21 de novembro de 2024

Search
Close this search box.

Mais de 140 organizações e representantes da sociedade assinam manifesto contra a extinção da EBC

Ajustes podem ser feitos, uma vez que nenhuma área é imune a críticas. Contudo, não se pode confundir a necessidade de aperfeiçoamento com o fim de serviços essenciais à sociedade brasileira”. Mais de 140 organizações e representantes da sociedade civil brasileira lançam uma carta-manifesto contra a extinção da Empresa Brasil de Comunicação, a EBC.

Confira na íntegra abaixo, juntamente com a lista de organizações:

 

CARTA EM DEFESA DA MANUTENÇÃO DA EBC E DA COMUNICAÇÃO PÚBLICA 

 

Entrou na agenda da transição para a gestão de Jair Bolsonaro uma possível extinção ou reestruturação radical da Empresa Brasil de Comunicação. Entre integrantes do governo e no debate público, aparecem argumentos contrários que apontam, por exemplo, questões sobre a necessidade de existência da empresa, sua origem, sua vinculação a um determinado partido e acerca dos níveis de audiência. 

A EBC é uma estrutura que adaptou à Constituição duas estruturas históricas: a Radiobrás e a TVE do Rio de Janeiro, ambas criadas em 1975. Portanto, a história da EBC é antiga, com sua sua contribuição à sociedade há mais de 40 anos. A empresa, e suas antecessoras, passaram pelas mais variadas gestões do Executivo, dos mais distintos partidos. A forma jurídica da EBC, essa sim de 2008, cumpriu o que mandava a Constituição afirmando o sistema público e ajustou as antigas estruturas aos modelos consagrados internacionalmente, como a britânica BBC, a francesa France Televisóns, a italiana Rai e as alemãs ZDF e ARD.

A TV Brasil, mesmo com toda a dificuldade de sinal e falta de investimento em retransmissoras, segundo informações do instituto Kantar Ibope relativas a outubro, foi a 7a emissora aberta mais assistida do Brasil (com crescimento de 64% desde 2016). Além disso, é a única com programação infantil aberta, veiculando 35h semanais.  A Agência Brasil teve 16 milhões de acessos no 1o semestre e distribui conteúdo gratuito para milhares de veículos em todo o país, de portais consagrados a jornais locais. A Radioagência Nacional abastece mais de 4,5 mil estações em todas as regiões com mais de 1 mil conteúdos mensais. A Rádio  Nacional – a mais tradicional emissora brasileira – e a Rádio MEC – a primeira emissora de rádio do país hoje voltada para um público interessado no melhor de nossa música, clássica e popular – se confundem com a própria história do rádio no país. A Rádio Nacional da Amazônia chega aonde nenhum meio de comunicação alcança, enquanto a Rádio Nacional do Alto Solimões cumpre um papel geopolítico central na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru. 

Mas a EBC é mais do que seus veículos públicos. Ela é essencial à comunicação de governo por meio da produção da Voz do Brasil, que leva a todo país informações dos 3 poderes, pelo canal NBR, que transmite pronunciamentos e cerimônias de presidentes e ministros, da publicidade legal, que faz um trabalho de veiculação de balanços e comunicados oficiais da Administração Pública. Assim como Câmara, Senado e Supremo Tribunal Federal possuem suas estruturas, a EBC é a produtora e mantenedora, na forma de serviços, da comunicação de governo. 
 
E o orçamento da empresa é pequeno perto de sua contribuição. Ele vem variando na casa dos R$ 500 milhões. Além disso, a EBC possui receitas próprias e um fundo próprio que acumula cerca de R$ 2 bilhões e poderia mantê-la pelos próximos quatro anos sem gastos do governo federal. Quanto à sua estrutura, ela está longe de ser inchada, com pouco mais de dois mil funcionários. Quanto aos salários, em que pese remunerações altas na cúpula e nos cargos de gestão, os salários dos trabalhadores concursados estão entre os mais baixos do Executivo Federal.
 
A comunicação pública não é uma invenção de um partido. É uma modalidade existente desde o início do século XX e com papel de destaque nas sociedades mais liberais do mundo. Governos de todas as matizes políticas entenderam que a informação e a pluralidade são princípios importantes e que todo país precisa de estruturas que visem atender o público em toda sua diversidade, uma vez que a mídia comercial possui limites pelo seu modelo de financiamento. Tal relevância e necessidade foram reconhecidos na Carta Magna e são defendidos pelas Nações Unidas por meio de organizações como a Unesco e de suas relatorias para a liberdade de expressão. Da mesma maneira,  aqui no Brasil as emissoras estaduais existem desde 1967 sendo reconhecidas por gestões estaduais das mais variadas orientações políticas.
 
A manutenção da EBC e de seu caráter público, portanto, está ligada ao respeito à própria Constituição. Urge que a classe política faça um debate desapaixonado e apartidário sobre o tema. Ajustes podem ser feitos, uma vez que nenhuma área é imune a críticas. Contudo, não se pode confundir a necessidade de aperfeiçoamento com o fim de serviços essenciais à sociedade brasileira.
 
Subscrevem esta carta as seguintes entidades, redes e pessoas:
 
Entidades nacionais
 
Articulação  Nacional de Agroecologia (ANA)
Articulação  Nacional Mulheres Negras Brasileiras
Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação 
Artigo  19
Associação  Brasileira de Comunicação Pública 
Associação  Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais
Associação  Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong)
Associação  Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política – COMPOLÍTICA
Associação Nacional de Pós-Graduandos
Associação  Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço)
Associação  Brasileira dos Expostos ao Amianto
Associação  Mundial de Rádios Comunitárias
Associação  Mundial de Rádios Comunitárias – Brasil  (AMARC BRASIL) 
Associação  Nacional de Travestis e Transexuais
Brasil  de Fato
Central  Única dos Trabalhadores (CUT)
Centro  de Cultura Luiz Freire
Centro  de Defesa da Vida Herbert de Souza
Centro  de Educação e Assessoramento Popular – CEAP
Centro  de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Centro  Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social – CENDHEC
Ciranda  Internacional da Comunicação Compartilhada
Comissão  Nacional de Ética dos Jornalistas Brasileiros
Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial 
Compas  – Comunicação Compartilhada
Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal
Confederação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino
Conexão  Audio-Visual Centro-Oeste, Norte e Nordeste
Confederação  Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee)
Conselho  Nacional de Igrejas – CONIC
Dom  da Terra AfroLGBTI
FASE  – Solidariedade e Educação
Federação  Interestradual de Trabalhadores em Rádio e TV
Federação  Interestradual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Serviços de  Telecomunicações
Federação Interestradual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – FITEE
Federação  Nacional dos Jornalistas (Fenaj)
Fórum  Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)
Frente  Palestina Livre
Frente Brasil Popular
Frente  Povo sem Medo
Fundação Perseu Abramo
Gabinete  de Assessoria Jurídica às Organizações Populares – GAJOP
Grupo  de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom
Instituto  Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE
Instituto  de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH)
Instituto  Imersão Latina
Internet  Sem Fronteiras – Brasil
Intervozes  – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Justiça  Global
Levante  Popular da Juventude
Movimento  dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
Movimento  dos Trabalhadores Sem Teto
Movimento  Negro Unificado
Núcleo Piratininga de Comunicação
Plataforma  Brasileira de Direitos Humanos – DHESCA Brasil 
Rede  de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA) 
Rede  Feminista de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos
Rede  RadioJor
SOS  Corpo – Instituto Feminista para a Democracia
Soweto  Organização Negra
Terra  de Direitos
União Latina de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura
União Nacional dos Estudantes
União de Negros pela Igualdade
 
 

Entidades regionais, estaduais e locais

Sindicato dos Servidores da Saúde Pública do Paraná
Frente Paranaense contra a Privatização da Saúde
Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo
Sindicato dos Bancários do Espírito Santo
Sindicato dos Servidores do IFCE
Sindicato dos Bancários de Londrina e Região
Movimento TF Livre
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação Pública do Pará
Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul
Sindicato dos Jornalistas do Estado do Paraná
Sindicato dos Servidores Federais no Maranhão (Sindisep-MA)
Associação  Baiana de Radiodifusão Comunitária
Associação  Brasileira de Rádios Comunitárias – Abraço 
Associação  Maranhense de Travestis e Transexuais
Associação  Paranaense da Parada da Diversidade – APPAD
Central Única dos Trabalhadores – CUT/RJ
Centro  de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECA Ceará
Centro  de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá
Coletivo  de Jornalistas Sindicato é Pra Lutar São Paulo
Comissão de Jornalistas para a Igualdade Racial / AL
Comissão de Jornalistas para a Igualdade Racial / DF
Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial / RJ
Comissão  Estadual dos Blogueiros Progressistas, Ativistas Digitais e Coletivos de  Mídia de São Paulo 
Comitê  do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação -BA
Comitê  do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação -DF
Comitê  Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno
Congregação  da Faculdade de Comunicação-UFBA
Departamento  de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo
Escola  de Comunicação-UFRJ
Fórum  de Ciência e Cultura-UFRJ
FÓRUM  DE MULHERES NEGRAS DO DF E ENTORNO
Fórum  Pernambucano de Comunicação (FOPECOM)
Frente  Paranaense pelo Direito à comunicação e Liberdade de Expressão (Frentex-PR)
Grupo  Cactos, Gênero  e Comunicação em Paulista-PE  
Grupo  de Pesquisa em Políticas e Economia da Comunicação e da Informação- PEIC-UFRJ
INSTITUTO  COMUNIDADE PRAIA VERDE (COPRAV)
Instituto  de Estudos Socioeconômicos – INESC
Laboratório de Políticas de Comunicação (LaPCom) da Universidade de Brasília
Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul
N’Zinga  Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte
Observatório  da Mídia/UFES
Observatório  de Comunicação Pública da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS
Odara  Instituto da Mulher Negra da Bahia
Pontão de Cultura Digital da Escola de Comunicação- UFRJ
Programa de Pós-Graduação em Comunicação da FACOM-UFBA
Programa de Pós-graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal  do Espírito Santo (PósCom-Ufes)
Sindicato  dos Jornalistas do DF
Sindicato  dos Jornalistas no Estado de São Paulo
Sindicato  dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais
Sindicato  dos Jornalistas Profissionais do Estado do Ceará
Sindicato  dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná
Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Norte
Sindicato  dos Professores do DF (SINPRO-DF)
Sindicato  dos Radialis do DF
Sindicato  dos Radialistas no Estado de São Paulo
Sinpro  Minas
Sociedade  Civil Acaua
Sociedade  Maranhense de Direitos Humanos – SMDH
Sociedade  Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SPDDH
 

Pessoas

Tereza Cruvinel – ex-presidente da EBC
Nelson Breve – ex-presidente da EBC
Padre Júlio Lancellotti
Aderbal Freire Filho – dramaturgo
 
Ex-INTEGRANTES do Conselho Curador da EBC: 
 
Rita Freire – ex-presidenta
Ana Luiza Fleck Saibro – ex-presidenta
Ima Vieira – ex-presidenta
Daniel Aarão Reis 
Isaias Dias 
Joel Zito Araújo 
Murilo César Ramos 
Venicio A. de Lima
Akemi Nitahara 
Guilherme Strozi 
Rosane Bertotti 
Eliane Gonçalves
Sergio Miletto