe passaram a viver um processo de mudança. Era uma época de avanços históricos, quando movimentos populares e progressistas passaram a governar com um objetivo em comum: trabalhar pela construção de uma cidadania latino-americana e caribenha, a Pátria Grande. A teleSUR nasce como parte desta luta, um meio de comunicação para mostrar as histórias que conectam os povos do sul global, um jornalismo local com impacto global. Este horizonte segue vigente.
“A teleSUR surge porque a voz do trabalhador é tão valiosa quanto a voz do empresário. O que ocorre é que grande parte dos meios de comunicação privilegiam apenas a voz do poder político e econômico”, expressou a presidenta do canal, Patricia Villegas. No marco de seu 14º aniversário, a teleSUR soma um novo idioma às suas telas: além do espanhol e do inglês, agora, também, o português.
teleSUR Notícias em português
No dia 25 de julho de 2019, às 15 horas (Caracas) ou 16 horas (Brasília), a teleSUR retoma a produção de conteúdo noticioso original para o público de língua portuguesa. Este projeto é uma forma de integrar o Brasil, gigante da América do Sul, à teleSUR, oferecendo conteúdo com uma perspectiva distinta aos meios que monopolizam a informação.
Trata-se de um produto dirigido a dispositivos móveis, em formato vertical, que será veiculado via Facebook Live. “Queremos voltar a nos comunicar com nossos usuários em português, fundamentalmente os do Brasil, e também vamos fazê-lo através de uma das redes sociais com maior impacto neste país: o Whatsapp”, contou a presidenta do canal.
Comunicar para a integração
O contexto político tem variado neste período de 14 anos, com a direita voltando ao poder em países como o Brasil, a Argentina e o Equador. Ainda assim, a teleSUR não titubeia em seguir firme na missão de comunicar a favor da integração regional e de uma Pátria Grande que fale com voz própria.
Em junho de 2016, o governo argentino de Mauricio Macri excluiu o sinal da teleSUR da Televisión Digital Abierta (TDA). No entanto, a teleSUR continua presente em 60% do território deste país; o público argentino é o quarto colocado no ranking de acessos ao portal e às redes sociais do multimeios.
Os mecanismos de integração impulsionados pelos governos progressistas anteriores foram mudando seu rumo. O cenário constitui um maior desafio para a teleSUR, mas também eleva a importância de que existam plataformas como ela. “A teleSUR vem crescendo, mesmo com a complexidade que vivem Venezuela e Cuba, dois de seus principais sócios e acionistas, e mesmo com o complexo momento pelo qual passa o projeto de integração regional”, salienta Villegas.
Mesmo com o peso da conjuntura regional, a teleSUR segue em expansão e em formação de alianças com meios de comunicação de todo o mundo. “Com a China, a teleSUR realiza um programa mensal de cultura. Temos parceria com Al mayadeen, no mundo árabe, além do canal russo RT en Español. Há, também, parcerias com meios públicos de todo o continente e fazemos parte de mais de 400 organizações populares aglomeradas no sentido de produzir conteúdos próprios”, acrescenta a presidenta.
Venezuela e as fake news
A sede principal da teleSUR está localizada em Caracas, capital da Venezuela. Por isso, as câmeras e os jornalistas da casa ocupam a linha de frente em todos os acontecimentos do país, incluindo tudo o que vira notícia na mídia internacional. Trabalha-se, sobretudo, para demonstrar as fake news (notícias falsas) que se constróem ao redor de tudo o que se passa no país.
Estar no olho do furacão também significa ser outra vítima do bloqueio e das sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela. “Não é uma realidade apenas de agora, deste ano de 2019. Temos enfrentado dificuldades para tornar viável a nossa operação há cerca de cinco anos. Resistimos, com a conviccção dos trabalhadores da teleSUR, espalhados pelo mundo, para que não deixemos nos bloquear”, destacou Villegas.
Em 2019, pode-se destacar dois eventos de grande relevância internacional que ocorreram na Venezuela e foram tergiversados pela narrativa hegemônica:
1) Os caminhões com suposta ajuda humanitária: em fevereiro, circulou pelo mundo as imagens de um caminhão, supostamente carregando alimentos da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), incendiado na fronteira entre Colômbia e Venezuela. A imprensa internacional apressou-se em culpar a Guarda Nacional Bolivariana. A realidade mostrou, porém, que o caminhão foi queimado por manifestantes opositores, algo que a teleSUR mostrou desde o princípio. “Nós estávamos ali e dissemos, desde o primeiro momento, o que estava acontecendo. Mesmo assim, foi criada uma grande mentira global. Semanas depois, vários meios de comunicação estrangeiros, para não continuarem a arriscar seu prestígio, passaram a desmentir a própria versão que propagaram”, recorda Villegas.
2) Golpe de Estado de 30 de abril: o grande levantamento miltar contra o governo do presidente Nicolás Maduro foi totalmente desmontado por imagens ao vivo da teleSUR. A Base Aérea de La Carlota nunca foi tomada, como alardearam. “Se olharmos em perspectiva, isso é o que temos feito ao longo desses 14 anos”, afirma a presidenta do canal.
teleSUR em inglês: aproximar a África do Caribe
A iniciativa nasceu na América Latina, mas a sua projeção mira todo o sul global. Este sul não é apenas geográfico. É, também, geopolítico. Por esta razão, é necessário falar inglês aos habitantes caribenhos e aos povos africanos para que esses também se vejam representados e integrados em nossa programação.
Foi assim que nasceu a teleSUR English, para contar as histórias que entrelaçam a América Latina, a África e o Caribe. “É a primeira vez que um canal latino-americano chega até a África com conteúdos próprios”, destaca Villegas.
A chefa do Departamento Multimídia da teleSUR Inglés, Tatiana Rojas, explica que o propósito está em acordo com princípios funcionais: “Mostrar essas histórias similares, distintas e autênticas dos povos permitem construir a identidade do sul global”. “Os países da África, América Latina e Caribe foram colocados no lugar de países exportadores de matéria prima e importadores de produtos processados pelos centros imperiais. Nos impuseram este jugo e nos podaram a soberania. A luta contra essa condição deve ocorrer em diversos níveis”, opina Rojas. A teleSUR é parte desta batalha desde o ponto de vista comunicacional, com o papel de dar voz aos sem voz. Frente à conjuntura regional, a teleSUR segue com o mesmo objetivo: tornar realidade a integração latino-americana, caribenha e, também, africana. Um bloco unido pela identidade do sul.